Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Adeus olhos vermelhos

Amanda Milléo
08/06/2014 03:16
A sensação de que um saco de areia foi depositado em seus olhos durante a noite não deixa dúvidas: a secreção que não permite abrir as pálpebras com facilidade e os olhos avermelhados confirmam a conjuntivite. Saber qual é o agente infeccioso é essencial para adaptar o tratamento e determinar o tempo de recuperação e de isolamento, quando necessário.
Segundo a médica Tania Mara Cunha Schaefer, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, o tipo mais comum é a conjuntivite viral, especialmente a ceratoconjuntivite adenoviral, que ocorre principalmente nos inícios das estações e em surtos. Além de afetar os dois olhos, o vírus também pode causar febre e faringite. Em 15 dias, o olho e o restante do organismo voltam ao normal. Como não há um tratamento específico, compressas geladas e lágrimas artificiais ajudam a aliviar o incômodo, normalmente indolor. Também é possível usar lubrificantes sem conservantes e, em alguns casos, anti-inflamatórios não hormonais.
Bactéria
A conjuntivite bacteriana aguda normalmente começa em um olho e, em até dois dias, acomete o segundo. Sentir uma sensibilidade maior na presença de luz pode indicar que o agente causador tem origem bacteriana. Mesmo resolvendo espontaneamente entre 10 a 14 dias, a conjuntivite pode receber um tratamento com antibióticos de amplo espectro para reduzir a possibilidade de complicações. Além disso, os cuidados com a higiene – separar toalhas e outros objetos pessoais – devem ser reforçados.
Alérgica
Algumas alergias se manifestam através das conjuntivites e estão relacionadas a alérgenos conhecidos, como pelos de animais e pólen. Os sintomas são os mesmos, vermelhidão e prurido ocular. Também podem desencadear as crises o uso inadequado de lentes de contato, ambientes poluídos – como o ar condicionado sem manutenção, com alteração na temperatura e umidade relativa do ar – e a poluição atmosférica. De acordo com Denise Atique Gourlat, médica assistente do Setor de Doenças Externas Oculares e Córnea da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a prevenção se dá evitando contato com os fatores alérgicos, enquanto o tratamento vai desde colírios lubrificantes, antialérgicos ou anti-histamínicos, a antialérgicos corticoides, em casos mais graves. A garganta e o nariz também são acometidos nesses casos.
Tratamento
Água boricada?
O uso de água boricada para a limpeza das pálpebras não é recomendado pelos oftalmologistas, apesar de a prática ser comum. “O ácido bórico pode causar alergias, piorando o aspecto dos olhos, enquanto o soro fisiológico, também muito comum, contém sal que irrita bastante a pele”, explica Denise Atique Gourlat.
O uso de corticoides e antibióticos sem prescrição médica também pode ser prejudicial para o tratamento. “Quando a pessoa se automedica corre o risco de mascarar o quadro”, diz Tania Schaefer. A melhor forma de limpar os olhos é usar um algodão molhado em água filtrada ou fervida, mas sempre gelada, que ameniza o incômodo.

Precaução

Evitar coçar os olhos e manter os ambientes de trabalho arejados e higienizados reduzem o risco de contaminação. Limpe teclados e mouses do computador e os celulares.

Imunidade

Baixa imunidade é um fator que aumenta a predisposição. Crianças estão mais predispostas por levarem as mãos aos olhos e por terem o sistema imunológico ainda em desenvolvimento.

Confirme

Olho vermelho nem sempre é sinal de conjuntivite. Outras doenças, mais graves, podem confundir, como a esclerite, glaucoma, uveíte, episclerite e pingueculite. Consulte um oftalmologista!