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O que se sabe até agora sobre o que causaria ou não câncer? Médicos relacionam alguns fatores. Foto: Bigstock
O que se sabe até agora sobre o que causaria ou não câncer? Médicos relacionam alguns fatores. Foto: Bigstock| Foto:

A Síndrome de Lynch é uma rara alteração genética que resulta na predisposição hereditária a alguns tipos de câncer, principalmente de cólon, endométrio e estômago. Ela é causada por uma alteração em um conjunto de genes que são responsáveis por um sistema que repara nosso DNA.

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“De todos os cânceres de intestino, por exemplo, a síndrome corresponde de 2% a 5% dos casos, e quase o mesmo número para o endométrio”, afirma Victor Ferraz, médico geneticista e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP).

A Síndrome de Lynch apresenta antecipação genética, que significa que a média de idade das manifestações é menor a cada geração. Ou seja, o fenômeno coloca familiares de gerações mais novas na probabilidade de terem câncer mais jovens.

Quando investigar

A investigação da síndrome geralmente é feita a partir de quem já tem um tumor, para identificar se ele tem as características da alteração. Se confirmado, é indicada a investigação dos familiares. A idade precoce é um dos parâmetros para atenção médica. Para Lynch, o critério é o câncer abaixo dos 50 anos.

“Se um parente de primeiro grau teve algum destes cânceres com menos de 50 anos ou dois ou mais parentes de segundo grau apresentaram esses tumores em qualquer idade, vale a pena fazer a investigação”, explica Ferraz.

José Claudio Casali da Rocha, oncogeneticista do Instituto de Oncologia do Paraná (IOP), conta que o teste genético para a síndrome pode ser feito a partir dos 18 anos, já que não existe risco na infância ou adolescência. “Uma vez identificada, o controle regular com avaliações médicas com vários especialistas (oncogeneticista, endoscopista, oncologista, urologista e ginecologista) e exames de imagem periódicos são necessários para o acompanhamento”, explica Casali.

A síndrome e o câncer

Ser diagnosticado com a Síndrome de Lynch não significa que o paciente terá câncer. “A predisposição é genética, mas o aparecimento depende de outros fatores”, explica Ferraz. A mutação indica apenas uma condição de risco maior do que a população geral. “Não é uma condição que tem cura. Porém, com o diagnóstico, é possível começar um acompanhamento mais cedo, com melhores chances de tratamento dos cânceres mais frequentes”, diz o profissional. Para Casali, a identificação da mutação é uma chance para mudar o roteiro da vida.

Risco em porcentagens

De acordo com Casali, o risco de uma pessoa portadora da Síndrome de Lynch desenvolver câncer durante a vida — sem estar realizando nenhuma rotina de prevenção — chega a 90%. Para casos de câncer de intestino grosso, o mais frequente, o risco começa aos 20 anos, chegando a 80% até os 70. Para o câncer de estômago, o risco pode chegar a 20% e para o de endométrio, 40%. “Hoje já discutimos caso a caso o benefício de fazer a histerectomia preventiva e a remoção dos ovários nos portadores de mutação para a Síndrome de Lynch após os 40 anos, evitando riscos futuros de câncer nesses órgãos”, conta o profissional.

Cuidados e prevenção

Diante de um teste positivo para Lynch, é indicado que se inicie um programa de prevenção, removendo e evitando pólipos. Além do acompanhamento médico, ele inclui mudanças de hábitos alimentares e a prática regular de atividades físicas.

“Sabemos da importância da dieta rica em fibras e com pouca gordura e carne vermelha na prevenção dos pólipos, consequentemente reduzindo o risco de câncer. Hoje também restringimos bastante o consumo de açúcares e de alimentos pró-inflamatórios, como glúten e o leite”, conta Casali, que afirma ainda que o estímulo ao exercício aeróbico casado a uma alimentação adequada é capaz de reduzir até 35% o risco de câncer.

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