Saúde e Bem-Estar

Larissa Jedyn

Água pra beber

Larissa Jedyn
22/07/2007 23:07
O que era pra ser insípido agora tem gostinho de limão, tangerina e maçã. Se a versão tradicional era inodora, as novas vêm perfumadas com alguma fragrância frutada. Incolores elas se mantêm, afinal trata-se de água, certo? Fato é que já não são mais só as duas partículas de hidrogênio e uma de oxigênio. Nem mais acrescidas apenas de sais minerais, como as que brotam das fontes naturais. As chamadas águas com sabor – ou “saborizadas” – têm duas opções: uma com gosto de fruta e outras com borbulhas garantidas por doses de gás carbônico.
Elas não são nem água, nem refrigerante. E o impasse fica claro nas gôndolas dos supermercados, que não chegaram ainda a uma conclusão sobre onde colocar o novo produto. Que nem é tão novo assim, afinal em países vizinhos, como a Argentina, as águas com sabor correspondem a 25% de toda água envasada e, na Europa, essa porcentagem chega a 30%. Apesar de estar um pouco atrasado, o Brasil, desde o ano passado, convive com a expansão das indústrias de água com sabor. A questão é saber se elas fazem tão bem à saúde quanto a água tradicional ou se podem servir como substituto mais saudável dos refrigerantes. “Numa escala de consumo ideal, a água vem em primeiro lugar, seguida pela água com sabor (que não tem calorias), sucos, refrigerantes e bebidas mais elaboradas”, garante Luciana Born Lopes Dubiella, nutricionista da empresa de águas Ouro Fino, que tem no mercado a Ouro Fino Plus, com sabor de tangerina e maçã. Na composição, segundo ela, adicionada à água mineral, há aromatizante “idêntico ao natural”, conservantes e adoçante artificial.
Mas o fato de essas águas conterem substâncias artificiais fazem outra parte dos nutricionistas torcerem o nariz. “Elas deixam de ser naturais como a água. O melhor seria tomar água com fruta natural e obter o sabor da fruta ou habituar-se a tomar a água mesmo”, diz a nutricionista Flávia Sguario.
“A água pura hidrata o corpo, faz bem para a pele, realiza o equilíbrio hidro-eletrolítico, regula a temperatura corpórea, o que não acontece – pelo menos não da mesma forma – com outros tipos de bebida”, acrescenta. Ela afirma que quanto mais natural for o alimento, melhor e maior a oferta de nutrientes. “O corpo necessita de nutrientes e não de substâncias artificiais para realizar as suas funções. Não que o uso de produtos artificias não deva ser feito, mas deve haver moderação. Além disso, as águas gaseificadas não são apropriadas para quem tem gastrite, refluxo, hérnia de hiato e distensão abdominal.” Flávia ressalta ainda que adoçantes em excesso fazem mal à saúde e podem causar enxaqueca, inchaço e náuseas.
Defesa
O argumento das empresas é que as águas com sabor – ou os preparados líquidos aromatizados, como dizem os rótulos – ajudam a reforçar o hábito de beber água e substituir bebidas como os refrigerantes. “Esses produtos iniciam um conceito de hidratação enriquecida. Oferecemos desde os produtos mais básicos até a opção para quem quer uma bebida com sabor ou com gás, entrando já na linha dos refrigerantes”, diz Andréa Mota, diretora de marketing de novas bebidas da Coca-Cola Brasil. A marca lançou no mercado as versões Aquarius e Aquarius Fresh com sabor de limão e tangerina. “Há estudos na Universidade de Houston que dizem que a hidratação se dá pelo consumo de qualquer líquido. E mais, que os efeitos são mais benéficos – cerca de 48% – quando a ingestão é feita com prazer”, diz ela.
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