Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Alergia alimentar é diferente de intolerância e apresenta sinais mais graves

Amanda Milléo
06/09/2019 13:00
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A alergia alimentar costuma ser mais grave quanto mais rápido aparecerem os sintomas. Foto: Bigstock.

Ser alérgico ou ter intolerância alimentar não são situações parecidas e não podem ser confundidas.
A alergia acontece quando o corpo tenta se defender de alguma substância que lhe faz mal, enquanto a intolerância é a incapacidade desse mesmo corpo em digerir ou absorver uma substância.

Por outro lado, a intolerância acontece, principalmente, no intestino e no sistema digestivo, a alergia acomete o corpo inteiro e tende a ser mais grave.

O primeiro sinal de distinção entre os dois problemas está nos sintomas e pode ser percebido por quem estiver perto.
A alergia apresenta sinais na pele, como coceira, vermelhidão, pintinhas, e mesmo quadros respiratórios de coceira na garganta, bronquite, renite e tosse. Pode ter ainda quadros mais graves, de dilatação dos vasos, baixa de pressão e até mesmo levar a um choque anafilático.

“A alergia alimentar costuma ser mais grave quanto mais rápido aparecerem os sintomas. Se a pessoa comeu algo e em poucos minutos apresentar esses sinais, é preciso um cuidado mais rápido, porque logo pode afetar o sistema respiratório”, explica Adriana Schmidt, médica alergista e imunologista.

Uma das alergias mais comuns em crianças é com as proteínas do leite de vaca e a tendência é que ela melhore com o passar dos anos, pois está normalmente relacionada a uma imaturidade do trato digestivo.
Nos adultos, porém, as alergias são mais comumente causadas por frutos do mar, crustáceos, peixes, amendoins e nozes.
Embora as alergias também possam apresentar sintomas no trato digestivo, os sinais dermatológicos e respiratórios são mais importantes.
Para a pessoa que sofre com uma intolerância alimentar, porém, diarreia, vômito, flatulência, mal estar e cólicas são os principais indicadores da condição.
A intolerância alimentar é mais comum em adultos, principalmente entre os caucasianos, devido a uma deficiência de enzimas. No caso dos intolerantes à lactose, por exemplo, há uma deficiência da enzima que faz a quebra do açúcar do leite.

“Nessas pessoas, o açúcar fica fermentando no estômago, e os sintomas se apresentam todas as vezes que a pessoa ingere leite ou derivados. Para eles, cabe buscar produtos sem a lactose, e hoje há uma grande variedade no mercado”, explica a alergista e imunologista Adriana Schmidt.

Tratamento
No caso da intolerância, a reposição das enzimas que estão faltando pode ajudar a controlar os sintomas. Com o passar do tempo, ou o paciente passará a receber as enzimas em forma de medicamento, ou substituirá os alimentos por versões semelhantes, mas sem as substâncias intolerantes. Se nem isso resolver, só então é considerado cortar o grupo alimentar.
O problema neste caso é a intensidade da intolerância quando a pessoa, por descuido ou sem perceber, ingerir algo com leite ou glúten.

“A pessoa que está em uma dieta sem a substância fica mais sensível a qualquer exposição. Antes, um copo de leite fazia com que ela tivesse os sintomas, mas depois mesmo um produto que leve leite na composição, ainda que em uma quantidade pequena, pode provocar reações”, alerta Myrna Campagnoli, endocrinologista.

Dois momentos dividem o tratamento da alergia. Primeiro, controlar os sintomas durante uma crise, onde é necessário um medicamento, antialérgico ou corticoide.
Depois, investigar quais são os causadores daquela alergia. Para tanto, são feitos testes alérgicos, em contato com a pele ou mesmo com a ingestão controlada daquela substância.
“Os testes alérgicos só podem ser feitos quando os pacientes não estão em crise, pois o teste pode agravar os sintomas, e nem fazendo uso de medicamentos antialérgicos, que darão resultados falsos negativos”, afirma Adriana Schmidt.
Identificados os culpados, uma opção de tratamento é a imunoterapia, com o uso de vacinas que fazem a sensibilização do organismo, reduzindo a reação à substância.
A mais comum?
Tanto alérgicos quanto intolerantes existem em grande quantidade hoje, mas a intolerância ainda é mais predominante.

“O uso indiscriminado de antibióticos, agrotóxicos e conservantes nos últimos anos mudaram as características da nossa flora bacteriana intestinal, que é a responsável por produzir muitas enzimas digestivas. Por isso, talvez, tenhamos um número crescente de intolerâncias alimentares”, afirma Myrna Campagnoli.

Glúten
Um exemplo clássico que pode confundir o paciente entre uma alergia ou uma intolerância é com relação ao glúten. É possível que a pessoa apresente tanto uma alergia à proteína do glúten quanto uma incapacidade de digeri-lo e, neste caso, terá tanto sintomas tanto dermatológicos quando gastrointestinais.
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