Saúde e Bem-Estar

Sandrah Guimarães, especial para Gazeta do Povo

Os recipientes que você nunca deve usar no micro-ondas para esquentar a comida

Sandrah Guimarães, especial para Gazeta do Povo
19/02/2019 07:54
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BPA, ftalatos e dioxinas são algumas das principais substâncias presentes em produtos plásticos com potencial cancerígeno (Foto: Bigstock)

Se você tem o costume de esquentar comida no micro-ondas, especialistas indicam:  substitua todos os recipientes plásticos em casa por versões em vidro temperado ou em cerâmica. O aquecimento dos produtos de plástico libera substâncias consideradas pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) como potencialmente cancerígenas, como BPA (Bisfenol A), Ftalatos e Dioxinas. E mesmo que as marcas atestem que seus produtos possam ser levados ao micro-ondas com segurança, não há garantia que isso aconteça.
No meio médico, há consenso que nenhum produto plástico deveria ser aquecido e os argumentos estão embasados em estudos feitos com animais, que mostraram o potencial carcinogênico principalmente do Bisfenol A, ou o BPA. Conforme explica Maikol Kurahashi, médico especialista em Oncologia Clínica, a associação vista entre o contato da substância com o animal e o desenvolvimento da doença impede estudos da mesma natureza em humanos.
“Quando a gente fala dessa questão do plástico, do aquecimento em micro-ondas e do plástico aquecido pela bebida e por alimentos, realmente existe uma cautela muito grande no meio médico. Os testes feitos em animais, principalmente em ratos, demonstraram que algumas dessas substâncias, principalmente o BPA, é cancerígeno no animal”, reforça o especialista, que também é diretor médico da Oncopar e chefe do serviço de Oncologia do hospital Santa Casa, de Curitiba.

“E o BPA nem precisa ser aquecido para ser liberado. Ele pode se liberar mesmo em garrafas PET. Nos Estados Unidos, um estudo demonstrou que 90% das pessoas avaliadas nos testes tinham BPA na urina. A contaminação é muito alta, ocorre até quando a criança leva algum brinquedo à boca.  O ideal é evitar o aquecimento ou utilizar bebidas quentes em copos plásticos. Os serviços de entrega de comida quente em embalagens plásticas também são temerários”, conclui o médico. 

No caso dos ftalatos, usados na composição dos produtos plásticos para deixá-los mais maleáveis, além do potencial cancerígeno (com atuação no fígado, rins e pulmões), há alterações hormonais importantes. Entre as mulheres, pode provocar o aumento das mamas e, entre os homens, das nádegas. A substância também dificulta a biodegradação do plástico.
Presente em qualquer tipo de plástico, de brinquedos a garrafas PET, a dioxina é liberada quando exposta a temperaturas altas, como no aquecimento via micro-ondas. Em contato com o alimento, a substância se acumula no tecido gorduroso dos animais e o potencial cancerígeno é significativo, mesmo quando a pessoa for exposta a baixas doses.
Aquecimento de plástico junto com alimento pode liberar substâncias nocivas à saúde. (Foto: Pixabay)
Aquecimento de plástico junto com alimento pode liberar substâncias nocivas à saúde. (Foto: Pixabay)

Como usar os recipientes plásticos?

O risco no uso de produtos plásticos existe, mas não significa que eles não possam ser usados de vez em quando. Caso não haja possibilidade de substituição, guarde os alimentos nos produtos plásticos. No momento de aquecê-los, porém, substitua a outro recipiente, especialmente em vidro temperado ou cerâmica resistente ao calor.
Da mesma forma, se a ideia for congelar algum alimento, não use os plásticos. O congelamento também pode liberar toxinas.

Isopor? Jamais aqueça ou congele

Embalagens em isopor não são resistentes ao calor e derretem facilmente, misturando ao alimento e prejudicando ainda mais a saúde. Se você tem a mania de usar filmes plásticos para proteger ou cobrir os alimentos, abandone essa prática.
O vapor condensado nos filmes plásticos pode respingar substâncias perigosas na refeição. O mais seguro, conforme orienta Verônica Balsano, nutricionista, é cobrir o alimento com papel toalha, pano de prato ou saco de papel.
Durante o aquecimento, mantenha o recipiente semi-tampado para evitar acidentes com a pressão do vapor d’água.

“Não importa o tipo de plástico. Altas temperaturas fazem com que substâncias químicas sejam liberadas na comida. O filme plástico não é recomendado para aquecer os alimentos no micro-ondas, pois, por ser um plástico, pode conter as substâncias com potencial tóxico em sua composição”, enfatiza a nutricionista.

Aquecimento de plástico junto com alimento pode liberar substâncias nocivas à saúde Cerâmica refratária pode ser usada no micro-ondas sem riscos para a saúde. (Foto: Pixabay)

Plástico Natural 

Amplamente usado na indústria farmacêutica para o revestimento de pílulas e vitaminas, os “plásticos naturais” também poderiam ser incorporados à produção de recipientes para alimentos. Novas pesquisas têm sido desenvolvidas com esse objetivo, visto que os plásticos de origem orgânica não fariam mal à saúde como as versões convencionais.
Algas, colágeno animal, proteína do leite, quitosana, lanolina, resina de árvores e cana-de-açúcar estão entre as matérias primas usadas atualmente e testadas para revestir medicamentos. Muitas plantas também apresentam, em sua estrutura, moléculas capazes de formar redes parecidas com o plástico.
Pesquisas com polímeros das mais variadas fontes têm sido alvo de grande interesse do mercado e há uma tendência mundial por produtos que não causem impacto negativo ao meio ambiente e à saúde.
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