Saúde e Bem-Estar

Carolina Kirchner Furquim, especial para a Gazeta do Povo

Quanto tempo dura cada alimento na geladeira sem risco de intoxicação?

Carolina Kirchner Furquim, especial para a Gazeta do Povo
23/04/2019 10:00
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Alguns dos sinais e sintomas mais comuns relacionados à ingestão de carnes, leite e derivados, frutas, legumes e outros alimentos impróprios são diarreia, cólicas abdominais, náuseas, vômitos e perda do apetite. Foto: Bigstock.

Esquecer alguns alimentos abertos na geladeira e achar que eles estão bons para o consumo apenas porque se mantiveram refrigerados não é algo incomum.
Leite, creme de leite, laticínios em geral, carnes e aves, não importa, todos sofrem deterioração mesmo se armazenados em baixas temperaturas, e têm um certo tempo estimado para o consumo seguro.
Segundo a nutricionista Juliana Muniz, do Serviço de Alimentação do Hospital Sírio-Libanês, o primeiro passo para evitar o consumo impróprio de alimentos é a própria compra no supermercado.

“No momento de comprar qualquer alimento que passou por algum processo industrial, é essencial checar sua data de fabricação e de validade, preferindo sempre os produtos recém-fabricados. É preciso também verificar a integridade da embalagem”, diz ela.

Em se tratando de frutas, saladas, legumes e outros alimentos não industrializados, o que conta é a aparência. “É preciso avaliar se não estão estragados ou amassados. As cascas desses alimentos devem estar sempre íntegras”, reforça Juliana.
Nas carnes embaladas a vácuo, não pode haver bolhas de ar e o consumidor deve ficar atento à aparência e textura, que deve ser lisa e de cor avermelhada no caso de carne bovina. Em se tratando de carne moída, o ideal é que a peça seja escolhida e preparada na hora.

Atenção ao rótulo

Todo fabricante é obrigado, por lei, a seguir normas de rotulagem da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com uma série de identificações, instruções e informações obrigatórias. A rotulagem incorreta ou incompleta pode fazer com que estabelecimentos produtores e distribuidores de alimentos sejam multados e penalizados.
Leite e derivados são alguns dos alimentos responsáveis pela indigestão. Foto: Bigstock
Leite e derivados são alguns dos alimentos responsáveis pela indigestão. Foto: Bigstock
Para o consumidor, além da lista de ingredientes e aditivos, instruções sobre o preparo (quando necessário), dados nutricionais e data de validade, uma das mais importantes informações diz respeito aos cuidados de conservação (que incluem a forma correta de se armazenar o produto fechado e aberto, bem como o tempo máximo de consumo após aberto e/ou refrigerado).

O prazo de validade é uma informação muito bem endossada e, por isso, deve ser respeitado. Ele está relacionado ao período de tempo no qual o produto ainda possui qualidade adequada para o consumo – qualidade essa definida em função de diferentes aspectos, como sensoriais (cor, textura e suculência, por exemplo), tecnológicos (pH e capacidade de retenção de água), nutricionais (quantidade de gordura, perfil dos ácidos graxos, grau de oxidação, entre outros), sanitários (ausência de agentes contagiosos) e resíduos físicos (presença de antibióticos, hormônios, entre outros).

Mais que as informações escritas

Além daquilo que está contido nos rótulos, há maneiras de saber se o alimento ainda está próprio para o consumo. No momento em que se for preparar carnes, legumes e outros alimentos, ou antes de ingerir leite e seus derivados, deve-se observar características como coloração e odor.

“Produtos em processo de decomposição têm alterações de cheiro e cor. Leites, por exemplo, costumam ter um odor azedo. Queijos podem apresentar bolor e as carnes pode ter uma cor esverdeada. Frutas, verduras e legumes ficam com a casca danificada e com pequenos orifícios”, observa Juliana.

Quanto tempo dura cada alimento na geladeira?

Uma vez aberta a embalagem original, perde-se o prazo de validade informado pelo fornecedor. O Sesc, através de suas cartilhas educativas do programa Mesa Brasil – Segurança Alimentar e Nutricional, estabelece a temperatura e tempo máximos de armazenamento de produtos refrigerados, a saber:
• Leite e derivados: 5 dias a 7ºC
• Ovos: 7 dias a 10ºC
• Carnes bovina, suína, aves, entre outras e seus produtos manipulados crus: 3 dias a 4ºC
• Espetos mistos, bife a rolê, carnes empanadas cruas e preparações com carne moída: 2 dias a 4ºC
• Pescados e seus produtos manipulados crus: 3 dias a 2ºC
• Frutas, verduras e legumes sensíveis higienizados fracionados ou descascados, sucos, polpas e caldo de cana: 3 dias a 5ºC
• Outras frutas e legumes : 7 dias a 10ºC
• Produtos de panificação e confeitaria com coberturas e recheios que possuam ingredientes que necessitem de refrigeração: 5 dias a 5ºC
• Frios e embutidos fatiados, picados ou moídos: 3 dias a 4ºC
• Alimentos pós-cocção, exceto pescados : 3 dias a 4ºC
• Pescados pós-cocção: 1 dia a 2ºC
• Sobremesas e outras preparações com laticínio: 3 dias a 4ºC, 2 dias a 4ºC-6ºC e 1 dia a 6ºC-8ºC
• Maionese e misturas de maionese com outros alimentos: 2 dias a 4ºC e 1 dia a 4ºC-6ºC

Consequências

Segundo a nutricionista, alguns dos sinais e sintomas mais comuns relacionados à ingestão de carnes, leite e derivados, frutas, legumes e outros alimentos impróprios são diarreia, cólicas abdominais, náuseas, vômitos e perda do apetite.
Diante da presença desses sintomas é necessário buscar ajuda médica, uma vez que sugerem condições que precisam ser tratadas, como a gastroenterite (inflamação do trato gastrointestinal).
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