Saúde e Bem-Estar
Gazeta do Povo
Slime, a geleca caseira, pode ter ingredientes tóxicos e causar acidentes graves
Slime é uma das febres entre as crianças mas pode causar problemas. Foto: Bigstock.
Quem tem criança pequena em casa, sabe: fazer slime caseiro é uma das brincadeiras mais populares. Antigamente conhecido como “geleca” ou “amoeba”, o produto tem consistência gelatinosa e tem feito a alegria de muitas crianças. Além de estimular a criatividade dos pequenos, o brinquedo pode ter, inclusive, efeitos terapêuticos quando bem utilizado.
Entretanto, apesar de parecer inofensivo, alguns cuidados são necessários para garantir a segurança da brincadeira. No ano passado, um alerta da Proteste – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, chamou a atenção para o fato de que o bórax (borato de sódio), substância utilizada para fazer o slime, é o principal vilão dos ingredientes na receita caseira. Segundo a entidade, o ingrediente é também utilizado como matéria-prima de alguns produtos de limpeza, como sabão em pó para máquina de lavar e inseticidas.
“Para ter uma ideia do potencial de risco do bórax, a Anvisa o avalia como classe toxicológica II, isto é, altamente tóxico. O bórax é uma substância alcalina (com pH alto) e tende a danificar a camada de gordura protetora da pele, o que pode causar o surgimento de lesões que parecem feridas vermelhas, que coçam e ardem, e até dermatite de contato, que é uma reação que se assemelha a uma queimadura de pele e causa descamação”, diz o alerta.
O contato com o bórax em quantidades acima do recomendado pode causar problemas como cólicas estomacais, vômitos, diarreia e irritações nos olhos. Outros ingredientes utilizados na fabricação da geleca também podem trazer riscos, como água boricada, bicarbonato de sódio, espuma de barbear, amaciantes de roupas e detergentes.”A maioria dos ingredientes usados no slime caseiro é potencialmente nociva, dependendo da forma de manuseio e de quem o manusear”, informa a Proteste.
Crianças menores podem engolir ou aspirar o produto
A pediatra do hospital Pequeno Príncipe, Neuma Maria Martins da Silva Kormann, ressalta também que os pais devem ter cuidado para que as crianças menores não ingiram ou aspirem o produto.
“Hoje mesmo atendi um caso no pronto socorro de uma criança de três anos que engoliu o produto enquanto a irmã mais velha estava brincando, e os pais não viram.” Por isso, o conselho da médica é de que as famílias supervisionem a brincadeira dos menores, para evitar acidentes.
No caso dessa criança, o corpo expeliu e ela acabou vomitando no dia seguinte e foi levada ao hospital pela mãe. “O caso poderia ter sido mais grave, pois o que acontece algumas vezes é da criança colocar um produto na boca e, em vez de engolir, aspirar pelas vias aéreas. Nesses casos, pode ocorrer uma insuficiência respiratória e, inclusive, levar a criança a óbito”, alerta.
Como reduzir riscos
A associação ressalta que existem no mercado “gelecas” industrializadas, prontas e com o selo do Inmetro (ou seja, já foram testadas e aprovadas, diminuindo assim os riscos de causar algum tipo de dano à saúde da criança).
Para quem quer fazer o produto em casa, a sugestão é utilizar receitas à base de cola branca e bicarbonato, que não contém o boráx, além de sempre ficar de olho e nunca deixar a criança fazer o brinquedo sozinha. “É fundamental acompanhar todos os processos de confecção do slime caseiro junto com as crianças, mas não é possível garantir que o produto final será inofensivo”, afirma a Proteste.
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