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A herança genética é a base para se desenvolver alergias em graus variados de gravidade. Foto: Bigstock
A herança genética é a base para se desenvolver alergias em graus variados de gravidade. Foto: Bigstock| Foto:

As alergias são inimigas íntimas de muita gente. Elas são caracterizadas por uma reação anormal e específica do organismo após uma sensibilização por alguma substância estranha que não gera preocupações na maior parte dos indivíduos. Essa resposta exagerada do sistema imunológico, que causa reações de hipersensibilidade, é mais comum em pacientes geneticamente predispostos a reagir diante de agentes como ácaros, fungos, insetos, alimentos, medicamentos, pólen e animais, por exemplo.

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A herança genética é, portanto, a base para se desenvolver alergias em graus variados de gravidade – de uma irritação menor a uma anafilaxia (uma reação grave, aguda e potencialmente fatal). Estima-se que os processos alérgicos acometam de 10% a 20% da população mundial, com elevado comprometimento da qualidade de vida, o que os tornam um problema de saúde pública.

A médica e diretora da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), Alexandra Sayuri Watanabe, conta que as reações alérgicas podem envolver qualquer parte do corpo. “Porém, são mais prevalentes nas vias respiratórias e na pele”, afirma. Relacionamos aqui as doenças alérgicas mais comuns e que atingem pessoas em diferentes idades – de crianças a idosos.

Alergias respiratórias

Sick woman with flu or cold sneezing into handkerchief at home - retro style
Sick woman with flu or cold sneezing into handkerchief at home - retro style

São doenças inflamatórias crônicas que acometem as vias respiratórias. Asma e rinite são as mais comuns e se manifestam através de sintomas bem típicos. Dados da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia apontam que, no Brasil, há cerca de 20 milhões de asmáticos. No mundo, são 300 milhões, o que torna a asma uma das doenças crônicas mais prevalentes.

Ela se caracteriza pela inflamação crônica das vias aéreas, que ficam mais estreitas e causam dificuldade respiratória. Esse estreitamento pode ser revertido de forma espontânea ou com o uso de medicamentos.

Os sintomas mais comuns são falta de ar, tosse, chiado e sensação de aperto no peito, que surgem durante crises provocadas por, entre outros motivos, reações alérgicas.

“Os principais fatores desencadeantes são a fumaça do cigarro, produtos químicos, aeroalérgenos como pólen, esporos de fungos e partículas de ácaros, ambientes muito poluídos, infecções respiratórias e poeiras orgânicas.

Restos alimentares em móveis como sofás, mesas e camas também representam perigo para os portadores da doença, pois os ácaros são atraídos por migalhas de comida”, diz o pediatra do Hospital Pequeno Príncipe, Nilton Kiesel Filho. Segundo ele, evitar o contato com produtos de higiene e limpeza com odores fortes, ventilar bem os ambientes, não deixar acumular pó em tapetes, cobertas e bichos de pelúcia e sair de casa em dias de limpeza e faxina são atitudes que controlam o desencadeamento de crises de asma, especialmente em crianças.

A rinite alérgica, por sua vez, se manifesta através de coriza, congestão nasal, coceira em nariz, olhos, garganta e ouvidos, espirros repetidos e olhos avermelhados e irritados.

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Crises de rinite muito frequentes podem levar a outras complicações, como infecções (sinusite, amigdalites, faringites e otites, por exemplo) que devem ser controladas com antibióticos. A rinite alérgica é diagnosticada a partir de uma avaliação do histórico pessoal e familiar, além da análise de outros achados no exame físico. Testes alérgicos realizados na pele ou no sangue ajudam a determinar o diagnóstico. “Controlar os ácaros e a poeira nos ambientes onde vive a pessoa alérgica, é essencial para o alívio e controle das crises”, continua o pediatra.

Alergias dermatológicas

Close up of an itchy urticaria on woman leg
Close up of an itchy urticaria on woman leg

Na pele, as lesões são em forma de placas avermelhadas, com coceira intensa, localização variável e curta duração. Em urticárias agudas ou crônicas, a identificação da causa que originou o problema é feita com base na história clínica do paciente e em exames complementares.

“A maior novidade no tratamento da urticária crônica é o omalizumabe, um anticorpo monoclonal anti-IgE, que diminui a ativação da célula responsável pela liberação de histamina, a principal substância relacionada aos sintomas da urticária. Ele é indicado a todos os pacientes que não respondem a doses altas de anti-histamínicos, e tem uma eficácia maior que 70%, com poucos efeitos colaterais significativos”, diz o médico alergista e imunologista Luís Felipe Ensina, da ASBAI.

