Saúde e Bem-Estar

Mariana Scoz // Ilustrações: Felipe Lima // Diagramação: Joana dos Anjos

O ano novo começa agora

Mariana Scoz // Ilustrações: Felipe Lima // Diagramação: Joana dos Anjos
01/01/2016 09:00
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(Foto: VisualHunt)

Emagrecer com saúde, iniciar uma atividade física agradável e deixar de vez o cigarro são algumas medidas capazes de melhorar a qualidade de vida. São atitudes necessárias, visto que estudos recentes têm apontado os maus hábitos como responsáveis por diversas doenças.
Entre os fatores de risco para a saúde, no Brasil, estão a pressão alta, o fumo, a obesidade, o baixo consumo de frutas, a glicose elevada e a falta de atividade física. Os dados são da pesquisa Global Burden of Disease (Carga Global de Doença) conduzida pela Universidade de Harvard, o Imperial College, de Londres, e a Organização Mundial da Saúde.
A boa notícia é que todos esses fatores são derivados de atitudes que podem ser controladas ou alteradas com mudanças de comportamento, abandonando-se os maus hábitos e assimilando práticas voltadas à qualidade de vida.
Aproveite o clima
Quem quer começar tem um estímulo a mais gerado pelo clima agradável. Esta­mos no período do ano mais propício para desenvolver novos e melhores hábitos: este mês restante de verão, de temperaturas altas, anima muitos daqueles bons propósitos. Basta dar alguns passos.
Programe os próximos dez meses, decida o que você quer fazer e o que não pode esperar. Procure um médico que possa orientar o melhor exercício, realize os exames necessários e tratamentos desejados e concentre suas forças em realizar seus objetivos. Feliz “ano novo”!
Atenção ao que vai ao prato
Optar por sabores naturais, inserir mais frutas na dieta e não fazer más substituições cotidianas são excelentes passos para alcançar mais qualidade de vida.
Se livrar de velhos hábitos alimentares e de comidas de fácil preparo, mas pouco nutritivas, não é difícil para quem está comprometido. Saiba como ter uma alimentação mais saudável.
• Prato típico brasileiro
• Calorias vazias fora da mesa
Evite as calorias vazias na alimentação, presentes em produtos com alto valor calórico, mas sem a quantidade necessária de nutrientes e fibras. Um exemplo são os alimentos refinados, como açúcar, sal e outros industrialmente manipulados, como refrigerantes, bolachas recheadas e sucos de caixinha.
• Sanduíches criativos
Na última refeição do dia, um sanduíche criativo pode ser uma solução. Prefira pão integral para o carboidrato e um presunto magro, peito de peru ou até mesmo um filé de frango ou carne assada para a proteína. Complete com verduras como alface, tomate, cenoura ralada e pepino em conserva, para os que não são hipertensos.
• Adeus aos congelados
Esquentar comida congelada industrializada no micro-ondas ou forno elétrico é uma mão na roda para quem não tem tempo de cozinhar. Entretanto, a quantidade de gordura saturada e de sódio nestes produtos é muito alta. A Organização Mundial da Saúde recomendou recentemente que o consumo de sódio seja de menos de 2 g diários. Em meia porção de uma lasanha bolonhesa congelada há 1,05 g de sódio.
• Naturalmente temperado
Temperos industrializados têm grandes quantidades de gordura e de sal, colaborando para o aumento da pressão. Recorra ao alho, cebola e ervas para resgatar o sabor da comida sem abusar da saúde.
• Não se esqueça das frutas!
Melhorar a alimentação demanda comprometimento. Por isso troque os lanches da tarde com alimentos assados e fritos pelas frutas. O ideal é comer cerca de quatro porções diariamente.
Fonte: Telma Gebara, professora do curso de nutrição da Universidade Positivo e Christiane de Mesquita Barros Almeida Leite, gerente da unidade de nutrição dietética do Hospital de Clínicas da UFPR.
Elimine o cigarro da sua vida
Pelo menos 56 doenças podem ter origem no tabagismo, entre elas o câncer de pulmão, enfisema pulmonar e o enfarte agudo do miocárdio. Se você não consegue parar de fumar apenas por vontade própria, alguns passos são fundamentais:
• Conscientize-se
Procure saber os reflexos do vício em cigarro na sua saúde.
