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A conversa entre médico e paciente é a melhor forma de evitar tratamentos e medicamentos desnecessários, em qualquer área de medicina. Se o paciente vier bem informado sobre a doença, o diálogo se torna mais fácil e o médico consegue selecionar as melhores opções ao paciente. Isso só é possível, no entanto, se o paciente conseguir encontrar informações sérias e relevantes, o que não é tão fácil no Brasil, conforme explica em entrevista ao Viver Bem a dermatologista Lilia Guadanhim, colaboradora da Unidade de Cosmiatria da Universidade Federal de São Paulo.

VB: De que forma o paciente poderia questionar o médico para ficar mais seguro e confiante com o diagnóstico e os tratamentos sugeridos durante uma consulta?

Lilia Guadanhim: A ideia do médico de antigamente que só dava o remédio, sem explicar muito, não se aplica mais, principalmente porque os pacientes chegam ao consultório depois de terem pesquisado na internet os sintomas ou como são os tratamentos sugeridos. E isso é muito positivo! Quando o paciente se sente à vontade para questionar por que aquele exame foi pedido, por que esse seria o melhor tratamento, quais são as respostas que o médico espera ter com essa escolha, e em quanto tempo, as dúvidas diminuem os tratamentos desnecessários e aumentam a confiança do paciente no médico.

VB: Quando a pesquisa na internet antes da consulta não é bem-vinda no consultório?

Lilia Guadanhim: Quando o paciente pesquisa resultados de exames. Às vezes você acha uma resposta, mas o que acontece normalmente é ver o paciente desesperado, sem necessidade, por conta de alterações discretas nos exames e que nós temos a justificativa. Eu aconselho meus pacientes: se forem pesquisar os resultados de exames na internet, façam isso perto da hora da consulta, porque o desespero é curto.

VB: A lista norte-americana Choosing Wisely traz sugestões para os pacientes questionarem os médicos. Aqui no Brasil há listas como esta?

Lilia Guadanhim: O Brasil segue bastante as orientações norte-americanas, mas aqui vem sendo feito também recomendações nessa linha, do que tem de novo e o que ficou obsoleto. Mas, os americanos gostam de listas, e lá essas orientações estão abertas ao público, enquanto aqui ficam mais restritas aos congressos e sociedades médicas. O site da Sociedade norte-americana de Dermatologia, por exemplo, é um portal inteiro com orientações para os pacientes. Você encontra vídeos explicando procedimentos, tratamentos e doenças, e são informações confiáveis. Nas entidades daqui, os sites têm informações bem restritas, e poderia ser diferente. Isso é algo que poderíamos aprender com os Estados Unidos, direcionar o dr. Google para pacientes terem informações confiáveis.

 

Muitos tratamentos novos ou mesmo alguns antigos têm como embasamento a pressão da indústria ou a propaganda ‘boca a boca’ e, quando paramos para avaliar o embasamento científico, é muito frágil, com poucos ou nenhum estudo, muitas vezes mal desenhados e do tipo avaliação ‘antes e depois’” – Lilia Guadanhim, médica dermatologista colaboradora da Unidade de Cosmiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

 

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