Saúde e Bem-Estar

Camille Bropp Cardoso

Projeto com células-tronco dá nova esperança a doentes cardíacos

Camille Bropp Cardoso
05/04/2015 14:17
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Ainda é apenas uma esperança para pessoas com problemas crônicos no coração, mas os bons resultados são animadores. Em cerca de seis meses, um dos projetos de pesquisa sobre células-tronco da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) divulgará o relatório de uma experimentação feita com dez pacientes com problemas cardíacos. A partir de 2012, esses voluntários receberam implantes com as células capazes de regenerar estruturas e órgãos.
As células-tronco foram reimplantadas depois de serem colhidas do próprio paciente (foram usadas as da medula óssea, que ficam dentro do osso do quadril). O relatório é parte do contrato de financiamento da pesquisa, que é experimental como todas as que estudam o uso de células-tronco no Brasil. Ainda não existem tratamentos no país.
A situação dos pacientes que participaram dessa fase inicial de testes do projeto da PUCPR era similar: haviam se submetido às cirurgias possíveis para melhorar a atuação do coração — como os implantes de pontes de safena e mamária, que buscam a revascularização do órgão após um infarto, e a angioplastia com stents para conter o entupimento de uma artéria. Ainda assim, continuaram sentindo angina, a dor que mostra que o coração continua com déficit — que só tende a piorar, visto que essas doenças são progressivas.
Ainda sigiloso, o relatório deve apontar resultados interessantes, como o surgimento, em alguns voluntários, de uma rede alternativa de pequenos vasos sanguíneos que ajudam a oxigenar o sangue e a abastecer o músculo cardíaco. A data da entrega do documento tem a ver com o prazo de um ano desde que o último paciente recebeu as células-tronco, explica o médico cardiologista e coordenador da pesquisa, Paulo Brofman.
“O estudo mostrou que as células-tronco aumentaram a circulação do músculo do coração”, adiante ele. O laboratório da PUCPR é um dos oito habilitados para pesquisar células-tronco no Brasil desde que as pesquisas foram julgadas constitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, em 2008. O projeto com pacientes cardíacos conta com financiamento da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Paraná (Seti). Em 2012, o centro da PUCPR foi um dos beneficiados com um pacote de R$ 15 milhões do Ministério da Saúde. O núcleo também toca projetos relacionados a outras doenças, como a artrose.
Nova fase
Uma nova rodada de experimentos do projeto já está em etapa adiantada de liberação. Dessa vez, participarão 14 voluntários, dentro dos mesmos critérios do estudo anterior: pacientes já operados, mas que continuam com dores cardíacas. Uma diferença é que, nessa etapa, o projeto trabalhará com grupo de controle — ou seja, parte dos participantes receberá placebo, para que depois os resultados sejam comparados.
Os voluntários não precisam morar no Paraná, mas devem se comprometer a fazer diversos exames e a participar de consultas mensais. A participação é gratuita, portanto as consultas não são cobradas, mas os exames (como cateterismo e ressonância) ficam por conta do paciente ou do plano de saúde dele.