Saúde e Bem-Estar

Cecília Aimée Brandão, especial para a Gazeta do Povo

Troca de mensagens por aplicativos não substitui consulta médica; saiba quando aderir

Cecília Aimée Brandão, especial para a Gazeta do Povo
05/05/2019 10:00
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Não se deve nunca negligenciar instabilidades clínicas. Se parecer grave, melhor ir ao médico imediatamente. Foto: Bigstock.

Muitos médicos, de diferentes especialidades, têm aderido à comunicação via aplicativos de mensagem, como o WhatsApp, com seus pacientes. Por ser muito prática para os dois lados – o paciente recebe respostas sem precisar ir ao consultório e o médico garante um acompanhamento mais de perto – já é considerada usual.
O assunto chegou inclusive às discussões do Conselho Federal de Medicina, que emitiu um parecer exclusivo sobre o tema explicando que é permitido o uso do aplicativo para comunicação entre médicos e seus pacientes para enviar dados ou tirar dúvidas. De acordo com o Conselho, a prática traz incontáveis benefícios na busca do melhor diagnóstico e acompanhamento do paciente e suas enfermidades.
O geriatra do Hospital Santa Cruz, Carlos Sperandio, é adepto da comunicação via aplicativos de mensagem. “Uso muito com meus pacientes. O aplicativo é ótimo para tirar dúvidas e ter orientações pontuais”, explica.

O médico também alerta para a atenção aos casos urgentes: “o paciente deve sempre tentar o contato por telefone ou mesmo presencialmente. Não se deve nunca negligenciar instabilidades clínicas. Se parecer grave, melhor ir ao médico imediatamente”.

Nesses casos, para adultos, se enquadram dores no tórax em pacientes com fatores de risco cardiovascular (mais de 50 anos, sedentarismo, obesidade, tabagismo, colesterol elevado, pressão alta, sexo masculino, histórico familiar de doenças do coração) e também sinais de AVC – Acidente Vascular Cerebral –, como fala enrolada, face com a boca torta e perda da força de um braço e/ou perna.
Na pediatria, as mensagens trocadas com o médico são importantes para agilizar o encaminhamento – seja ele hospitalar ou uma consulta ambulatorial.

“[Os apps de mensagem] são uma ferramenta útil para orientarmos as famílias nos casos de pequenas dúvidas. Na pediatria, a maioria delas está relacionada à necessidade ou não de consultas médicas, pois a febre dos pequenos é sempre preocupante. Outro questionamento frequente diz respeito ao aleitamento materno ou à alimentação complementar dos bebês”, explica o pediatra Luiz Henrique Garbers.

Certa vez, uma paciente solicitou ao pediatra, por aplicativo, dicas sobre como realizar o exame clínico no seu filho, em casa. “Porém, precisamos sempre usar o bom senso no manejo das informações, tanto por médicos, como pelos pacientes. Nada substitui uma entrevista médica e o exame clínico ao vivo”, completa.
Ao trocar mensagens com o médico, é importante também contextualizar o histórico e, principalmente, identificar-se. “Facilita, pois muitas vezes as fotos dos perfis no aplicativo não favorecem o reconhecimento do paciente. Já me vi várias vezes em uma saia justa por não saber com quem estava falando – em uma ocasião a foto do perfil era da família toda em uma estação de esqui, todos com capacete e roupas de neve. Jamais saberia de quem se tratava”, conta o geriatra Carlos Sperandio.
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