Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Comer pinhão na hora certa evita indigestão e problemas gástricos

Amanda Milléo
14/07/2019 08:00
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Alimento rico em fibras, as propriedades nutricionais do pinhão nem sempre são conhecidas do público (Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo) | Leticia Akemi

A cena é bastante comum aos moradores do Sul do Brasil nas estações mais frias: ao chegar em casa no fim do dia,  a panela de pressão já está chiando no fogão. Dentro dela, cozinham as sementes da Araucária, árvore símbolo do estado do Paraná, ou o pinhão.
Incluir esse alimento nas refeições do fim do dia não influencia a saúde, à princípio. O problema maior está na quantidade de sementes que a pessoa ingere à noite — o que nem sempre se resume a um punhado ou uma xícara.

Por ser rico em fibras e em amido (o pinhão é, praticamente, todo carboidrato), ingeri-lo em exagero pode levar à sensação de estufamento, e além de demorar na digestão, atrapalha o sono. 

“Essa recomendação de não comer à noite é um pouco de mito, visto que não há qualquer contra-indicação. Claro que, se a pessoa comer muito, e muita gente come muito, pode ser indigesto. Mas pode tomar uma sopa de pinhão à noite, ou trocar outro carboidrato pelo pinhão”, explica Simone Biesek, nutricionista e professora coordenadora adjunta do curso de Nutrição semi-presencial da Universidade Positivo.
A quantidade indicada varia conforme a pessoa. Se fizer exercícios físicos regulares, por exemplo, incluir um punhado a mais de pinhão não leva ao ganho de peso. Agora, se além do sedentarismo, a pessoa tiver ingerido outras fontes de carboidrato, como macarrão ou sanduíches, nas outras refeições do dia é melhor reduzir o consumo da semente à noite.

Uma bacia de pinhão à noite, por exemplo, ultrapassa qualquer limite.

“Uma xícara de chá com o pinhão, ou substituir o pão ou um prato de macarrão pelo alimento, seria uma sugestão. É difícil mensurar uma média de consumo, porque varia conforme o nível de atividade física da pessoa, se ela se preocupa com o ganho de peso, entre outros fatores”, explica Biesek.
Na dúvida, inclua o pinhão durante o dia — e sem ultrapassar uma xícara das sementes por vez. “Tem que considerar que o pinhão é rico em carboidrato. Na tabela nutricional, 100g de pinhão contém 42g de carboidrato. Sabemos que metade é amido resistente, que passa direto pelo intestino, mas a outra metade não. Na questão de quanto posso comer, é preciso ver o total de carboidrato consumido ao longo do dia”, reforça Fernanda Gularte, nutricionista da Paraná Clínicas.
Pinhão: rico em fibras, quem come muito à noite pode ter efeitos indesejados (Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo)
Pinhão: rico em fibras, quem come muito à noite pode ter efeitos indesejados (Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo)

Benefícios do pinhão

Praticamente todo carboidrato, o pinhão carrega alguns benefícios de micronutrientes importantes — e nem sempre lembrados pelos consumidores.
Por exemplo, a semente é rica em fibras, que favorecem o trabalho do intestino. “Dependendo da tabela, encontramos que o pinhão oferece entre 7g a 10g de fibras por 100g. Como precisamos consumir entre 25g a 30g, a semente é uma boa fonte de fibras”, diz Fernanda Gularte, nutricionista.
Cálcio, proteína, potássio, magnésio, ferro, vitaminas do complexo B, especialmente a B1, são outros dos micronutrientes oferecidos pelo pinhão. Com isso, a semente ajuda na memória e cognição, e no controle da pressão arterial. Há ainda gorduras consideradas boas, como ômega 6 e ômega 9, que favorecem a redução do colesterol.
O pinhão também tem propriedades antioxidantes. Embora estejam na casca, durante o cozimento elas se transferem à semente. “Não se sabe quanto se aproveita do pinhão assado, até porque é uma semente não muito estudada ou investigada quanto outros alimentos. Mas ele tem propriedades antioxidantes e a pessoa pode congelar por até oito meses”, lembra Simone Biesek, nutricionista.

Atenção diabéticos: pinhão tem baixo índice glicêmico

As fibras que compõem o pinhão colaboram para que ele seja um alimento com baixo índice glicêmico. Isso significa que, quando no organismo, o pinhão não eleva a glicemia (ou o açúcar no sangue) muito rapidamente, favorecendo a manutenção da saciedade por mais tempo.
Quem preferir, pode associar o pinhão a outros alimentos para reduzir ainda mais esse índice, conforme sugere a nutricionista Simone Biesek: “se preparar o pinhão em uma sopa, com uma proteína junto, diminui o índice glicêmico. Se incluir em uma salada, com azeite, reduz também.”

Crianças e pinhão: só com água

Crianças podem consumir pinhão sem problemas, segundo orienta a nutricionista Fernanda Gularte. O problema está em não aumentar o consumo de água, o que pode levar a uma constipação — problema que não se restringe às crianças, conforme lembra a especialista.

“O pinhão tem bastante fibra e, quando aumentamos o consumo, precisamos também tomar mais água. Criança, em geral, não toma muita água e há adultos que também não. Especialmente no inverno, nas estações mais frias. Por isso que o pinhão gera constipação em algumas pessoas, e o benefício da fibra fica comprometido”, reforça Gularte. 

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