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Além da ingestão de carne de maneira moderada, o flexitarianismo prevê a introdução de uma dieta rica em vegetais, cereais integrais e legumes. Foto Bigstock.
Além da ingestão de carne de maneira moderada, o flexitarianismo prevê a introdução de uma dieta rica em vegetais, cereais integrais e legumes. Foto Bigstock.| Foto:

Reduzir a ingestão de carne. Esse é o princípio do flexitarianismo, um movimento que só cresce e que representa uma alternativa mais realista para quem deseja frear o consumo de proteína de origem animal, mas não encontra motivação no vegetarianismo e outras correntes afins. Trata-se do movimento ideal para quem, por exemplo, não faz questão da carne vermelha, mas não abre mão do sushi.

No flexitarianismo, a carne não é simplesmente cortada da dieta e, por isso, ele pode ser entendido como um “vegetarianismo flexível”, sendo um passo para essa mudança de hábito. Além da ingestão de carne de maneira moderada, o movimento prevê a introdução de uma dieta rica em vegetais, cereais integrais e legumes. Porém, como qualquer outra mudança alimentar, requer acompanhamento profissional de início, para que se estabeleça um equilíbrio a partir das quantidades ideais de cada nutriente a ser consumido.

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Muito mais do que um modismo, o flexitarianismo vem endossado pelo fato de que o brasileiro está mais aberto a trocas. Uma pesquisa elaborada e divulgada pelo Iinstituto Datafolha, em 2017, apontou que 63% dos brasileiros desejam reduzir o consumo de carne. “Não dá dúvidas de que uma dieta mais “limpa” é melhor para o organismo”, diz a nutricionista especialista em vegetarianismo Alessandra Luglio, também coordenadora do departamento de saúde e nutrição da SVB. Segundo ela, alimentos de origem animal, principalmente em excesso, são considerados gatilhos para diversas doenças crônicas, alguns tipos de câncer, inflamações, doenças cardiovasculares, entre outras.

A compensação da carne, contudo, deve ser muito bem elaborada, mesmo que ingredientes de origem vegetal sejam mais ricos em vitaminas, minerais, fibras, antioxidantes e compostos bioativos. A quantidade de carne que deverá ser mantida na dieta é algo a ser avaliado individualmente. Porém, um artigo recentemente publicado no prestigiado jornal acadêmico inglês Frontiers in Nutrition, dá uma medida mais exata. Segundo a autora Emma Derbyshire, professora da faculdade de Nutrição da The University of Manchester, para se enquadrar no perfil, o consumo de carne, peixe e ave deve se restringir a, no máximo, três vezes por semana.

Não apenas vilã

Segundo a nutricionista Astrid Pfeiffer, as proteínas encontradas em abundância na carne vermelha são responsáveis pela construção de tecidos musculares e pela condução do oxigênio pelo organismo, promovendo maior clareza mental. Além disso, desempenham funções imunológicas e servem como fonte de energia, garantindo maior resistência a atividades físicas.

“A carne vermelha tem uma quantidade significativa de ferro biodisponível, que evita quadros de anemia. A anemia ferropriva ou deficiência de ferro está relacionada ao déficit cognitivo, ou seja, baixo rendimento escolar e dificuldades de atenção e concentração. Também origina lapsos de memória, cansaço, sonolência e fraqueza. Ela contém todos os aminoácidos essenciais ao corpo humano, além de ser rica em zinco e vitaminas do complexo B. Quando consumida em quantidade adequada e sem exageros, de preferência de gado criado em pastagens naturais e orgânicas, é uma fonte proteica de qualidade indiscutível.”

Tendência

Ainda que não possam ser consideradas vegetarianas (muito menos veganas), as pessoas adeptas ao flexitarianismo são vistas com bons olhos pelas entidades que representam os atuais 30 milhões de brasileiros que aboliram o consumo de carne, segundo o IBOPE em 2018.

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A Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), por exemplo, é a idealizadora da campanha Segunda Sem Carne, considerada a maior do mundo dentro desse propósito, já abraçada por mais de três milhões de brasileiros desde seu lançamento, em 2009. A ideia é estimular pessoas a não consumirem carne às segundas-feiras. A gerente de campanhas da SVB, Monica Buava, lembra que a substituição da proteína animal pela vegetal será cada vez mais frequente. “É o que acreditamos e promovemos em benefício da saúde das pessoas, do meio ambiente e dos animais. É um caminho sem volta”, avalia.

Outra campanha da SVB de igual sucesso é o programa Desafio 21 Dias Sem Carne, também dentro da ideia do flexitarianismo, e que disponibiliza online informações e acompanhamento nutricional para quem procura se adaptar à nova dieta.

 

Benefícios
Confira algumas das principais vantagens da adoção do flexitarianismo como regime alimentar:

• Controla o consumo excessivo de proteínas de origem animal e, por consequência, a ingestão de gorduras nocivas ao organismo
• Potencializa a obtenção de nutrientes variados e novas fontes alimentares graças ao rodízio alimentar
• Aumenta o consumo de frutas, legumes e verduras, estimulando o emagrecimento
• Promove um consumo consciente, contribuindo para a redução do impacto ambiental

 

Substituições ideais

Ainda que só um nutricionista seja capaz de reorganizar refeições e estabelecer a melhor dieta para cada paciente, levando em conta todas as variáveis individuais, quem desejar seguir pelo caminho do flexitarianismo pode e deve incluir os seguintes itens na lista de compras: leguminosas (feijões, grão-de-bico, lentilha, ervilha, amendoim), grãos integrais (arroz, aveia, quinoa, amaranto, painço), hortaliças verde-escuras (acelga, espinafre, couve), frutas e legumes variados, oleaginosas (amêndoas, castanhas, nozes), sementes (abóbora, girassol), tofu, cogumelos, leites e queijos vegetais. É importante lembrar que o sucesso de uma dieta depende da qualidade e da quantidade dos alimentos consumidos, tornando-a adequada ou não do ponto de vista nutricional.

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