Saúde e Bem-Estar

Camila Kosachenco, Agência RBS

Roll-on, aerossol com ou sem perfume: os desodorantes que causam mais alergia

Camila Kosachenco, Agência RBS
17/04/2018 11:53
Temperatura alta, corre-corre do dia a dia e ansiedade podem aumentar o suor e favorecer a colonização de bactérias. O resultado disso é o aparecimento de odores desagradáveis pelo corpo.
Uma das regiões que mais sofrem com o problema são as axilas. Para amenizar o cheiro e até mesmo eliminar o problema – temporariamente ou de vez -, algumas medidas podem ser tomadas.
Ouvimos as dermatologistas Betina Stefanello e Lilia Guadanhim, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), para tirar dúvidas sobre desodorantes. Veja as principais dúvidas:

O que é um antitranspirante?

São produtos que atuam nas glândulas, bloqueando-as e, assim, reduzindo o suor. O responsável por esse efeito é o alumínio, que em concentração acima de 15% já atua barrando o suor. No Brasil, a concentração máxima permitida desse metal é de 35%.

“Mais do que isso, pode causar danos. Estudos mostram o surgimento de problemas hormonais e alguns tipos de câncer e doenças como Alzheimer e Parkinson” alerta Betina.

Normalmente, acrescenta a médica, é possível encontrar ou manipular produtos com até 25% de alumínio.

São todos iguais?

Não. A depender da marca, variam algumas substâncias. Na maioria, há triclosan, que é um antibactericida. Além disso, a quantidade de alumínio também muda.

O que são as versões “clinical”?

A grande diferença é a concentração de alumínio. Betina explica que eles são dermocosméticos e devem ser usados à noite, quando as glândulas estão em repouso.
“Esses derivados do alumínio se depositam nos orifícios das glândulas e as ‘entopem’, diminuindo o suor” explica Lilia Guadanhim.
Ao longo do dia, deve-se dar preferência às versões normais.

Roll-on ou aerossol?

Lilia diz que, teoricamente, todos têm o mesmo efeito. “Mas recomendo os sem contato”.
Embora não haja comprovação científica, Betina diz que, na prática clínica, observa-se mais problemas de alergia relacionados às versões pastosas, em stick ou roll-on.

Com ou sem perfume?

Betina lembra que pessoas com histórico de alergia ou dermatites devem evitar fragrâncias.

Todo mundo precisa usar?

Não é obrigatório, mas, a partir da puberdade, há alteração na composição do suor, o que pode aumentar o odor.
“É mais uma questão de higiene pessoal do que recomendação médica” avalia Lilia.

Há relação desses produtos com o câncer de mama?

Foto: Bigstock.
Foto: Bigstock.
Betina garante que os produtos que estão no mercado são seguros. Apenas aqueles que extrapolam os 35% de alumínio poderiam ter efeitos adversos. Lilia concorda:
“Há estudos que mostram que eles são seguros. Se escuta que o fato de não transpirar geraria o espalhamento do câncer de mama, mas não tem nada a ver. Naturalmente, ele vai para os linfonodos axilares”.

Receitas caseiras funcionam?

Usos do bicarbonato de sódio para a saúde (Foto: Divulgação)
Usos do bicarbonato de sódio para a saúde (Foto: Divulgação)
Frutas cítricas, leite de magnésia, bicarbonato de sódio e por aí vai. Embora a lista de soluções caseiras para combater o odor das axilas seja grande, a eficácia não é comprovada pela ciência. E mais: essas receitinhas servem apenas para segurar o cheiro, ou seja, não seguram o suor.
“O mecanismo é o mesmo: alterar o pH da pele e reduzir a colonização bacteriana, que é o que causa o odor”  fala Lilia. “Já os industrializados contêm substâncias que reduzem o suor” completa.
A médica alerta que é preciso cautela na hora de escolher algum método alternativo. Frutas cítricas, por exemplo, não devem ser utilizadas.

O que fazer em casos de odor ou suor excessivo?

O mais importante é consultar um médico para avaliar as causas do problema. Para reduzir o odor, recomenda-se o uso de substâncias antibacterianas. Já para casos de suor em demasia, há uma série de intervenções.
Uma delas é o uso da toxina botulínica. Feito em consultório, o procedimento pode gerar um leve desconforto, embora a substância seja aplicada com agulha fina na camada mais superficial da pele. A toxina impede a produção de suor. Seu efeito começa a ser percebido entre sete e 15 dias após a aplicação e pode durar até um ano. Também é possível fazer procedimentos cirúrgicos como a simpatectomia, que cauteriza a enervação responsável pelo suor.
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