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Segundo uma piada, muitas mulheres não envelhecem, elas ficam louras. Fato é que a natureza não perdoa, a partir dos 45 anos nossos ovários param gradativamente de produzir o hormônio chamado estrógeno, a menstruação começa a oscilar e um ano depois está decretado – com ou sem cabelos brancos: estamos na menopausa. O termo é forte, mas a menopausa já não é mais considerada o fim, no máximo pode ser encarada como uma fase de mudanças, que muitas estão tirando de letra graças à melhoria do estilo de vida (o que inclui atividades físicas e alimentação balanceada) e à ciência.

Antes de tudo, é preciso entender que a menopausa é uma experiência única e individual e a condução do seu tratamento deve seguir essa premissa. Os hormônios sexuais regem a parte reprodutiva, mas também são responsáveis por um sistema de proteção que inclui os ossos e o funcionamento cardiovascular e cerebrovascular. Ou seja, na menopausa a mulher tem risco aumentado de sofrer de osteoporose, pressão alta, infarto, AVC e doenças cerebro-degenerativas como o mal de Alzheimer. Com o aumento na expectativa de vida, cerca de 40 milhões de mulheres encontram-se nesta fase, apenas na América Latina. “Em 2050, a expectativa de vida da mulher na América Latina será de 82,5 anos. Ou seja, haverá um aumento significativo de mulheres que passam por essa fase”, observa a ginecologista e obstetra colombiana Lina Maria Girard, uma das participantes do congresso “A Nova Cara da Menopausa”, realizado no início do mês em Cartagena, na Colômbia. O evento, patrocinado pelo laboratório Schering, que no ano passado colocou no mercado um novo medicamento para a reposição hormonal, teve como prioridade desfazer mitos sobre o tema e apresentar os tratamentos mais recentes, bem como riscos e benefícios.

Você tem medo de quê?

A terapia de reposição hormonal é assunto controverso não só nas rodas de cinqüentonas que começam a sentir os primeiros fogachos, como também nos consultórios médicos. Isso porque no final dos anos 90, uma pesquisa norte-americana associou o tratamento ao aumento de casos de tumores de mama. Apesar das pesquisas apontarem que as mulheres temem mais o câncer de mama – realmente uma doença grave e devastadora –, segundo os especialistas as menopausáticas têm 50% de chance de ter doenças cardiovasculares, contra 4% de chance de desenvolver o câncer no seio. Segundo pesquisas, a mortalidade de mulheres nesta faixa etária por problemas cardiovasculares é dez vezes maior que a de câncer de mama. “Além disso, mulheres que tomam terapia hormonal são bem acompanhadas, raramente morrem de câncer de mama”, defende o ginecologista colombiano Mauricio Mendreta.

Atualmente, a tendência seguida pelos médicos é de particularizar ao máximo o tratamento. Mulheres que têm histórico pessoal e familiar de câncer de mama realmente não podem se valer da terapia hormonal. Outras contra-indicações: varizes significativas, obesidade, consumo de álcool e tabagismo.

Para as que podem, as dosagens administradas são mais baixas. “Se comparar com década de 90, hoje prescrevemos metade das doses”, diz o ginecologista Almir Antonio Urbanetz, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Segundo os médicos, mulheres que apresentam os primeiros sinais da menopausa – a partir dos 45 anos – também podem se valer mais dos benefícios da terapia. É o que eles chamam de janela de oportunidade. “É o momento em que a TH pode oferecer maiores benefícios e funcionar como medida preventiva para enfermidades cardiovasculares, cerebrovasculares e osteoporose”, diz o ginecologista mexicano Victor Marin, um dos painelistas do evento.

A jornalista viajou a convite do evento.

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