Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Comer a salada no início ou no fim da refeição, o que é mais indicado?

Amanda Milléo
13/02/2019 10:26
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Regra subestimada da alimentação saudável: inclua e coma, sempre, as saladas primeiro (Foto: Bigstock)

Quem busca mudar os hábitos alimentares, mas não sabe por onde começar, deveria seguir a regra: inclua e coma as saladas, sempre, antes da refeição. Não sabe bem como fazer isso? Anote a sequência certa para montar o prato no almoço ou na janta:
  1. Priorize as folhas verdes escuras, como rúcula e agrião. Seja generoso e cubra 1/4 do prato.

  2. Tomate, cenoura, beterraba, chuchu, abobrinha e outros legumes ou pseudofrutas que estiverem disponíveis, inclua e feche também 1/4 do espaço.

  3. Frutas, como abacaxi, manga, melão ou morango também podem entrar.

  4. Depois de tudo, o molho. Preferencialmente, priorize aqueles feitos com azeite, limão, sal ou ervas.

  5. Confirme se metade do prato contém todos esses alimentos antes de seguir a fila do buffet para os pratos quentes.

De nada adianta essa sequência, no entanto, se ao sentar-se a mesa a pessoa começar a se alimentar pela batata frita, pelo bife mal passado ou com a lasanha 4 queijos. As saladas devem sempre vir antes de qualquer outro prato, conforme a dica de saúde elencada no livro autoajuda “Pílulas de bem-estar: 84 lições cientificamente comprovadas para transformar seus hábitos e viver melhor” (ed. Sextante).
De acordo com o autor, o médico Daniel Martins de Barros, comer a salada primeiro faz com que a ilusão do “prato vazio” se desfaça (a tendência faz com que comamos sempre até enxergarmos o fim do prato) e o organismo consegue sentir a saciedade bater mais facilmente. “Para que isso funcione, porém, você precisa firmar um compromisso consigo mesmo: ingerir uma quantidade fixa de salada em todas as refeições antes de partir para o prato principal, ou pelo menos junto com ele, esteja ou não com vontade”, alerta o autor no livro.

A regra é válida?

Para as nutricionistas ouvidas pelo Viver Bem, a regra é mais do que válida, e deveria se transformar em hábito. Conforme lembra Telma Souza Silva Gebara, nutricionista, as pessoas tendem a correr para o restaurante ou cozinha no momento em que sentem mais fome, e isso pode levá-las aos pratos mais calóricos primeiro.

“Para ajudar, as pessoas poderiam desapegar um pouco da salada tradicional. Às vezes é isso que não apetece. Dá para usar frutas, criar molhos não muito calóricos, como o molho de mostarda, de iogurte, ou o próprio molho de limão. Ou já incluir na salada uma proteína, um ovo de codorna, um frango desfiado. Não se prenda à salada de alface e tomate, que pode cansar o paladar”, explica a especialista que também é professora do curso de Nutrição da Universidade Positivo, em Curitiba. 

Fuja do convencional: comer frutas com folhas verdes deixa a salada ainda mais saborosa. Foto: Bigstock.
Se a pessoa desenvolver o hábito de priorizar a salada, os benefícios são muitos, a começar pela digestão. Os vegetais crus, por exemplo, favorecem a liberação de enzimas digestivas, de acordo com Eliane Tagliari, nutricionista clínica funcional. “Folhas amargas, como agrião, rúcula, estimulam o funcionamento do fígado, da vesícula, favorecem a liberação do suco biliar. Claro, a maioria das pessoas não gosta, mas são fontes de magnésio, cálcio e melhores que as folhas mais claras”, reforça.
Legumes crus ou cozidos também são boas fontes de fibras, como cenoura, beterraba, chuchu, batata doce, alcachofra — e nisso colaboram também com o processo digestivo.

Benefícios

Se mesmo tentando não houver jeito de gostar das saladas, agarre-se ao benefícios. Conhecer os pontos positivos em variar a alimentação pode agir como um grande incentivador na mudança alimentar.
“Escuto muito no consultório: eu me obriguei a comer por conhecer o benefício que iria trazer. E, depois, a obrigação se transforma em hábito e logo a pessoa aprende receitas novas e aprende a gostar”, explica Marla Martins, nutricionista do setor de check up do hospital Marcelino Champagnat, de Curitiba.

Suco verde

Quem nunca se deu bem com as saladas — e não vai conseguir inserir as folhas verdes escuras e legumes rapidamente na dieta — comece pelo suco verde. “Tem pessoas com ojeriza e não conseguem comer saladas. Para educar o paladar e criar uma memória gustativa, um bom suco verde de manhã ajuda muito para, no futuro, incluir a salada”, explica Eliane Tagliari, nutricionista clínica funcional.
O ideal, no fim, é sempre provar e achar maneiras que fujam da apresentação original daquele alimento. “Não se come legumes e verduras só em saladas. Existem pratos deliciosos, lasanhas, panquecas, pratos mais elaborados que tornam esse alimento mais apetitoso. Misture com o arroz, faça coisas diferentes, como uma torta. Você receberá os benefícios da mesma maneira”, conclui Telma Gebara, nutricionista.
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