• Busque ajuda
Tentar parar sozinho muitas vezes leva o fumante a se sentir diante de um obstáculo que parece intransponível. Ajuda profissional – psicológica e medicamentos – pode ser definitiva na hora de acabar com o hábito quando a dependência é muito grande.
Analise seu comportamento: as atividades, tarefas e comportamentos que o levam a fumar.
• Substitua hábitos
Se você fuma logo após o café ou almoço, substitua o cigarro por outro hábito: mastigue canela em rama, cravo ou cristais de gelo, que desviam a atenção da vontade de fumar.
• Regule o café
Pare com o cafezinho, pois a cafeína causa sensibilização cruzada que estimula o desejo de fumar.
• Um ano depois
Somente passados 12 meses sem fumar uma pessoa é considerada não fumante.
• Medicamentos
Médicos especialistas podem indicar medicamentos e reposição de nicotina quando a dependência for muito grande. Os tratamentos com remédios, geralmente antidepressivos específicos, duram três meses e podem ser prorrogados por mais três. Já a reposição de nicotina, mais efetiva quando feita com adesivos, é feita com a diminuição da dosagem do produto, até que o paciente perca a dependência.
• Beba água
Quem quer parar de fumar deve beber bastante água para desintoxicar da nicotina. Praticar esportes ajuda a substituir a sensação de prazer dada pelo cigarro.
• Não desista
Após parar de fumar, a vontade continua intensa por bastante tempo, variando com o grau de dependência, e há sintomas como insônia, agressividade e irritabilidade. Por isso, de cada dez pessoas que tentam parar, mesmo bem orientadas, sete recaem. Continue desenvolvendo as habilidades para parar de vez e não caia na tentação de fumar um cigarro sequer.
• Fissura
É um desejo muito intenso pelo cigarro, que geralmente passa em cinco minutos. O paciente que resiste a esses minutos, que parecem uma eternidade para o dependente, percebe que é capaz de se livrar do hábito.
Fontes: Márcio Fabiano Chaves Bastos, coordenador de cardiologia do Hospital Pilar; Vinícius Preti, oncologista do serviço de tórax do Hospital Erasto Gaertner e Jonatas Reichert, pneumologista e presidente da Associação Paranaense contra o Fumo.
Ponha o corpo para mexer
• Trabalhar demais e não dedicar um tempo a atividades saudáveis são atitudes diretamente ligadas ao estresse e ao sedentarismo, dois grandes vilões da vida moderna.
• Não praticar exercícios físicos faz com que a tensão não seja liberada, aumentando o estresse. Isso porque exercitar-se faz com que o corpo module as ações hormonais. Ele equilibra a secreção dos hormônios que aumentam o estresse e que melhoram a sensação de bem-estar.
• Uma pessoa tensa também pode compensar na alimentação, tendendo principalmente ao consumo de carboidratos. O estresse aumenta o cortisol, que favorece o ganho de peso.
• Encontrar o equilíbrio é a chave para não descontar nos doces ou nas pessoas próximas. Aprenda a gerenciar prazos e busque o equilíbrio.
• Conheça seus limites e os fatores de estresse na sua vida, o que ajuda a limitar as tarefas e a distribuí-las melhor na sua vida.
Adeus sedentarismo
Confira como sair da imobilidade e liberar a energia do estresse cotidiano:
• Use menos elevadores e escadas rolantes.
• Troque o carro pelo ônibus e desça um ponto antes, para caminhar.
• Arrume armários. Além de ser uma atividade física, ela ajuda a acalmar.
• Procure fazer 30 minutos diários de atividade física de intensidade moderada.
• Utilize roupas adequadas para o exercício.
• Tenha uma alimentação balanceada.
• Evite cafeína e pimenta, que são alimentos termogênicos, capazes de aumentar o gasto energético. Apesar dessa capacidade, eles também aumentam a frequência cardíaca, podendo causar arritmia cardíaca.
• Gerencie prazos para evitar descontar a ansiedade na comida.
Fontes: Rosana Radominski, endocrinologista do departamento de Atividade Física e Exercício da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e professora da UFPR; Maria Edna de Melo, diretora da Abeso e Sâmia Simurro, vice-presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida.
