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Ecológico e mais confortável, porém difícil de administrar e até “nojento”: já se falou de tudo sobre os coletores, especialmente na internet. A repórter Eloá Cruz testou o produto e, na sua avaliação, os prós superam os contras. Leia abaixo o depoimento dela: (Foto: Bigstock)

Um copinho anatômico de silicone hipoalergênico e que inibe bactérias: o tão polêmico coletor menstrual. Ao mesmo tempo em que a peça me pareceu ser uma ideia bacana, causou desconforto num primeiro pensamento. Afinal, como é que aquele objeto de aproximadamente oito centímetros poderia se encaixar sem muitos esforços dentro do corpo feminino?

Já tinha ouvido falar dele há alguns anos, mas me parecia uma realidade bem distante. Com o tempo, fiquei sabendo da comercialização do coletor pela internet. E, diante dos meus incômodos mensais com o absorvente, pensei: por que não experimentar? Reconheço que a curiosidade em saber se o copinho funcionava falou muito mais alto que a pegada ecológica (que realmente é admirável) e até mesmo mais que todo o lance econômico.

Vamos lá, o coletor menstrual tem durabilidade de cinco anos e custa, em média, uns R$ 90. Mesmo que o preço seja um pouco salgado, o custo-benefício é muito bom. No período desses cinco anos, uma mulher com fluxo menstrual normal gastaria cerca de R$ 500 em absorventes.

Depois de bem informada, decidi junto com algumas amigas comprar o tal coletor menstrual. “Como esse copinho de ‘plástico’ vai ficar dentro de você? Não acha isso nojento?” – ouvia isso o tempo todo. Ignorei. Não queria julgar o produto antes de testar a eficácia.

Como funciona
O coletor tem o formato de um funil de silicone, maleável o suficiente para você inseri-lo dobrado no canal vaginal, e resistente também para permanecer por lá parado no lugar, sem subir, nem descer, e com zero vazamento. Para colocar, é preciso inseri-lo dobrado bem na entrada da vagina, diferente dos absorventes internos, que ficam mais ao fundo. Ele se abre facilmente quando acomodado e precisa ficar totalmente desdobrado lá dentro. É importante lembrar que meninas virgens podem romper o hímen com o uso.

A primeira colocação é um pouco complicada, só com prática para encaixá-lo no lugar certo logo de início. Mas não é nada muito complexo também. A ansiedade e o nervosismo podem atrapalhar no primeiro uso, e talvez seja interessante encontrar a melhor posição para inserir o coletor com facilidade. Aprender a colocar o copinho é mais ou menos como andar de bicicleta, depois que se encontra a maneira certa, não se esquece. A adaptação requer um pouco de calma, eu demorei dois ciclos para fazer as pazes com o meu copinho.

O que mais assusta mesmo é o tamanho do diâmetro do coletor menstrual. Há coletores de diferentes marcas e tamanhos, mas o diâmetro dele fica próximo dos quatro centímetros. Eu achei que seria muito mais complicada a colocação, pois o absorvente interno tem quase ¼ do tamanho. Pois então, o coletor quando dobrado tem o mesmo diâmetro do absorvente interno (o que facilita muito).

Mas, por incrível que pareça, o coletor menstrual é muito mais confortável. Lembro bem o quanto incomodava um absorvente interno mal colocado. A haste no final do copinho pode ser cortada conforme a necessidade. É confortável porque ele se ajusta bem ao corpo feminino de tal maneira que a gente até esquece que está menstruada. Também existe o fato dele não absorver a lubrificação natural da vagina, o que é muito bom para a saúde da região íntima feminina.

Limpeza
Antes de usar eu imaginava: como é que vou fazer a limpeza do coletor fora de casa? Como higienizar o copinho num banheiro público? E aqui, mais uma vez, o uso do produto esclareceu mais essas dúvidas. Quando o coletor é retirado não há muita sujeira (se você souber colocá-lo bem certinho). Todo o sangue fica depositado dentro do copinho.

As trocas são simples. Para quem tem um fluxo muito intenso, a limpeza pode ser feita a cada seis horas. No caso de mulheres com fluxo menstrual normal, é possível ficar com coletor por até 12 horas com tranquilidade. E, com duas limpezas por dia, raramente você vai precisar fazer a higienização do coletor fora de casa. Não é preciso retirá-lo para urinar, nem mesmo para dormir.

A higienização se dá apenas com água e sabonete íntimo. No final e início de cada ciclo, o fabricante sugere que o copinho seja esterilizado em água quente e o recipiente precisa ser reservado só para isso. Vale até comprar uma panelinha. Só não esqueça o copinho fervendo no fogão — dá perda total.

Com o passar do tempo, pode ser que o coletor ganhe uma aparência mais opaca, por causa do sangue mesmo. Para fazer uma limpeza mais especial, bicarbonato de sódio é o produto indicado. Nem pense em usar outros, pois podem estragar a peça.

Benefícios
Além de toda questão ecológica e econômica, o coletor menstrual facilita a vida da mulher moderna. Aquela sensação de que a roupa pode manchar a qualquer momento desaparece, o mau odor do sangue no algodão também some. Só esses dois benefícios já valem a pena o uso. Nunca pensei em usar uma calça branca em pleno período menstrual antes de conhecer o coletor.

Com o uso do produto, as mulheres ganham algo de extrema importância: o auto-conhecimento corporal. O tamanho do canal vaginal, assim como o formato e estreitamento, são descobertas interessantes que se tem com o uso do produto.

Pontos negativos
Mesmo que o uso do coletor menstrual possa ser realmente transformador, há várias coisas que devem ser levadas em consideração. Talvez por ser um produto ainda novo no mercado brasileiro (falo isso porque não conheço como é a venda e a variedade dos coletores em outros países), é preciso muito mais variedade de formatos e tamanhos.

Nenhuma mulher é igual e cada uma tem uma necessidade diferente. A gente só vai saber se o tamanho que escolhemos é o ideal fazendo o teste, só que para isso é preciso comprar o coletor. Se o tamanho for o errado, pode ser que sua experiência com o copinho não seja das melhores. Seu dinheiro também será perdido.

O difícil acesso ao produto também é um ponto complicado. De todas as farmácias que frequento, nenhuma vende coletor menstrual. E moro em Curitiba. Acredito que no interior do estado seja muito mais complicado achar. A internet ainda é o melhor canal de compra.

Onde comprar
InCiclo: custa R$ 79 (fora frete) e vem em dois tamanhos. Também vende acessórios (necessaires, por exemplo).

Me Luna: custa R$ 75 (mais frete) e vem em vários tipos de haste: simples ou circular, por exemplo. Vende acessórios.

Mooncup: custa 19,99 libras (fora frete internacional) e vem em dois tamanhos. Tem fornecedores no Brasil.

Holycup: custa R$ 77 (fora frete), tem três tamanhos e guia on-line que ensina a escolher qual seria o melhor para a cliente.

Ladycup: vem em 15 cores e dois tamanhos. Custa 24,99 euros (fora frete internacional). Também vende kits.

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