Saúde e Bem-Estar

Cecília Aimée Brandão, especial para a Gazeta do Povo

Os tipos de anestesia e as reações que você pode ter para cada uma delas

Cecília Aimée Brandão, especial para a Gazeta do Povo
02/03/2019 17:00
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A anestesia varia de acordo com o procedimento e o paciente. Os tipos mais comuns são local, sedação, anestesia geral, bloqueios regionais e bloqueios de neuroeixo. Foto: Bigstock

Ninguém quer passar por uma cirurgia mas, muitas vezes, é mesmo a melhor – ou única – alternativa. E quando isso está prestes a acontecer, é importante saber que o paciente vai precisar de uma anestesia. “Temos a missão de dar conforto, controlar a ansiedade e extinguir a dor durante a cirurgia, além de cuidar do paciente nas primeiras horas de recuperação. Ficamos ao seu lado, monitorando todos os dados vitais”, explica a médica especialista em anestesiologia, Mariana Costa Moura. Mas o que é preciso levar em conta:

A informação mais importante para quem vai se submeter a uma anestesia é referente ao jejum: “as oito horas sem ingestão de alimentos são necessárias para prevenir uma das complicações potencialmente mais graves da anestesia, que é a broncoaspiração do alimento”.

Quando estamos acordados, temos o reflexo da tosse que impede que o alimento volte do estômago e vá para o pulmão. Sob sedação, esse reflexo não existe e os alvéolos pulmonares podem ser bloqueados, impedindo a respiração. O jejum é fundamental e deve ser feito sob as orientações do médico”, alerta.

Tipos de anestesia

A anestesia varia de acordo com o procedimento e o paciente. “Os tipos mais comuns são local, sedação, anestesia geral, bloqueios regionais e bloqueios de neuroeixo”, explica Matheus Salvalaggio, anestesiologista do Hospital Santa Cruz. A anestesia local é feita diretamente, injetando um anestésico na região que será operada (como a dos dentistas, por exemplo), e é reservada para áreas mais restritas e superficiais, podendo ser aplicada inclusive em clínicas e consultórios. A sedação é uma medicação endovenosa e sua profundidade pode variar desde o paciente estar acordado, porém mais relaxado e sem ansiedade, até um sono profundo. Deve ser feita somente em hospitais para procedimentos curtos, como endoscopias.
Reações como alergias estão entre as mais comuns. Crédito: Bigstock
Reações como alergias estão entre as mais comuns. Crédito: Bigstock
A anestesia geral é a mais ampla de todas, feita por medicação endovenosa ou inalatória e o paciente ficará inconsciente, sem se mover e sem dor. Pode ser usada para cirurgias curtas ou demoradas, para as mais diversas situações, e requer a presença do anestesista até o despertar do paciente. “O monitoramento é necessário por conta das condições fisiológicas, farmacológicas e inerentes à cirurgia, que podem levar a alterações cardíacas, como arritmias. A população em geral tem receio da anestesia por não ter todas as informações sobre os procedimentos. Existe o medo de não acordar após a anestesia, o que de fato acontecia quando ela foi descoberta em 1846 e utilizavam-se altas doses de éter. Atualmente, temos vários fatores que oferecem muito mais segurança ao paciente, como fármacos modernos, infraestrutura dos hospitais e monitores para a vigilância”, explica Matheus.

Outra curiosidade das anestesias é a utilização de fármacos com propriedades hipnóticas, que fazem dormir, ou que provocam amnésia, “mesmo que o paciente tenha condições de responder algumas perguntas, nem sempre vai se lembrar do que aconteceu”, explica o anestesista.

Os bloqueios regionais são anestesias que ficam limitadas aos braços ou pernas, por exemplo, e são feitos por meio de injeção de anestésicos locais nos nervos responsáveis pela dor na região. Podem ser associados à anestesia geral, visando o tratamento da dor no período pós-operatório. Já os chamados bloqueios de neuroeixo são as anestesias chamadas de raquianestesia e peridural, feitas com a injeção de anestésicos locais em espaços específicos localizados na coluna do paciente com o objetivo de anestesiar a região do abdômen, pelve e pernas. A vantagem é que promove uma anestesia mais duradoura com o uso de menos anestésicos.

Reações

Difíceis de prever, as reações alérgicas podem acontecer, “medicamentos anestésicos e também aqueles utilizados durante a cirurgia, como antibióticos, analgésicos e preventivos de náuseas e vômitos, podem causar alergias. Por isso o anestesista, o cirurgião e a equipe de enfermagem estão atentos para tratar esse tipo de complicação”, explica Mariana.
A medicina evoluiu e hoje os efeitos adversos após a cirurgia estão mais controlados, mas é comum “observar ainda muita sonolência e náuseas, efeito de alguns anestésicos ou da própria cirurgia. Mas são aspectos variáveis de acordo com cada paciente e sua predisposição a apresentar esses sintomas”, explica o anestesiologista Matheus. As reações podem ser desde uma pequena vermelhidão na pele até efeitos mais graves, como o choque anafilático, que pode, em alguns casos, levar à morte.
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