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A gastrite é uma das reações físicas do problema, mas também há alterações no humor e bem-estar mental. Foto: Bigstock.
A gastrite é uma das reações físicas do problema, mas também há alterações no humor e bem-estar mental. Foto: Bigstock.| Foto:

Uma experiência com camundongos feita em 2011 se tornou uma das mais elucidativas pesquisas sobre motivação e depressão, conta a alemã Giulia Enders em um dos capítulos de Cérebro e Intestino de O Discreto Charme do Intestino – Tudo Sobre um Órgão Maravilhoso, livro da escritora de 25 anos que chegou ao Brasil há pouco tempo, depois de se tornar best-seller na Alemanha. Nessa pesquisa, um rato nadador foi colocado em uma pequena bacia com água. Buscou-se descobrir por quanto tempo ele poderia nadar para sair do fundo. Aqueles com traços depressivos se mobilizaram menos e reagiram com mais intensidade ao estresse.

O que aconteceu, então, quando a equipe do pesquisador irlândes John Cryan decidiu alimentar metade dos camundongos com Lactobacilus rhamnosus JB-1, uma bactéria que cuida do intestino? Estes nadaram por mais tempo e motivação e apresentaram níveis de estresse reduzidos. Mas quando os cientistas cortaram o nervo vago, que liga o sistema gastrointestinal ao cérebro por meio de uma estrutura que passa pelo tórax, a diferença entre os grupos de camundongos deixou de existir. O resultado mostrou que, como escreve Giulia, “esse nervo funciona um pouco como uma linha telefônica, por meio da qual um colaborador externo transmite suas impressões à central, ou seja, à cabeça”.

“O conceito atual é de que existe um eixo cérebro-intestino. O intestino pode sofrer influência do cérebro, por exemplo, quando a pessoa tem um estresse. Uma diarreia, por exemplo. Ou quando muda de ambiente e o intestino tranca. O contrário também ocorre. Quando a pessoa tem algum desconforto intestinal, fica preocupada, deprime-se, fica ansiosa. Então, na realidade, é um caminho de duas mãos”, reforça Carlos Francesconi, chefe do Serviço de Gastroenterologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Síndrome
Dois anos após o estudo realizado com camundongos, a primeira pesquisa sobre os efeitos de um intestino bem cuidado em um cérebro humano saudável foi publicada em 2013. Pessoas ingeriram por quatro semanas uma mistura de determinadas bactérias, e algumas áreas do cérebro se alteraram claramente, sobretudo as responsáveis pela elaboração das sensações e de dor. Tais resultados podem ajudar a compreender melhor por que mau humor, bem-estar ou preocupação não se originam isoladamente na cabeça.

“Em pessoas com intestino irritável, a conexão entre intestino e cérebro pode ser muito carregada. Na síndrome do intestino irritável, com frequência se sente uma pressão ou um gorgolejar desagradável no abdome, além de sinais de diarreia ou constipações. As pessoas afetadas também costumam sofrer de ansiedade e depressão acima da média”, escreve Giulia.

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