Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Três em cada cinco bebês não são amamentados na primeira hora de vida

Amanda Milléo
01/08/2018 12:04
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(Foto: Bigstock)

Cerca de 78 milhões de bebês no mundo, ou três a cada cinco nascidos, não são amamentados na primeira hora de vida, de acordo com dados de uma nova pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) em parceria com a UNICEF, lançada na última terça-feira (31). Os números fazem parte do estudo ‘Capture the Moment‘ (ou Capture o Momento, em português,) que analisa os dados de amamentação de 76 países.
A primeira hora depois do nascimento é fundamental para que se dê início à amamentação. O colostro, esse primeiro leite materno que se forma, embora não seja grande em quantidade, contém todos os nutrientes que os bebês precisam para começar a vida fora do útero.
“O bebê, quando nasce, não tem a microbiota [conjunto de micro-organismos] formada e o colostro é rico em substâncias, como os anticorpos, as imunoglobulinas, que favorecem a proteção no intestino do bebê. Além de evitar o crescimento das bactérias patogênicas, ainda estimula a formação de uma mucosa no trato gastrointestinal, favorecendo o crescimento das bactérias boas”, explica Marcilene Teixeira Lima Oku, médica pediatra/neonatologista do hospital Nossa Senhora das Graças.
Iniciar a amamentação tão logo o bebê nasça também aumenta as chances de a criança permanecer no aleitamento materno exclusivo até o sexto mês, pelo menos. Mas, os benefícios da amamentação precoce também cabem às mães.
“Ao amamentar nessa primeira hora, o cérebro recebe a informação de que o bebê nasceu e manda produzir dois hormônios importantes: a prolactina, que produz o leite materno, e a ocitocina, que ajuda na contração do útero, reduzindo o sangramento e o risco de hemorragia”, reforça Oku. 
Há ainda estudos, segundo Monique Costa, enfermeira chefe do departamento de Atenção Primária em Saúde da Secretaria de Saúde do Paraná, que associam a amamentação precoce a redução no risco de câncer de mama, útero e depressão pós-parto, visto que incentiva o vínculo entre mãe e bebê.
“Ao nascer, a criança passa por um processo de separação, de expulsão do útero, que gera um grau de angústia e sofrimento. O bebê também precisa respirar, tem toda uma troca de temperatura e uma adaptação fora do corpo da mãe. Mas o bebê já conhece a voz da mãe, os batimentos cardíacos e a respiração dela ajudam na estabilização dos dele. Por isso a importância de, após o nascimento, o bebê – desde que esteja saudável – permanecer nesse contato pele a pele com a mãe”, explica a pediatra Marcilene Oku.

Aleitamento materno aos prematuros

Nascendo sem nenhum risco à vida, não há nada que impeça o bebê de ficar encostado junto à pele da mãe, logo depois do nascimento. Quando o bebê nasce prematuro ou com qualquer outra condição que coloque risco à vida, no entanto, o contato com a mãe deve ser deixado de lado – mas isso não impede que a criança receba o máximo de humanização possível.
“Quanto mais rápido a mãe conseguir passar um pouco de colostro, mesmo para a criança prematura, mesmo pela sonda, estimula o fortalecimento da saúde dessa criança”, reforça a médica pediatra Marcilene Oku.
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