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O trio sal, gordura e açúcar é usado largamente pela indústria alimentícia para intensificar o sabor de seus produtos, especialmente os ultraprocessados, como os temperos prontos. Foto: Bigstock
O trio sal, gordura e açúcar é usado largamente pela indústria alimentícia para intensificar o sabor de seus produtos, especialmente os ultraprocessados, como os temperos prontos. Foto: Bigstock| Foto:

Diminuir o tempo de preparo da refeição, mas garantir o sabor caseiro. A promessa dos temperos prontos, que se popularizaram nos anos 1980 no Brasil, soa irresistível. Mas a praticidade tem um preço: boa parte das misturas de tempero em pó, pasta ou em tablete tem um alto teor de sódio, açúcares e gorduras.

Sopas em pó, refeições instantâneas, bebidas como refrigerantes e outros preparos que vêm temperados “de fábrica” também apresentam quantidades excessivas desses componentes. São os ultraprocessados, segundo classificação do Guia Alimentar para a População Brasileira.

O trio sal, gordura e açúcar é usado largamente pela indústria alimentícia para intensificar o sabor de seus produtos, geralmente usando doses bem maiores o recomendado. Uma dieta com alto teor de sal, por exemplo, aumenta o risco de hipertensão, além de “viciar” as papilas gustativas — depois de anos ingerindo temperos prontos, nenhum alimento parecerá ter sal o suficiente, por exemplo.

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Diminuir o uso de temperos prontos e aumentar o uso de especiarias, ervas frescas e ingredientes in natura como alho, cebola, tomate e pimentões são a alternativa mais saudável para temperar. Para ensopados, bases de molhos e sopas, prefira preparar caldos de legumes, de galinha ou de carne em casa. São bases de sabor que requerem mais tempo que abrir um pacote, mas podem ser feitos em grandes quantidades e congelados. Para tempero instantâneo e uma dose de pimenta, aposte em misturas prontas em pó de masalas indianas e pastas de curry tailandesas.

Entenda o que faz com que os principais componentes dos temperos prontos sejam perigosos para a saúde:

Sódio

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a ingestão diária de no máximo 5 gramas de sal, o que equivale a aproximadamente 2 miligramas de sódio. A maioria dos brasileiros, no entanto, consome entre 9 e 12 gramas de sal por dia — às vezes salpicando mais sal em cima da comida, às vezes “por tabela”, por usar temperos prontos ao cozinhar ou ingerir muitos produtos ultraprocessados.

A recomendação da Organização Mundial da Saúde é de consumir, no máximo, 5 gramas de sal por dia. O brasileiro ingere o dobro. Foto: Edi Libedinsky/Unsplash
A recomendação da Organização Mundial da Saúde é de consumir, no máximo, 5 gramas de sal por dia. O brasileiro ingere o dobro. Foto: Edi Libedinsky/Unsplash

Uma dieta com excesso de sódio pode causar retenção de líquidos, desequilíbrios na produção de hormônios da tireoide e aumentar o risco de doenças como hipertensão arterial, infartos, derrames e acidentes vasculares cerebrais.

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Além do sal de cozinha (cloreto de sódio), muitos temperos prontos levam outros sais realçadores de sabor como o glutamato monossódico, inosinato dissódico e guanilato dissódico. Essas substâncias estimulam as papilas gustativas assim como o sal de cozinha, mas têm uma característica a mais: também são fontes de umami, o quinto gosto básico.

Em sua composição, o glutamato monossódico leva menos sódio que o sal de cozinha. Porém, ao intensificar o sabor faz com que a pessoa queira repetir a dose. Por isso há sempre um alerta: se tem glutamato monossódico, é grande a probabilidade de ser um produto ultraprocessado com alto teor de sal, açúcar e gordura.

Açúcares

Nos temperos prontos, o açúcar cumpre a função de equilibrar a acidez, atuar como conservante, conferir textura e, claro, dar mais complexidade ao sabor. A recomendação da OMS é de ingerir no máximo 50 gramas de açúcar por dia, mas a dose é facilmente ultrapassada em uma dieta com produtos ultraprocessados.

O açúcar aparece na formulação de temperos prontos com diversos nomes. Sua função é dar textura, atuar como conservante e equilibrar outros gostos, como o ácido. Foto: Bigstock
O açúcar aparece na formulação de temperos prontos com diversos nomes. Sua função é dar textura, atuar como conservante e equilibrar outros gostos, como o ácido. Foto: Bigstock

Dificilmente se usa açúcar para temperar carnes, mas sua presença é encontrada em temperos prontos para marinadas secas de aves e carnes vermelhas. Fique atento aos nomes: dextrose, glucose de milho, xarope de malte, maltose são alguns dos mais de 20 nomes que o açúcar pode levar.

O açúcar é um carboidrato simples, o que faz com que seja absorvido rapidamente pelo organismo. Esse processo eleva os níveis de açúcar no sangue e gera picos de insulina, o que favorece o acúmulo de gordura e dificulta a perda de peso. O aumento de triglicerídeos e o desenvolvimento de diabetes também está relacionado ao consumo excessivo desse ingrediente.

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Gordura trans

Engana-se quem pensa que a gordura trans é apenas produzida industrialmente. Esse tipo de gordura também é encontrada naturalmente em produtos lácteos e na carne bovina e ovina. Mas os vilões são os óleos parcialmente hidrogenados, como a margarina: os óleos vegetais que passaram por um processo de solidificação.

Criadas para serem alternativas às gorduras naturais como a manteiga, foram popularizadas nos anos 1960 e 1970. À época, não se imaginava que sua ingestão poderia provocar tantos problemas quanto as gorduras saturadas.

O consumo excessivo de gordura trans sobrecarrega o fígado e favorece o aumento do colesterol ruim, o LDL. Foto: Bigstock
O consumo excessivo de gordura trans sobrecarrega o fígado e favorece o aumento do colesterol ruim, o LDL. Foto: Bigstock

Segundo recomendação da OMS, a ingestão diária de gordura trans deve ser limitada a cerca de 2 gramas, valor que representa menos de um 1% de uma dieta padrão, com 2 mil calorias.

A ingestão excessiva de gordura trans favorece o aumento dos níveis do colesterol “ruim” (o LDL) e a diminuição do colesterol “bom” (o HDL), ou seja, aumenta a chance de doenças cardíacas em 21%, além de sobrecarregar o fígado. Também pode favorecer processos inflamatórios no organismo e o risco de obesidade, entupimento de artérias e diabetes.

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