Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Por que as cesáreas têm corte horizontal no Brasil e vertical no Japão?

Amanda Milléo
16/06/2017 17:04
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Rotina de exercícios deve ser mantida, com exceção das gestações de alto risco. Foto: Bigstock. (Foto: Bigstock)

Embora ainda seja comum em países como Japão e China, o corte feito na vertical durante o parto cesárea não é mais realizado no Brasil há décadas. Ainda assim, ele teve uma razão de existir. Durante a gestação, o organismo da mulher fica mais propenso à coagulação sanguínea – afinal, a natureza não quer que a mãe sangre demais durante o parto. O corte na vertical sangraria menos, pois corta uma quantidade menor de camadas e seria ideal nos casos em que a coagulação da mulher fosse comprometida.
“No horizontal, corta-se mais camadas e a possibilidade de sangramento é maior. Como antes não se sabia bem como poderia se comportar o organismo da mulher, optava-se por esse corte”, explica Marcos Takimura, médico ginecologista e obstetra, professor das disciplinas de saúde da mulher da Universidade Positivo e professor de obstetrícia ambulatorial na Universidade Federal do Paraná.
Outra explicação, de acordo com Domingos Mantelli, médico ginecologista obstetra que atua em São Paulo, é que antes acreditava-se que o corte na vertical era mais rápido e, em uma cesárea de emergência, o médico conseguiria chegar ao bebê mais rapidamente. “Mas hoje, com as técnicas novas, você consegue fazer uma cesárea na horizontal igualmente rápida, com a mesma agilidade”, explica.
Corte na horizontal apenas por fora
Por mais que os cortes externos, da pele e de camadas de gordura, sejam feitos na horizontal, uma vez “dentro” do corpo o médico segue a direção das fibras – que podem ser cortadas na vertical sem problemas. “O tecido gorduroso é na horizontal, e os músculos você abre na vertical. Então, não tem problema, mantém a estética”, reforça Mantelli.

Quantos tipos de parto existem?

Embora o parto normal e a cesárea sejam os tipos mais conhecidos de trazer o bebê ao mundo, não são os únicos. Saiba mais sobre os diferentes tipos de partos e a indicação de cada um deles:
Parto normal: pela via vaginal, entre a 38ª e a 40ª semana de gestação, sem uso de fórceps ou outro meio para retirar o bebê do canal do parto, mas pode ter intervenções. As contrações são o indicativo de que está na hora de nascer, especialmente quando chegam a cada cinco minutos. A dilatação do colo do útero deve estar em 10 cm, aproximadamente, para o útero empurrar o bebê, com ajuda da força da mãe. Indicação: grávidas sem complicações na gestação. Se for preciso fazer o corte cirúrgico no períneo para ajudar na passagem do bebê, a mãe deve cuidar com a cicatrização.
Cesárea: processo cirúrgico feito através de uma incisão no abdome e na parte inferior do útero, para a retirada do bebê. Após o nascimento, o bebê é avaliado pelo pediatra e a mãe vai à sala de recuperação. Indicação: se houver um impedimento para o parto normal ou se a mulher tiver riscos de hemorragia, descolamento de placenta, problemas de coluna ou quadril, cardiopatias, diabete gestacional ou hipertensão. Quando a mãe não tem dilatação no parto normal, às vezes, é indicada a cesárea. Há riscos de infecção, hemorragia, complicações da anestesia ou mesmo acidentes próprios da cirurgia. A cicatrização também exige atenção das mães.

Cordão enrolado no pescoço, bebê grande demais, mulher pequena ou obesa ou magra demais, ou se há muito ou pouco líquido não são indicações para cesárea, a princípio.

Na água: pode ser usada em duas situações: antes ou durante o nascimento. No período anterior, é muito indicada para relaxar a mulher e ajudá-la na dor das contrações. Pode ser tanto uma imersão na água morna quanto uma ducha de chuveiro. Há quem as defenda para que o bebê faça uma transição mais suave do útero para o mundo. Para as mães, pode haver maior elasticidade do períneo, prevenindo lacerações durante a passagem. Há um risco de desenvolver infecções no bebê, mas é pequeno. Indicação: para mães que estão pensando em parto normal, o uso da água tanto na imersão quanto em forma de ducha podem reduzir as dores e o desconforto, incentivando a evolução do parto. Contraindicado em gestantes com quadros de pré-eclâmpsia. Se a mãe estiver com a bolsa rompida por muito tempo, se o bebê for muito grande ou se a posição que estiver for difícil de nascer, o nascimento na água também pode ser contraindicado. Dentro da água é mais difícil realizar intervenções na mãe ou no bebê, se forem necessárias.
De cócoras/em pé: fazer o parto deitada foge da lógica fisiológica do organismo, pois o canal do parto se fecha, comprimindo a circulação interna da mãe e prejudicando o aporte de oxigênio para o bebê. Quando a gestante fica em pé, na posição de cócoras ou mesmo sentada, a gravidade tende a ajudar, dando espaço para a coluna se ampliar, e o canal do parto se manter aberto. Além disso, o parto vertical impede quedas no ritmo dos batimentos cardíacos do bebê. A grávida sente menor dor e a eficácia da contração é maior, reduzindo o trabalho de parto. Indicação: se a mulher não tiver problema de pressão arterial e se o bebê estiver em uma posição adequada, não há contraindicações.
Leboyer: trata-se mais do ambiente em que o bebê nasce do que do parto em si e segue as diretrizes do parto humanizado. Leboyer, um obstetra francês, preconizava que o parto deveria ser feito em ambiente, de preferência, fora do centro cirúrgico, com pouca luz e sem muito barulho. Depois do nascimento, o bebê era colocado sobre o corpo da mãe, mantendo o contato pele a pele, sem intervenções imediatas, respeitando o momento de vínculo entre os dois. Indicação: para quando a gestação se encaminha tranquilamente, sem nenhum problema cardíaco da mãe.
Parto induzido: uso de medicamentos para iniciar o trabalho de parto, que pode evoluir sem a necessidade de qualquer outra medicação além da inicial. Na maioria dos casos, é feita uma manutenção do soro com ocitocina, regulando as contrações. Em geral é mais doloroso e trabalhoso para a mãe, mas com a chance de terminar em um parto normal, embora não natural. Indicação: para induzir o parto com uso de remédios, deve haver também uma indicação clara, como o surgimento de uma doença ou condição da mãe ou do bebê.
Parto pélvico: quando o bebê decide que vai nascer sentado, há diferentes posições e manobras para facilitar o nascimento. Há estudos que indiquem a posição de quatro apoios para a mãe nesses casos. Se a mãe preferir, há manobras externas, aplicadas por um obstetra experiente, dentro do hospital e em determinadas condições clínicas, que podem ajudar. Indicação: especialmente se esse não for o primeiro parto da mulher, embora para a primeira gestação também não haja impedimentos.
Domiciliar: a recomendação da Organização Mundial da Saúde é que o parto domiciliar seja feito em um espaço onde a mulher se sinta segura, seja na residência ou em casas de parto. Para o auxílio, deve ser montada uma equipe, composta por enfermeiras obstétricas e neonatais, doulas, midwives, pessoas capazes de transferir a mãe para um hospital, se necessário. Mas uma indicação básica e imprescindível é que durante a gestação ou no início do trabalho de parto não tenha ocorrido nenhuma alteração e que seja possível a fácil transferência a um hospital, se for o caso. Indicação: não cabe a todas as gestações. Apenas se não tiver nenhum fator de risco, como pressão alta ou gestação de gêmeos, e com uma equipe capacitada para o parto domiciliar.
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