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Antes e depois do treino, os pesquisadores registraram as imagens cerebrais que permitiam medir a comunicação e as conexões entre as áreas cerebrais. Foto: Bigstock.. Foto: Bigstock
Antes e depois do treino, os pesquisadores registraram as imagens cerebrais que permitiam medir a comunicação e as conexões entre as áreas cerebrais. Foto: Bigstock.. Foto: Bigstock| Foto:

Academia todos os dias, dietas mirabolantes das mais simples até as mais restritivas e nenhum resultado eficaz. “Eu até perdia alguns quilos e chegava ao peso que eu gostaria, mas não conseguia manter a dieta. Na outra semana já recuperava aquele peso e, às vezes, até ganhava mais”, relata a empresária Marta Santos, de 34 anos.

Além de estar acima do peso, a moradora de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, também ficou assustada com o resultado dos seus exames de rotina. “Deu colesterol alto, triglicerídeos acima do normal, problemas de pressão e a médica informou que eu estava a um passo de me tornar diabética. Eu precisava mudar minha alimentação, mas não conseguia”.

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Proprietária de uma lanchonete, ela sempre tinha ao seu redor alimentos rápidos, gordurosos e industrializados. Isso prejudicava a continuidade das dietas que realizava e alterava seu peso. “Eu comia à vontade e depois me esforçava na academia para tentar equilibrar a situação, só que não adiantava nada”.

De acordo com a Patrícia Santiago, doutoranda em Psicologia, a dificuldade relatada por Marta é mais comum do que se imagina, pois – sem perceber – a pessoa utiliza a comida como uma forma de alívio no seu dia a dia e não consegue mudar sozinha.

“O cérebro já está automatizado a agir assim. Então, da mesma forma que você não conta seus passos durante o dia, também não terá consciência a respeito da alimentação e de outros hábitos se não for treinado para isso”, explica a especialista, que atua na área de Psicologia do Emagrecimento.

Segundo ela, é o cérebro – por meio de uma glândula chamada hipófise – que fabrica o hormônio da saciedade para que a pessoa sinta que está satisfeita depois de comer. “Mas estudos indicam que a hipófise fica inflamada em indivíduos obesos, comprometendo a produção desse hormônio e fazendo com que eles não se sintam saciados. Isso pode gerar comportamento compulsivo em relação aos alimentos, uma dependência”, afirma a psicóloga.

O que funciona para fortalecer a musculatura e a saúde? Foto: Bigstock
O que funciona para fortalecer a musculatura e a saúde? Foto: Bigstock

Quem percebe esse comportamento, na maioria das vezes, são familiares e amigos da pessoa que deseja emagrecer. Por isso, é importante ouvir conselhos de quem está ao redor. “Ao invés de sentir-se mal ou discriminado quando alguém lhe disser que você engordou, aceite o comentário como um estímulo para perceber a necessidade do autocuidado”, incentiva Patricia.

As sessões

Esse foi o “empurrãozinho” que levou a empresária Marta até o consultório de psicologia. “Minha personal trainer falou que não adiantava fazer tantos exercícios se eu não controlasse minha alimentação, e me animou a fazer terapia. Na primeira consulta, eu já percebi que conseguiria resultados”, conta Marta. Durante as sessões, ela aprendeu a controlar seu estado emocional e identificar o “tipo de fome” que sentia.

“Muitas vezes eu comia pelo simples prazer instantâneo e por achar que eu merecia aquele presente após um dia estressante de trabalho. Eu já estava saciada e comia mesmo assim. Aí fui controlando isso”.

As primeiras semanas foram difíceis, mas ela permanecia focada nas metas e utilizava as dicas da psicóloga para mudar, aos poucos. “O paciente vai aprendendo a reprogramar o cérebro contra os impulsos naturais que ele tem em relação à comida”, afirma a doutoranda. Aos poucos, o paladar sofre alterações e se torna mais fácil comer alimentos saudáveis. “A terapia ajuda a mudar aquele afeto que a pessoa tem pelos sabores de alimentos gordurosos, com conservantes ou muito doces. É como se ele ensinasse a língua a gostar de novos sabores”, completa.

Dietas em que há restrição de alimentos precisam de ajustes para serem equilibradas. Foto: Maarten Van Den Heuvel/Unsplash.
Dietas em que há restrição de alimentos precisam de ajustes para serem equilibradas. Foto: Maarten Van Den Heuvel/Unsplash.

Nesse processo, Marta sentia dores de cabeça e desconforto. “Foi difícil porque eu estava acostumada com muito açúcar e gordura, mas fui diminuindo gradativamente e, na segunda semana, aquilo que antes era tão prazeroso já não era mais. As sessões foram despertando em mim o gosto por alimentos saudáveis”, relata a empresária, que continuou fazendo exercícios físicos e repetiu os exames de rotina cinco meses após iniciar a terapia. “Todos os exames estão normais e eu ainda perdi peso, passei a ter mais qualidade de sono, disposição e bom humor”, conta.

De acordo com Patricia, a maioria pacientes que sentem dificuldade para emagrecer apresentam melhora significativa somente com a terapia. No entanto, há situações de compulsão alimentar grave em que é necessário o uso de remédios. Nesses casos, o paciente é encaminhado a um médico psiquiatra que indicará a medicação correta.

Dicas para emagrecer

1. Não faça dietas sem o acompanhamento de um profissional, pois elas podem trazer prejuízos à saúde e frustração.

2. Está sentindo “fome”, mas não é hora de comer? Pense no seu estado emocional a fim de verificar se não é apenas uma compulsão. Se a mente estiver desejando aquele prato específico como se apenas ele “matasse” sua fome, essa vontade é emocional.

3. Escolha comer os alimentos que seu corpo precisa e vá diminuindo, aos poucos, a ingestão de açúcar e de comidas gordurosas.

4. Lembre que não é possível fazer dieta a vida toda. Então, busque a mudança de hábitos. 

5. Se tiver dificuldade para trocar os alimentos na sua dieta, não se sinta mal porque você não é o único. Persevere e não tenha medo de procurar um profissional especializado para ajudá-lo nessa caminhada. 

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