Saúde e Bem-Estar

Raquel Derevecki

Pesquisa aponta uso irregular de formol em salões de beleza

Raquel Derevecki
07/01/2019 15:17
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Dos fiscais que participaram da pesquisa, 35% afirmaram já ter constatado o uso de formol acima do permitido em procedimentos de alisamento capilar (Foto: Bigstock)

Um levantamento realizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 21 estados do Brasil e também no Distrito Federal constatou que o formol tem sido usado de maneira irregular em procedimentos para alisamento capilar. A lista de salões de beleza que utilizam os produtos em quantidade excessiva não foi divulgada.
Segundo a Anvisa, em contato com a pele, o formol pode causar irritação, queimadura, descamação e até queda de cabelo. Se for inalado, também pode provocar ardência nas vias respiratórias, coriza, falta de ar, tosse e dor de cabeça. Além disso, instituições internacionais já reconhecem o efeito cancerígeno do produto.
Diante desses riscos à saúde, a legislação brasileira estabelece um limite máximo de 0,2% de formol na composição dos cosméticos, inclusive aqueles usados como alisantes. O produto também é permitido para endurecedores de unhas, na concentração de 5%.

No entanto, o levantamento da agência revelou que 35 % dos fiscais participantes da pesquisa já constataram a irregularidade durante vistorias nos salões de beleza de seus municípios, e que 61,6% dos fiscais já suspeitaram que produtos utilizados nos salões continham teor de formol superior ao permitido pela lei.

Na quantidade permitida pela legislação, o formol é suficiente apenas para conservar a fórmula, mas não possui potencial para alisar os cabelos. Esse pode ser um dos fatores que levariam alguns profissionais cabeleireiros a aumentar a quantidade do produto na fórmula usada para o procedimento de alisamento capilar ou adquirir cosméticos já fabricados com o teor de formol acima do permitido.

Como reduzir o uso irregular?

A pesquisa foi realizada entre os dias 6 de agosto e 6 de setembro de 2018 com o objetivo de estudar maneiras de estimular a redução do uso irregular do formol nos salões de beleza do país. Para isso, a Anvisa solicitou a todos os fiscais da Vigilância Sanitárias dos estados e municípios do Brasil que respondessem a um questionário com perguntas a respeito de sua experiência na região que residem.
Ao final, o levantamento teve participação de 81% das unidades de Vigilância Sanitária do país. Os estados do Amapá (AP), Paraíba (PB), Pernambuco (PE), Roraima (RR) e Tocantins (TO) não enviaram seus resultados. 
A Anvisa estuda maneiras de estimular a redução do uso irregular do formol em salões de beleza. Foto: Bigstock
A Anvisa estuda maneiras de estimular a redução do uso irregular do formol em salões de beleza. Foto: Bigstock
Ainda segundo a Anvisa, o Brasil possui um número elevado de estabelecimentos de beleza – quase 600 mil – e isso dificulta a aplicação de medidas educativas contrárias ao uso excessivo do formol nas fórmulas. Atualmente, a medida mais utilizada é a orientação verbal no momento das inspeção. Entretanto, a agência ressalta que é importante a diversificação dessa abordagem por meio da utilização de outras práticas de intervenção para obter melhores resultados.
Na pesquisa, a realização de palestras foi considerada pelos fiscais como a abordagem com maior potencial para atingir resultados positivos (100%), seguida pela distribuição de panfletos e folhetos (69%) e por orientações gerais (63,9%).
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