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No ambiente de trabalho, as mulheres se dedicam mais que os homens a fim de terem o mesmo reconhecimento. Em casa, se não há uma divisão igualitária das tarefas domésticas, ainda é muito frequente que elas deem início a dupla ou tripla jornada de trabalho. Não é incomum que, depois de tantas horas, elas adoeçam. No entanto, é bem comum que elas tentem esconder essa doença – tanto no escritório quanto em casa – e isso precisa mudar.

A pressão que a mulher sofre por ser produtiva em todos os âmbitos da vida acaba fragilizando a sua saúde, de acordo com a professora doutora Claudia Mazzei Nogueira, do curso de Serviço Social da Universidade Federal de São Paulo, coordenadora de pós-graduação em Serviço Social e Políticas Públicas da mesma instituição. Não se trata de ter uma gripe de vez em quando, mas de doenças importantes como a LER, lesão por esforço ou movimentos repetitivos, fragilidade auditiva, insalubridade do ambiente, entre outras questões.

O estresse por manter a produtividade também afeta o coração das mulheres, que têm sintomas diferentes quando enfartam, como cansaço, dor na região do estômago e das costas, ao contrário da típica dor no peito dos homens. Até mesmo os exames complementares para diagnóstico do enfarto, como o eletrocardiograma, e testes de esforço podem ter resultados diferentes entre as mulheres.

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Além disso, as cardiopatias têm consequências maiores nas mulheres devido à constituição corporal feminina. “No organismo feminino as artérias são mais finas e mais difíceis de tratar no caso de um enfarto, por exemplo, em comparação às artérias masculinas”, afirma Luiz Fernando Kubrusly, cirurgião cardiovascular e diretor clínico do Hospital VITA, em Curitiba.

Função: cuidar

Culturalmente, a mulher ainda é vista como aquela que cuida, não a que é cuidada. Mesmo que ela não trabalhe fora de casa, ela não se permite adoecer. Para que a emancipação feminina no mercado trabalho seja de fato algo positivo, a divisão de trabalho no espaço doméstico é uma das primeiras atitudes, de acordo com Claudia Nogueira.

“As famílias não podem ver mais a divisão das tarefas como uma ‘ajuda’ que o homem dá a mulher. Isso só reforça a ‘responsabilidade’ feminina sobre as tarefas de casa”, explica a pesquisadora, que também é autora de dois livros sobre o tema, “A feminização no mundo do trabalho” (editora Autores Associados) e “O trabalho duplicado” (editora Expressão Popular).

Claudia estará em Foz do Iguaçu, entre os dias 14 e 19 de maio, para o 16º Congresso Nacional da Associação nacional de Medicina do Trabalho, onde debaterá sobre o tema desigualdade de gênero no ambiente de trabalho.

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