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Se quem tem fome emocional soubesse lidar com as suas emoções, não precisaria fazer da comida uma ‘muleta’ para seguir em frente. Foto: Bigstock.
Se quem tem fome emocional soubesse lidar com as suas emoções, não precisaria fazer da comida uma ‘muleta’ para seguir em frente. Foto: Bigstock. | Foto:

Quem nunca “afogou” as mágoas na comida? Como na clássica cena de um indivíduo que, ao terminar o relacionamento, se esbalda, sozinho, num pote de sorvete ou numa panela cheia de brigadeiro.

O comportamento de recorrer a alimentos saborosos diante de situações negativas tem nome: trata-se do comer emocional, que é estudado pela psicologia.

Em situações que o ser humano se sente frustrado, triste e deprimido, segundo a psicóloga Simone Marchesini, especialista em transtornos alimentares e obesidade, a tendência é que ele procure alimentos com mais calorias, gorduras e açúcares, são as chamadas “comidas que confortam”, do inglês comfort food.

O comer emocional não é considerado uma doença, explica a psicóloga, é um comportamento adaptativo que algumas pessoas desenvolvem em relação aos alimentos. Segundo ela, este comportamento está mais relacionado a indivíduos com baixo linear de tolerância à frustração.

“Se essas pessoas soubessem lidar com as suas emoções, não precisariam fazer da comida uma ‘muleta’ para seguir em frente”, ressalta.

Desde muito pequena, a estudante Stephanny Mercer encontrou nos alimentos um refúgio para lidar com situações de estresse. “Na escola, sofria bullying por ser a menina ‘gordinha’, então comia bastante para suprir essa minha tristeza. Era um ciclo do qual eu não conseguia sair”, recorda a estudante. “Gostava de comer bastante brigadeiro, outros tipos de doce e coxinha”, completa.

Vontade de comer doces pode estar ligado a mudanças hormonais. Foto: Bigstock.
Vontade de comer doces pode estar ligado a mudanças hormonais. Foto: Bigstock.

Stephanny conta que sempre foi muito ansiosa e que se culpava por não conseguir emagrecer. Diz que não se via como “bonita o suficiente” na adolescência e, por isso, comia para se sentir feliz.

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Há dois anos, então com 100 quilos, ela tomou a decisão de fazer uma cirurgia bariátrica. Hoje, aos 22 anos, a estudante pesa 50 quilos, mas segue fazendo terapia para se conhecer melhor e se aceitar.

“São só cinco minutos de uma necessidade louca por comida. Se eu superar esses cinco minutos, no sexto já vai estar tudo bem”, ensina a estudante. De acordo com Stephanny, o desafio de lidar com os alimentos de uma forma mais saudável ainda existe. É por isso que a estudante continua com acompanhamento psicológico e pratica exercícios físicos todos os dias. “Ainda é difícil controlar a ansiedade, mas eu procuro ocupar minha cabeça para não pensar somente em comida”, afirma.

Lidando com o comer emocional

Segundo a psicóloga Simone Marchesini, os indivíduos que sempre recorrem à comida para conforto emocional precisam buscar ajuda.

“As pessoas ainda têm muito preconceito em relação a procurar uma terapia. Muitas esperam chegar na obesidade ou ter problemas de saúde mais sérios para prestar atenção às próprias emoções”, alerta.

De acordo com ela, a terapia cognitivo comportamental pode ser um bom caminho nessa jornada do autoconhecimento, das pessoas saberem quando estão com fome realmente ou quando estão comendo por tristeza, conhecerem as sensações do seu corpo e aprenderem a lidar com as suas emoções.

Além da terapia, os esportes são eficazes na luta contra o comer emocional. Isso porque, as atividades físicas, assim como a comida, também reforçam o senso de recompensa no cérebro.

Outras alternativas são a meditação e a ioga. Tudo para que a pessoa se sinta bem consigo mesma e saiba lidar com as situações de estresse sem recorrer aos alimentos como conforto.

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