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Entre os sintomas mais conhecidos, a coceira intensa, especialmente durante a noite, é o principal sinal. Foto: Bigstock
Entre os sintomas mais conhecidos, a coceira intensa, especialmente durante a noite, é o principal sinal. Foto: Bigstock| Foto:

O surto de sarna que atingiu a Delegacia de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, na última semana levantou o debate sobre a doença. Conhecida no meio médico por escabiose, a sarna humana é causada por um ácaro e, embora seja transmitida entre pessoas, não é incomum que roupas pessoais, roupas de cama ou mesmo animais infectadas contribuam na disseminação da doença.

De acordo com a médica dermatopediatra Juliana Loyola, professora da Universidade Federal do Paraná e da Faculdades Pequeno Príncipe, é preciso um contato íntimo, próximo e prolongado da pele para que a sarna seja transmitida. “Um aperto de mão não há problema. Já abraços ou contatos repetidos, como o ato de amamentar um filho ou contato sexual, são de maior risco”, alerta.

Entre os sintomas mais conhecidos, a coceira intensa, especialmente durante a noite, é o principal sinal. “É importante orientar que a coceira pode persistir cerca de um mês mesmo após o térmico do tratamento”, explica Loyola. Existe também uma forma grave e rara de sarna chamada escabiose norueguesa. Neste caso específico, a transmissão é muito alta e pode ocorrer pelo contato com utensílios de superfície rígida como brinquedos, móveis, assoalho.”

O tratamento da sarna deve sempre ser orientado pelo médico. Além da medicação alguns cuidados são fundamentais para a cura da doença:

  • Durante o período de tratamento, lave diariamente as roupas pessoais e roupas de camas e banho com água quente.
  • Deixe cobertores e tapetes sob a luz solar.
  • Coloque bichos de pelúcia, travesseiros e almofadas dentro de um saco plástico bem fechado e deixe lacrado por uma semana.

A médica reforça que sarna não quer dizer falta de cuidado ou higiene. É importante que pessoas próximas ao doente sejam avisadas e orientadas a procurar atendimento se apresentarem sintomas.

 Animais de estimação

Causada por outro tipo de ácaro, a sarna animal é comum em cachorros e gatos e dificilmente é transmitida para o ser humano. Mas, pode acontecer — principalmente se há um contato mais intenso com o animal infectado, com ocorreu com a arquiteta Schaiany Alli Brandt.

Ao chegar a uma obra que acompanhava, Schaiany teve uma surpresa. Uma cadela havia dado cria na construção. O engenheiro responsável pediu ajuda para cuidar dos filhotes e ela levou um deles para casa. Era para ser temporário, mas a arquiteta se apaixonou por Mel. Era uma fêmea muito frágil e estava tomada por sarna. Nos cuidados diários, que incluíam alimentar o filhote no colo, acabou contraindo a doença.

Surto de sarna em pessoas acende alerta para a doença: não é só falta de higiene

 “Foi uma luta para curar a sarna dela.  E eu nem sabia que sarna de bicho passava para ser humano e fiquei muito em contato com ela. Nesse processo de cuidar dela acabei me infectando. Foi um processo de mais de um mês e meio para curar a cachorrinha com os remédios. Ela perdeu todo o pelo. Agora, após cinco doses do remédio ela está bem. E não foi fácil de curar a minha sarna. Foi um processo longo e acompanhado de uma coceira terrível.”

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Após dois meses e meio, Mel está recuperada e nem parece o mesmo filhote. Os pelos estão sadios e a desnutrição foi resolvida.  A arquiteta também fez o tratamento e se recuperou totalmente da doença.

A arquiteta pegou sarna ao tratar de um cachorrinho doente (Foto: arquivo pessoal)
A arquiteta pegou sarna ao tratar de um cachorrinho doente (Foto: arquivo pessoal)

Hoje em dia está cada vez mais está próximo o contato dos pets com a família. Dentro de casa, em cima da cama, compartilhando até utensílios domésticos. A médica dermatopediatra Juliana Loyola recomenda ter cuidado especialmente com roupas e tecidos de fronhas, travesseiros, almofadas e sofá. “O ácaro pode viver cerca de 36 horas no ambiente”, alerta.

A médica veterinária Ana Carolina Weiber Ferreira recebe com frequência animais com sarna na clínica, principalmente cães resgatados da rua ou adotados. Ela orienta que a primeira providência é identificar o tipo de sarna. Além da consulta, é feito um exame onde a pele do animal é raspada e enviada ao laboratório para análise.

O tratamento dura em média quatro semanas. É prescrito um medicamento e banhos com shampoo especial para aliviar a coceira.  Além da sarna ou escabiose, causada por ácaro e que causa vermelhidão e coceira, a veterinária cita outros dois tipos comuns nos pets:

“Temos a sarna otodécica, ou sarna do ouvido. Também é causada por um tipo de ácaro e pode começar com uma simples dor de ouvido nos cães e gatos. É transmitida entre animais mas não passa para o ser humano. Há ainda a sarna negra, ou cemodécica: “Essa sarna é congênita e não contagiosa. É muito comum em animais comprados em canis onde há melhoramento genético das raças. Nesse tipo de sarna, o animal deve receber a medicação a cada três meses para controle da doença”, explica.

A veterinária lembra que outras bactérias e fungos podem causar sintomas parecidos com os da sarna. Em casos de feridas e coceira, os animais devem ser examinados imediatamente. Em animais saudáveis é suficiente uma consulta anual feita junto com atualização das vacinas. Para cães e gatos idosos, com mais de oito anos de idade, convém consultar semestralmente.

Após o tratamento, Mel ficou totalmente recuperada da sarna. (Foto: arquivo pessoal)
Após o tratamento, Mel ficou totalmente recuperada da sarna. (Foto: arquivo pessoal)

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