Saúde e Bem-Estar

Talita Boros Voitch

Paçoca com substância cancerígena? Veja quais alimentos estão ligados à doença

Talita Boros Voitch
21/03/2017 10:31
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A interdição da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de um lote de paçoca rolha da marca Dicel, por exceder o limite permitido de aflatoxinas, substâncias tóxicas produzidas por fungos que podem causar câncer, reacendeu o debate sobre alimentos que aumentam os riscos de desenvolver a doença. O câncer, claro, não é causado exclusivamente por ingredientes que ingerimos, mas há uma série de produtos que estão ligados de alguma forma ao seu aparecimento e desenvolvimento.
O oncologista Raul Alberto Anselmi Júnior, do Hospital Nossa Senhora das Graças, explica que uma dieta de prevenção ao câncer é aquela rica em alimentos in natura, fibras e livre de gorduras trans. “De qualquer forma, o importante é o equilíbrio. O câncer tem causa multifatorial, mas a obesidade, por exemplo, é a segunda principal causa do câncer, atrás apenas do cigarro”, diz.
No caso da paçoca, a Anvisa detectou teores de aflatoxinas acima do limite permitido. Segundo a agência, produtos fora da especificação não podem ser consumidos pela população. A engenheira de alimentos Keliani Bordin, professora da PUCPR, explica que as aflatoxinas pertencem a um grupo de substâncias tóxicas encontradas em alimentos, chamadas de micotoxinas, que são produzidas por fungos.
“Entre as micotoxinas, as aflatoxinas são as mais tóxicas. O problema de consumir alimentos contaminados é devido ao seu efeito crônico, já que parte delas é ingerida e fica no organismo, podendo desencadear doenças como o câncer”, afirma Keliani, que é doutora em toxicologia. Além de nos derivados de amendoim, as aflatoxinas são toleradas pela Anvisa até determinadas quantidades em produtos que tem como base outros tipos de grãos, como milho, além de castanhas, frutas secas e seus derivados.
Em janeiro deste ano, uma polêmica envolvendo o óleo de palma fez com que a Ferrero, fabricante da Nutella, tivesse que se manifestar sobre o uso do componente no creme de avelã. O problema aconteceu após a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) alertar que o óleo de palma gera um contaminante potencialmente cancerígeno quando refinado a temperaturas superiores a 200 graus Celsius.
Embora a agência não tenha recomendado a suspensão do consumo do óleo de palma ou mesmo da Nutella pela população, a empresa decidiu defender o uso do óleo em uma de suas campanhas publicitárias. Outras substâncias contidas em alimentos industrializados também aumentam os riscos de incidência da doença em pessoas que consomem esses produtos em excesso. Confira quais alimentos encontrados nas prateleiras do supermercado contêm substâncias ligadas ao câncer:
Carnes processadas ou defumadas
Linguiças, salsichas e outros tipos de carnes processadas possuem uma substância chamada nitrito, que em contato com o estômago se transforma em nitrosaminas, capazes de promover mudanças genéticas nas células que podem levar à formação de tumores. O consumo excessivo de carnes processadas está ligado diretamente ao aumento dos casos de câncer de intestino.
Congelados e temperos prontos
Sódio foi a maior causa de câncer na primeira metade do século passado, porque boa parte dos alimentos era conservado no sal. Agora, a maior concentração de sódio está em alimentos congelados e temperos prontos. Em excesso, o sódio pode provocar o aparecimento de câncer do estômago.
Refrigerantes
Além de possuírem muitos conservantes, os refrigerantes também contêm muito açúcar, um dos principais fatores que levam à obesidade, segundo maior fator de risco de câncer, atrás apenas do cigarro. Os refrigerantes diet, por outro lado, possuem tipos de adoçantes que não devem ser consumidos em excesso.
Adoçantes
Ainda não há estudos de longo prazo que comprovem a relação direta dos adoçantes com o câncer, mas os especialistas indicam evitar o uso demasiado desse tipo de substância. Prefira sempre os a base de stevia.

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