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GAZETA DO POVO, COM INFORMAÇÕES DA ESTADÃO CONTEÚDO

Por que o sarampo voltou depois de anos “extinto”? A culpa está em quem não se vacinou

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30/08/2019 08:00
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"Por que o sarampo voltou?" é uma pergunta que vem gerando muito debate no país. Foto: Bigstock.

A ocorrência de casos de sarampo preocupa autoridades e profissionais da área médica. A Secretaria Municipal de Saúde confirmou a primeira morte por sarampo na cidade de São Paulo em 22 anos. Em todo o Estado, há 2.457 registros confirmados da doença e outros 10.608 casos em investigação.
Em entrevista, Celso Granato, infectologista da Unifesp e do Fleury Medicina e Saúde, falou sobre o assunto. Confira:
A que o senhor atribui os números altos de sarampo em São Paulo e a primeira morte em 22 anos?
Quando começamos a ter um número de casos como há na cidade de São Paulo, invariavelmente, em algum momento, vai morrer alguma pessoa. As pessoas deixaram de ver o sarampo, começaram a achar que não é uma doença tão grave assim. Mas é muito grave, especialmente para pessoas que têm doenças prévias.
Por que há uma concentração tão grande na cidade de São Paulo?
A vacinação estava bem aquém daquilo que deveria ser. O sarampo é muito transmissível.

Uma pessoa contamina, mais ou menos, de 12 a 18 pessoas. Não há nenhuma doença que contamine tanto assim. Quando há menos do que 90% da população vacinada, que é o que estamos vivendo aqui (em São Paulo), a possibilidade de um surto é real.

O senhor atribui isso só à falta de vacinação ou há outros fatores?
É possível — mas são dados bastante precoces e não temos análise científica muito bem estabelecida — (que isso tenha relação com o fato de que) esse vírus sofreu mutação. É possível que quem não tivesse nível alto de produção de anticorpos já estivesse suscetível de novo. É por isso que a secretaria está reforçando a necessidade de se tomar mais uma dose.

Riscos do sarampo

Confira abaixo algumas das dúvidas mais comuns relacionadas ao sarampo e à vacinação, de acordo com informações do Ministério da Saúde, da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná e da médica infectologista Marta Fragoso, do hospital VITA, de Curitiba:
Já tive sarampo, preciso me vacinar? Não. Quem já teve o sarampo no passado não precisa tomar a vacina, a não ser que queira. Isso porque o organismo já desenvolveu uma imunidade natural à doença.
Tomei a vacina, mas depois descobri que já tinha sido vacinado, tem problema? De forma alguma. Você apenas reforçou o seu sistema imunológico.
Tomei a vacina, quais reações posso ter? As vacinas contra o sarampo, tanto a tríplice quanto a tetra, são bastante seguras. Em geral, são raros os casos de reações, mas é possível que a pessoa tenha uma dor no local da aplicação e febre leve.
Quanto tempo depois de tomar a vacina que meu corpo estará protegido? Em geral o sistema imunológico precisa de um tempo até estar bem preparado para proteger o organismo contra o microorganismo. Em geral, esse período é de 15 dias.
Quanto tempo leva até o sarampo mostrar sintomas? Entre 7 a 10 dias é o tempo que se leva até que as lesões na pele e a febre (alguns dos sintomas do sarampo) surjam. Mas é preciso atenção porque três dias antes de surgirem essas lesões e uma semana depois de elas sumirem, a pessoa infectada transmite a doença a quem estiver perto. Quem for diagnosticado com sarampo, portanto, deve manter-se isolado por pelo menos uma semana inteira. Isso significa não entrar em contato com ninguém em risco, seja no trabalho, na escola ou mesmo em casa. Apenas quem foi imunizado ou quem teve a doença pode chegar perto.
Quais sintomas do sarampo? De acordo com dados do Ministério da Saúde, os principais sintomas do sarampo são:

Febre acompanhada de tosse;

Irritação nos olhos;

Nariz escorrendo ou entupido;

Mal-estar intenso;

Manchas vermelhas no rosto e atrás das orelhas tendem a surgir entre três a cinco dias depois dos sintomas acima;

Manchas vermelhas que, do rosto, espalham-se pelo corpo;

Sarampo tem tratamento? Não há tratamento para o sarampo, tendo que esperar a evolução da própria doença. Mas há prevenção, através das vacinas tríplice viral, tetra viral e dupla viral (que protege apenas contra sarampo e rubéola). As vacinas estão disponíveis nas unidades públicas de saúde e em clínicas privadas de vacinação.
Quais as consequências do sarampo? As consequências da doença variam conforme a idade, mas em todo caso são condições importantes e que chamam atenção das autoridades em saúde.
Entre as crianças: Pneumonia;
Otite média aguda;
Encefalite aguda;
Morte.
Entre os adultos: Pneumonia.
Entre as gestantes não vacinadas previamente: Parto prematuro e bebê pode nascer com peso baixo;
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