Lembre-se de dormir bem
Muita gente sente dificuldade para cair no sono ao se deitar. As dificuldades para dormir podem ocorrer no início, meio ou fim do sono – pode-se demorar a cair no sono ou despertar durante a noite e ter dificuldades de voltar a dormir. Veja os tipos de insônia:
• Insônia aguda
É uma situação transitória que depende de alguma circunstância particular. Geralmente aparece quando
há algum problema pessoal, estresse no trabalho e preocupações pontuais.
15 a 20% da população sofre com a insônia crônica, quando a dificuldade de dormir se repete por um período de três meses.
• Insônia crônica
Acontece quando a dificuldade para dormir aparece três ou mais vezes por semana no período de um mês ou repetidamente durante três meses. Quem sofre com o problema deve procurar a ajuda de um especialista. Pode ser uma causa primária cujo tratamento é voltado para o distúrbio do sono especificamente. Também pode ser causada por outras doenças, como alterações endócrinas e a apneia do sono, que causa os roncos. O ideal é procurar um especialista.
• Durma melhor
Veja dicas de como higienizar seu sono:
• Faça atividades físicas: o ideal é que sejam feitas até quatro horas antes de dormir.
• Cuide da alimentação: antes de dormir evite grandes refeições. Prefira alimentos leves.
Desacelere: uma hora antes de deitar para dormir, procure relaxar, seja tomando banho, lendo um livro ou vendo tevê.
• Sem ruído e sem luz: para garantir um sono de qualidade, o ambiente deve ser preparado. Evite dormir com a tevê ligada, pois tanto o barulho quanto a luz podem fragmentar o sono.
Fonte: Andrea Bacelar, neurologista e vice-presidente da Associação Brasileira do Sono e Ester London, chefe do serviço de neurologia e responsável pelo Laboratório de Sono do Hospital Vita Batel.
Controle as doenças crônicas
As doenças crônicas são para toda a vida. O paciente que sofre com uma delas não tem escolha. Além de fazer o tratamento medicamentoso de maneira correta, outras preocupações devem passar pela cabeça de quem tem hipertensão, diabete e asma, algumas das que mais atingem os brasileiros.
Os estágios mais brandos da doença podem ser controlados com uma mudança no estilo de vida, evitando alguns fatores que podem piorar a situação. Cuidados com a alimentação, evitando muito sal, gorduras e frituras fazem parte da prevenção. O sedentarismo, tabagismo e o consumo de álcool também devem ser deixados de lado. Já em casos mais graves deve-se também tomar o medicamento indicado pelo médico para o resto da vida.
• Diabete
Para os pacientes com diabete tipo 2, que afeta 90% dos pacientes com a doença, a principal dica é controlar o peso. O problema mais comum são os erros na alimentação e a falta de exercícios físicos. A doença fica mais difícil de controlar com o aumento da gordura corporal. Tomar os medicamentos corretamente também é importante. Mesmo que o paciente ache que pode omitir uma dose de insulina, isso trará complicações tardias.
• Asma
Não tenha medo da bombinha. O tratamento com o aerossol é muito eficiente, especialmente o com corticoide inalatório, e não vicia. Além disso, o medicamento é oferecido gratuitamente pelo governo, desde que com receita médica. O paciente também deve evitar poeiras, ácaros e perfumes, por causa do fator alérgico e fazer esportes regularmente, não necessariamente natação.
Fontes: Francisco Maia da Silva, diretor de promoção à saúde da Sociedade Brasileira de Cardiologia e professor da PUC-PR; André Gustavo Vianna, endocrinologista do Centro de Diabetes Curitiba do Hospital Nossa Senhora das Graças; Paulo Kussek, pneumologista do Hospital Pequeno Príncipe e coordenador do departamento de pneumologia pediátrica da Sociedade Brasileira de Pneumologia.
Planeje sua ida ao médico
Alguns exames são essenciais para avaliar como anda a saúde tanto de homens quanto de mulheres, como o de colesterol, triglicerídeos, hemograma completo e exame de urina. A colonoscopia é indicada a partir dos 50 anos, para a prevenção do câncer de intestino. Veja os outros exames de acordo com o sexo:
• Mulheres
Exames de rotina fazem parte da vida da mulher. O mais importante deles é o papanicolau, também chamado de preventivo. Ele detecta o câncer de colo de útero e algumas alterações cancerosas, o que permite um tratamento precoce. Todas as mulheres que tenham iniciado a atividade sexual devem procurar seu ginecologista anualmente para fazer o exame.
