Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Vá devagar! Esta é a melhor dica de vida saudável em 2017

Amanda Milléo
02/01/2017 09:00
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A mudança de hábito pode começar agora, mas lembre-se que há um longo percurso pela frente. Não desista! Fotos: Bigstock

Nunca comece uma dieta radical na segunda-feira. Nem se inscreva para ir os cinco dias da semana na academia. Para colocar hábitos mais saudáveis na rotina em 2017, a primeira regra dos especialistas é “vá devagar”. Mudar hábitos demora seis meses e não é abandonando os doces do dia para a noite ou se jogando na aula de spinning que fará com que os resultados venham mais rapidamente.
Exercícios aeróbicos, como corrida e natação, ajudam na queima de gordura durante a prática. Depois, no descanso, o gasto energético é muito pequeno se comparado a exercícios de intensidade intervalada, os chamados Hiit. Calçar os tênis e correr todos os dias na primeira semana de janeiro, portanto, pode não ser tão efetivo para ter uma vida mais saudável quanto caminhar e intercalar a corrida aos poucos.
“Mesmo que alguns exercícios não queimem tanta gordura na hora da prática, eles agem desta forma depois, durante o descanso. A pessoa que não entende isso se frustra porque não atinge as 300 calorias que o aplicativo no celular diz para ela atingir, e isso pode desestimular”, explica Ana Cristina Huber, personal trainer vencedora do prêmio Top Trainer Brasil 2016.
Os aplicativos móveis, como pulseiras inteligentes e smartwatches, lideram a lista de tendências fitness para 2017, promovida todos os anos pelo Colégio Norte-americano de Medicina Esportiva. Para que ajudem, de fato, na perda de peso é preciso a orientação de especialistas, pois sozinhos tendem a atrapalhar, conforme estudo da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, divulgado em setembro no Journal of American Medical Association (Jama).
Durante dois anos, os pesquisadores acompanharam o processo de emagrecimento de 500 pessoas. Metade delas recebeu um gadget, mas não foi a metade que mais perdeu peso. “O que determina se os gadgets ajudam a atingir o resultado são as metas que as pessoas colocam. Elas querem resultados de forma muito rápida e colocam metas muito extensas, que desestimulam e levam ao abandono da prática”, avalia Ana Cristina.
Ao determinar um peso total, por exemplo, que queira perder, a meta ainda está bem distante e pode levar meses para atingir. Escolher caminhar durante uma hora, de duas a três vezes na semana, por outro lado, é uma meta mais direta e alcançável.

Estágios da mudança

Incorporar os novos hábitos na rotina demora, pelo menos, seis meses, conforme explica a personal trainer Ana Cristina Huber, e a pessoa passa por quatro estágios importantes durante a mudança.
Em primeiro lugar, a pessoa olha os exercícios, mas acredita que eles não valem a pena ou que servem aos outros, mas não para ela. Em seguida, passa a considerar as recomendações dos médicos, dos familiares e amigos de que talvez aquela atividade seja uma boa ideia. Na terceira, ela analisa as atividades físicas para escolher uma e, no quarto estágio, entra em ação.
“O que temos sempre de pensar é: nos seis meses até a mudança se tornar hábito, eu não posso nem deixar os exercícios em segundo plano, nem fazer metas muito longas. Ir à academia, no início, cinco vezes na semana é muita coisa. Proponha-se a ir duas vezes. No terceiro mês, mude para três dias e, até o quinto mês, vá todos os dias”, sugere Ana Cristina.

Como não abandonar?

Confira algumas dicas do Viver Bem para começar com o direito – e manter-se assim – na vida saudável:
1) O incentivo do tênis novo: Seja qual for o motivo pelo qual você decidiu comprar aquele tênis novo, se ele incentivou a ida à academia, valeu a pena. “A pessoa cria uma dependência: tenho a roupa, preciso mostrar, tenho que fazer alguma coisa com ela. Mas, acima de tudo, ela precisa de outros fatores que a motivem. Precisa achar exercícios que façam com que ela se sinta bem. Só o tênis novo não adianta”, explica André Hauer, personal trainer, finalista do prêmio Top Trainer Brasil 2016 e professor da BodyTech Curitiba.
2) Não gosto de musculação: O não gostar de alguma atividade está relacionado a uma experiência negativa com a prática, conforme explica Hauer. “Tento identificar o que aconteceu para aquela pessoa não gostar do exercício e falo da importância dele. A musculação deve ser feita por qualquer pessoa, adequada ao tipo de treinamento”, explica.
3) Mesma função, mas feito de formas bem diferentes: Se não houver jeito de gostar da musculação, troque por Pilates, balé fitness, ou mesmo o Crossfit, que trabalham as funções neuromusculares da mesma forma. “O praticante precisa encontrar, dentro dessa série de atividades, o que lhe dá mais prazer, e o profissional precisa estar antenado para saber como adequar”, afirma a personal trainer Ana Cristina Huber.
4) Faça esporte, não academia: Não é tão comum quanto poderia, mas juntar um grupo de pessoas que se interesse pelo mesmo esporte e agendar treinos com a finalidade de se exercitar pode ser uma solução. “Quando se é criança, tudo é mais fácil, até juntar os amigos para uma partida de futebol. Na vida adulta, as atividades do dia a dia atrapalham, mas seria uma atividade fantástica”, diz Ana Cristina.

Ansiedade atrapalha a dieta

É comum achar que os resultados da alimentação saudável apenas aparecem se a dieta for radical, e se começar na segunda-feira. Isso é um mito e a ansiedade pode, inclusive, prejudicar a mudança da rotina. Por outro lado, a própria alimentação consegue reduzir e controlar a ansiedade, de acordo com Cintya Bassi, nutricionista do Hospital e Maternidade São Cristóvão, em São Paulo.
“No começo da dieta, é interessante estimular o consumo de alimentos que deixam as pessoas mais calmas e tranquilas, como o alface que tem substâncias comprovadas que acalmam. O espinafre é outro exemplo, que tem a deficiência associada à depressão, e os alimentos com vitaminas do complexo B atuam no sistema nervoso. Até mesmo o carboidrato é importante neste momento, fundamental para dar energia”, explica a nutricionista.
Derivados do leite desnatados com geleia ou frutas picadas e chocolate meio amargo também são alimentos que equilibram a ansiedade no início da mudança de hábitos e podem ser consumidos sem problema. “Na alimentação, assim como nos exercícios físicos, não é interessante que a pessoa mude a rotina totalmente no começo. Até ontem você se alimenta de uma forma e a partir de segunda é algo completamente diferente. Isso gera ansiedade e nervosismo, porque ninguém consegue seguir todos os dias”, diz Cintya.
Da mesma forma que a prática física, a alimentação saudável exige metas claras e curtas. Se você nunca come nenhum tipo de fruta, tente inclui-las nas refeições da próxima semana. Da mesma forma, lembre-se de tomar mais água, se essa for uma dificuldade. “Estabelecer o tempo para cada meta é muito individual”, reforça Cintya.

Exercício de acordo com a personalidade 

Achar a atividade física mais adequada para você passa, inclusive, pela sua personalidade – e o personal trainer deve saber disso. “Uma pessoa mais quieta pode não se sentir bem em uma atividade em grupo, enquanto uma pessoa mais espontânea pode enjoar facilmente de uma prática isolada e se sentir mais confortável em um treino dinâmico”, afirma André Hauer, personal trainer.

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