Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Sal rosa do Himalaia pode não ser só sal: como fazer o teste

Amanda Milléo
11/10/2017 12:23
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O sal rosa do himalaia é uma opção mais saudável. Foto: Bigstock

Moda no Brasil e em outros países, o consumo do sal rosa do Himalaia vem ganhando adeptos. Entre ser terapêutico, funcional ou atuar na saúde de quem o consome, um detalhe é certo: o risco de conter contaminantes, como pedaços de sílica, misturados à composição do produto é alto, se for comprado sem certificação.
Outro problema é a presença de componentes não tão naturais no sal rosa do Himalaia. Uma das principais vozes a reforçar essa contaminação é da Conceição Trucom, química por formação e autora de diferentes livros sobre alimentação saudável, funcional e os benefícios do limão.
Através do seu site e das redes sociais, Trucom alerta que o sal rosa do Himalaia seria rico em contaminantes abrasivos, que poderiam atacar negativamente o intestino de crianças e idosos ou pessoas com sensibilidade no trato digestivo.
Como testar
“Eu fiz minha análise e fiquei assustada. Eu, como química, reconheci que não era sal e que estava contaminado com vários elementos, até sílica. Porque é um sal que, mesmo colocando em um copo com água filtrada, não dissolve”, explica Conceição, em entrevista ao Viver Bem. Segundo ela, o sal rosa ainda apresenta outras características incomuns, como o fato de ele não ficar melado depois de um tempo – o que sugere a presença de outros elementos além do sal.
“Eu sugiro para que as pessoas façam o teste em casa e coloquem o sal rosa do Himalaia em um copo de água filtrada. Você vê que, ao fundo, não dissolve. Você sente que é abrasivo”, reforça a química.
A contaminação com outros elementos, segundo a médica nutróloga Marcella Garcez Duarte, pode acontecer durante o trajeto do Himalaia à bancada da cozinha, no Brasil. “O sal rosa é natural. O problema é que na vinda lá do Himalaia para a nossa mesa, dentro de um pote, ele foi processado de alguma maneira. Se chegar muito processado, pode ser contaminado, principalmente se for vendido sem a certificação de órgãos reguladores, como a Anvisa”, explica a especialista.
Contaminação
Sem registro e laudo de qualidade, evite o sal rosa do Himalaia. “Se a pessoa quiser mesmo incluir este sal na dieta, que seja de boa procedência. Observe se tem o registro da Anvisa, do Ministério da Agricultura. Comprar a pedra de sal, como é vendida em feiras livres, sem muito controle, pode ser arriscado”, reforça a nutróloga.
A fama saudável do sal rosa surgiu com a própria origem do produto, natural das montanhas de sal da região do Himalaia, onde alcança os países Índia, China e Paquistão. Incrustado na terra, o mineral teria em sua composição uma maior quantidade de diferentes minerais, como o ferro e o cobre que dão a cor rosa. Isso, no entanto, não foi comprovado em estudos ou pesquisas.
“O sal rosa tem esses minerais, além do sódio, mas estão em uma quantidade pequena, que não servem como fonte. O que ele tem de benéfico é que a quantidade de sódio é pouco menor que o sal comum, mas é uma diferença muito pequena”, explica Marcella Garcez Duarte, médica nutróloga e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia.
Seria uma boa opção, portanto, a um grupo específico de pessoas: quem está tentando adotar novos hábitos de vida, mais saudáveis, e não consegue diminuir a quantidade de sódio consumida. “É um sal mais suave, que não salga tanto. É uma maneira para quem quiser preparar alimentos menos salgados. Põe uma quantidade menor, até desacostumar com aquele sabor salgado”, reforça a médica.
>> 2 g de sal, por dia, equivale a 800mg de sódio – quantidade necessária para o organismo. O brasileiro consome, em média, 12g de sal, seis vezes o valor máximo de sódio indicado para a saúde.