A mamografia também é necessária. Mulheres a partir dos 40 anos devem fazer o exame anualmente. Entretanto, caso haja histórico familiar, a triagem deve começar mais cedo.
• Homens
O exame de próstata deve ser feito a partir dos 45 anos para homens que não têm histórico familiar de câncer de próstata. São dois exames necessários, um laboratorial e outro físico. O exame de sangue mostra a dosagem da proteína Antígeno Prostático Específico, o PSA, que quando elevada pode indicar um possível tumor. O toque retal também é importante, quando se avalia volume, irregularidades, sensibilidade e mobilidade da próstata. Entretanto, para confirmar o diagnóstico é necessária uma avaliação médica detalhada e criteriosa.
• Coração
Cuidados com o coração são importantes em qualquer idade. Os principais exames são o eletrocardiograma e o ecocardiograma, indicados a partir dos 30 anos para homens e mulheres sedentárias com histórico de doenças cardíacas na família. Para jovens sem história genética de mortes por problemas cardíacos e enfartes basta um exame de sangue. Para quem tem a idade mais avançada, especialmente acima dos 40 anos, e histórico familiar de cardiopatias, os testes de esforço são fundamentais.
Fontes: Mauro Scharf, diretor médico do Laboratório Frischmann Aisengart; José Clemente Linhares, oncologista e mastologista do Hospital Erasto Gaertner e da Sociedade Brasileira de Mastologia; Luiz Fernando Kubrusly, cirurgião vascular e diretor clínico do Hospital Vita.
Vacine-se você também
Todo pai sabe da importância da carteirinha de vacinação para os pequenos. Mas a imunização não é exclusiva das crianças e idosos, por isso, adultos devem ficar atentos para quais vacinas devem ser tomadas e quais devem ser reforçadas. Além das previstas nos calendários do Ministério da Saúde, outras disponíveis na rede privada devem ser consideradas.
• Gripe
Vacina que previne contra vários tipos da Influenza, precisa ser renovada todos os anos. Feita com o vírus inativado, não causa gripe, porém seu efeito só começa após 15 dias. Na rede pública, a imunização é disponibilizada para pessoas com mais de 60 anos e gestantes e outras faixas etárias devem buscá-la na rede privada. A época ideal para a vacinação é antes da chegada do frio, entre o fim de março e começo de abril.
• HPV
O vírus sexualmente transmissível que pode evoluir para o câncer de útero tem duas vacinas, disponíveis apenas em laboratórios pagos. Uma delas previne contra quatro tipos de HPV e a outra contra dois. A vacina deve ser tomada de preferência antes do início da vida sexual, seja por mulheres ou por homens, que podem desenvolver verrugas. Nos primeiros dois anos de vida sexual, 40% das pessoas foram expostas a algum tipo do HPV. Tem sido indicada até mesmo para mulheres com 45 anos e contra o câncer anal para ambos os sexos.
• Reforços
• Hepatite
A vacina de hepatite B só foi implantada no calendário oficial há duas décadas. Por isso muitas pessoas não receberam a imunização quando crianças.
É importante verificar na carteira de vacinação ou até mesmo fazer um exame para identificar se a pessoa está imunizada. Já a hepatite A não está no calendário e não é crônica como a outra variante, apesar de ser possível que adultos desenvolvam formas graves da doença.
• Viagens
Um cuidado que se deve ter ao viajar é com regiões com risco de contágio de febre amarela. Alguns países exigem a vacinação, mas dentro do Brasil e até mesmo do Paraná existem áreas endêmicas. Essa vacina é feita com vírus ativo, chamado de atenuado, e pode trazer riscos de desenvolver a doença. Gestantes e pessoas com problemas de imunidade só devem ser imunizadas se o risco de exposição for maior. Outras vacinas que viajantes devem ficar atentos são de febre tifoide, meningite e cólera, que devem ser tomadas com no mínimo dez dias de antecedência.
Fontes: Viviane Hessel Dias, infectologista do Hospital Nossa Senhora das Graças e Jaime Rocha, infectologista do Frischmann Aisengart.