Alergias alimentares

Little boy with dairy allergy holding glass of milk on color background
Little boy with dairy allergy holding glass of milk on color background

A maior parte dos casos de reações adversas aos alimentos é de origem não alérgica, como é o caso das reações tóxicas e das intolerâncias alimentares. Para se caracterizar como uma alergia alimentar, é preciso o envolvimento do sistema imunológico, que responde de forma exagerada contra constituintes dos alimentos, independentemente da quantidade consumida.

A alergia alimentar se manifesta na pele, no aparelho gastrointestinal e como anafilaxia. Muitos alimentos são capazes de causar reações alérgica, a exemplo do leite de vaca, ovo, amendoim, soja, nozes, peixes e frutos do mar (um grupo de alimentos que, segundo a ASBAI, estão entre aqueles que mais causam alergia, mesmo em pessoas que nunca apresentaram alguma reação anterior). Nesse tipo, é importante alertar que alergia ao leite é diferente de intolerância à lactose.

Alergia medicamentosa

Dermatology allergy and health problem. Young female scratching her itchy arm with allergy rash
Dermatology allergy and health problem. Young female scratching her itchy arm with allergy rash

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), uma reação adversa a um medicamento é “qualquer efeito nocivo, não intencional e indesejado de uma droga, observado nas doses terapêuticas habituais em seres humanos para fins terapêuticos, profiláticos ou diagnósticos”. Nesse caso, o sistema imunológico interpreta o medicamento como uma substância estranha e capaz de gerar algum dano, atacando-a. “Medicamentos usados sem orientação médica são os que mais causam alergias”, afirma Luís Felipe.

Quais os sintomas?

Cada tipo de alergia é responsável pela manifestação de sintomas específicos, em diferentes partes do corpo – dos seios nasais ao sistema digestivo. A Mayo Clinic, uma organização sem fins lucrativos da área de serviços médicos e de pesquisas médico-hospitalares localizada nos Estados Unidos, relacionou os principais sintomas em diferentes tipos de alergias.

Segundo a organização, quem sofre de rinite alérgica pode ter espirros, nariz escorrendo e entupido e olhos lacrimejantes e avermelhados. A alergia alimentar pode causar inchaço nos lábios, rosto, garganta e língua, além de urticária, formigamento na boca e, em casos mais graves, anafilaxia. Uma alergia a picadas de insetos, bastante comum entre as crianças, se revela através de edema no local afetado, coceira no corpo, tosse, aperto no peito e também anafilaxia.

A alergia a medicamentos pode apresentar urticária, comichão, rash, erupção cutânea, edema facial, chiado e anafilaxia. Qualquer pessoa que apresentar sintomas de alergia deve buscar auxílio médico especializado (alergista ou imunologista).

Se as manifestações forem graves, deve-se buscar atendimento em um serviço de emergência. Alguns dos sintomas graves incluem falta de ar, edema de glote (garganta “fechada”) e inchaço nos lábios e olhos.

Identifique os vilões e fique longe deles

Pimenta é um dos alimentos que podem desencadear crises de rinite. Foto: Bigstock.
Pimenta é um dos alimentos que podem desencadear crises de rinite. Foto: Bigstock.

Para quem sofre com alergias respiratórias, basta o mínimo contato com alguns agentes desencadeadores de crises. Entenda o mecanismo de cada um, facilmente encontrados no dia a dia.

Ácaros

Os ácaros são os principais responsáveis pelos sintomas de alergia respiratória. Não visíveis a olho nu, suas fezes representam o maior grau de alergenicidade do ácaro, que se alimenta de pele descamada e outras substâncias ricas em proteína. Seu desenvolvimento acontece em lugares com muito pó, pouca luminosidade e umidade maior que 50%. São encontrados com frequência em colchões, travesseiros, tapetes e brinquedos de pelúcia.

Fungos

Eles estão em suspensão no ar e em ambientes fechados como sótãos, porões e armários, mas podem aparecer também em banheiros, cozinhas, nos rejuntes de azulejos, em aparelhos de ar condicionado sem a devida manutenção, colchões, travesseiros e em locais quentes e mal ventilados. Os fungos gostam de umidade, o que explica sua abundância em regiões próximas ao mar. Todo local com umidade elevada e poeira pode ser uma ótima oportunidade para a instalação de fungos.

Animais

Ao contrário do que muitos pensam, não são os pelos dos bichinhos que causam diretamente alergia em pessoas predispostas, mas as proteínas da saliva e urina grudadas na pelagem.

Pólen

Pólens são grãos microscópicos responsáveis pela fecundação e consequentemente desenvolvimento das plantas. No período de polinização, o pólen de determinadas espécies é levado pelo ar, causando alergia respiratória por inalação. Esse tipo de alergia é mais frequente em algumas regiões da Europa, Argentina, Estados Unidos e nos estados da região sul do Brasil.

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