Saúde e Bem-Estar

Larissa Jedyn

Vida boa, vida longa

Larissa Jedyn
25/12/2006 00:11
larissa@gazetadopovo.com.br
O ser humano é inclinado naturalmente ao movimento – afinal, ele foi projetado para isso – e, sendo assim, experimenta sempre ir um pouco além, testa limites, aprimora habilidades e se desenvolve fisicamente, o que provoca satisfação e sensação de bem-estar. Mas, se mexer o corpo pode ser tão recompensador, porque é que 83% das pessoas (de acordo com estudos) não querem nem passar perto de uma academia? A resposta está no mecanismo de prazer, segundo o médico José Jacyr Leal Júnior. “Somos caçadores e coletores. Caminhar é natural para nós. Nadar, correr… Repetir séries incessantemente não é. Também não quer dizer que isso seja ruim, pelo contrário. O fato é que, para quem ainda não pratica nenhuma atividade física, é mais fácil iniciar-se na prática de exercícios semelhantes às funções naturais do corpo”, comenta ele.
Segundo Leal, o movimento corporal feito com prazer permite o desenvolvimento de aptidões e competências, o que eleva a auto-estima e, como conseqüência, traz qualidade de vida e longevidade, já que afasta os riscos de estresse e algumas doenças. “O bebê gosta de movimento, através disso ele aprimora suas habilidades e se prepara para a vida. Ele experimenta se rastejar pelo chão, olha para mãe à procura de incentivo e, ao recebê-lo, segue satisfeito e confiante na sua experiência. Você transmite ao corpo uma informação de que é competente, o que causa uma sensação boa, por conta das descargas químicas”, explica. E o adulto, segundo ele, repete o mesmo padrão da criança. “Mas logo vem a idéia de que se está velho e não pode fazer uma porção de coisas. A vida não é curta. Ela também não é um fim. O que eu faço com ela é de minha responsabilidade. Posso escolher passar os dias em frente à televisão, consumindo alimentos de má qualidade, trabalhando a mais para poder comprar mais, ou ter uma vida equilibrada”, diz Leal.
O ortopedista e médico do esporte Winston Godoi Martins afirma que praticar exercícios físicos moderadamente ativa células protetoras, ajuda na prevenção de algumas doenças – até alguns cânceres, como de mama, pulmões e próstata –, melhora o equilíbrio, aprimora o corpo para a fase de declínio do organismo e libera endorfinas, responsáveis pela já conhecida sensação de bem-estar que vem depois do movimento. “Para isso, são suficientes 30 ou 40 minutos de caminhada, cinco vezes por semana.”
Antes de escolher o que fazer, os médicos são unânimes: descubra o que lhe dá prazer, entenda e experimente os efeitos da química do organismo provocados pela prática esportiva e perceba o que dificulta que isso aconteça. “Nunca é tarde para começar a se movimentar. Escolha alguma coisa que goste, relembre as boas experiências, faça uma avaliação médica e uma física para ter segurança no que for fazer”, aconselha Winston. Ele indica também que, às vezes, são necessárias atividades complementares. Se, por exemplo, uma pessoa com osteoporose escolher a natação – que é uma atividade sem impacto –, precisa fazer uma caminhada também, por causa do impacto leve, que é importante para manutenção e recuperação da massa óssea. Nesse mesmo caso, são inadequados esportes de equipe, pelos riscos de quedas e fraturas.
Serviço: Arthemys de Attayde Silva, professor de Educação Física e coordenador da UP!, fone (41) 3016-6592 / José Jacyr Leal Júnior, médico com extensão em sistêmica e pós-graduação em psicomotricidade relacional, fone (41) 3039-3767 / Winston Godoi Martins, ortopedista e médico do Esporte, fone (41) 3244-5757.