Saúde e Bem-Estar

Cecília Aimée Brandão, especial para a Gazeta do Povo

Quando as costas travam, relaxante muscular pode trazer mais complicações

Cecília Aimée Brandão, especial para a Gazeta do Povo
26/04/2019 08:00
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Esta sensação de travamento tem a ver com a perda de mobilidade e que, na verdade, é uma defesa do corpo. Foto: Bigstock.

Em algum momento da vida, a maioria das pessoas passará por esta situação: travar as costas. Um movimento errado, um peso a mais carregado, horas sem uma postura correta e a chance de uma lesão aumenta consideravelmente.
Mas o que acontece quando “travamos”? O ortopedista especialista em coluna, Ed Marcelo Zaninelli, explica que esta sensação de travamento tem a ver com a perda de mobilidade e que, na verdade, é uma defesa do corpo.

“Quando o cérebro percebe que aconteceu algo errado na coluna vertebral manda sinais para a musculatura ficar parada, a fim de evitar uma lesão grave. É uma contratura muscular intensa, involuntária e controlada pelo cérebro, como uma grande defesa do organismo”, esclarece o ortopedista.

O educador físico da Clinipam, Diego Mariano, explica que a maioria dos casos ocorre quando se levanta um objeto pesado com uma postura inadequada ou quando se permanece muito tempo em uma mesma posição, sobrecarregando grupos musculares específicos.

“Na coluna temos uma estrutura complexa com vértebras, discos vertebrais, nervos e músculos. Quando qualquer uma dessas estruturas entra em desequilíbrio, pode acarretar um processo de dor e perda de movimentos – o chamado travamento”, explica o educador físico da Clinipam, Diego Mariano.

Geralmente, os movimentos de torção associados à flexão do tronco podem lesionar os discos e a orientação médica é a de que seja evitado o uso de medicamentos relaxantes musculares.

“Quando se lesiona um disco, a musculatura em volta trava justamente para evitar que a pessoa continue movimentando e, consequentemente, aumente a lesão. Ao tomar um relaxante muscular, é retirada a defesa natural do corpo, trazendo maior risco de complicações”, explica o ortopedista Ed Marcelo.

Em casos de muita dor, é preferível o uso de analgésicos. “Com repouso da região, o próprio corpo trata a lesão e destrava sozinho com o tempo, que pode ser de duas semanas a dois meses. Mas, em geral, dois ou três dias são suficientes para sentir uma melhora”, completa.
O importante é ter consciência da lesão e seguir o repouso. “Nunca brigue com seu corpo. Se ele travou, não é hora de exercitar. Na dúvida, sempre consultar um especialista é o mais seguro”, alerta o ortopedista Ed Marcelo.
O médico também explica que uma cirurgia na coluna é indicada para menos de 20% dos casos de dores fortes. “Espere a crise passar e avalie com seu médico os melhores tratamentos e formas de prevenir novas crises. A hora de decidir é quando o paciente está sem dor”, esclarece.

Sinais de alerta

O principal sinal de que algo mais grave aconteceu é a irradiação da dor para uma ou ambas as pernas, pela parte posterior da coxa. “Amortecimento e perda de força dos membros devem ser avaliados imediatamente por um especialista”, alerta o médico.

Em hipótese alguma deve-se recorrer a massagens ou estaladas nas costas, “o travamento pode estar relacionado a uma lesão já instalada e essas práticas podem agravar o quadro”, alerta o educador físico da Clinipam, Diego Mariano.

Como prevenir

A melhor prevenção para que não ocorram estes tipos de acidente é fazer exercício físico regularmente. Cuidados com a postura em todos os momentos, especialmente na hora de carregar peso, são fundamentais, além de estar em dia com a balança.
Em geral, exercícios que priorizem o fortalecimento dos músculos do core (que ficam a redor do tronco na linha da coluna lombar), previnem boa parte dos travamentos. “Pilates, funcional, alongamento e musculação, quando bem orientados, são ótimas opções”, conclui o médico.
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