Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Além de reduzir dores musculares, técnica de “copos de vidro” tem fins estéticos

Amanda Milléo
24/07/2018 12:00
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(Foto: Bigstock)

Desde as Olimpíadas do Rio de Janeiro, quando o nadador norte-americano Michael Phelps apareceu com as costas marcadas por manchas roxas, o interesse pela técnica da ventosaterapia cresceu no país. Através da aplicação de copos de vidro diretamente na pele que, a partir de um mecanismo de sucção, puxam a musculatura, a técnica visa o alívio de dores, sejam elas crônicas ou não.
Embora tenham poucos estudos sobre a ventosaterapia, os benefícios são comprovados, conforme explica Juliana Thiemy Librelato, fisioterapeuta coordenadora do serviço de Fisioterapia da PROFISIO, no hospital Marcelino Champagnat e professora das Faculdades Inspirar:

“Com finalidade terapêutica,  ao ativar a circulação pela sucção através de ventosas, provoca-se alívio das dores musculares e articulares, dores abdominais, tensões, melhora o sistema circulatório, entre outras”, doz Librelato.

Mesmo quem busca a técnica para fins estéticos, Librelato diz que o tratamento pode ajudar, visto que aumenta a circulação sanguínea na região. Pode ser usado, portanto, na redução de celulites, estrias, gorduras localizadas, acnes, rugas faciais, redução de edemas, além dos contornos corporais e faciais.
(Foto: Lidiane Guigni / arquivo pessoal)
(Foto: Lidiane Guigni / arquivo pessoal)

Como funciona a ventosaterapia?

Quando chega alguém com sintomas de dor muscular na clínica onde trabalha Lidiane Ribeiro Giugni, fisioterapeuta acupunturista, com experiência na prática da ventosaterapia, o primeiro passo que ela toma é fazer uma anamnese do paciente. Conforme os relatos dos sintomas, ela calcula se a pessoa vai precisar apenas da ventosa ou de uma mescla de técnicas, como a acupuntura – o que é bem comum.
Aos pacientes idosos, cuja pele se torna frágil com o tempo, pessoas com febre, infecções na pele, feridas, trombose, gravidez (apenas com liberação médica), em tratamento contra cânceres, pessoas com fraturas no local onde será colocada a ventosa e doenças hemorrágicas, como pacientes hemofílicos, a técnica é contra-indicada. 
Uma vez indicada, a pessoa deita em uma maca e os copos de vidro são aplicados. “Cada copo tem uma válvula na ponta e, com uma pistola, eu consigo fazer a sucção. Os copos podem ficar tanto fixos em um local específico, como uma articulação, quanto em movimento. Posso aplicá-los e deslizá-los pelo corpo e, neste caso, aplico um óleo antes sobre a pele”, explica Giugni, da Clínica Fisiomed.
Embora os copos fiquem entre cinco a 15 minutos, no máximo, em contato com a pele, o resultado a todos os pacientes se dá pelo surgimento de manchas vermelhas, decorrentes da sucção. “Na medicina chinesa, nós estudamos até mesmo essas bolas que se formam, a partir da tonalidade que adquirem – algumas ficam mais escuras, outras mais claras, entre outras questões”, relata a fisioterapeuta.
A aplicação pode ser feita em diferentes partes do corpo, conforme os sintomas do paciente, como barriga, costas, abdome, pernas e braços. Não há, também, limite na quantidade de copos. “Eu tenho no consultório uma caixa com 20 copos. Às vezes eu coloco todos. Por exemplo, quando eu trabalho na coluna do paciente, vão todos os copos.”
(Foto:
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Dor?

As primeiras puxadas são as mais difíceis, especialmente quando o músculo está bem contraído, mas depois dos primeiros movimentos, a dor alivia, garante Lidiane Ribeiro Giugni, fisioterapeuta acupunturista. E foi o que percebeu Joseane Reginaldo Kogut, praticante da técnica.
“Na primeira sessão senti dor sim, mas nada insuportável. Uma dor que melhora e vai passando conforme o tempo em que a ventosa fica no corpo”, conta a empresária de 32 anos, que buscou pela ventosaterapia por causa de dores no ombro. “Sempre tive tendão inflamado e a minha maneira de dormir também piorou as dores. Faço Crossfit e a dor chegava a atrapalhar meus treinos.”
Em duas sessões, as dores praticamente sumiram, o que fez Joseane voltar ainda mais duas vezes ao consultório buscando pela prática. Ao lado da acupuntura, ela garante que não vê nenhum lado negativo – nem mesmo as manchas: “acho a técnica maravilhosa.”
“Não precisa esperar desaparecer as manchas para fazer novamente. Mas, eu peço para os pacientes esperarem pelo menos sete dias. A frequência nas aplicações variam conforme os sintomas. Se eu calculo que aquela pessoa vai precisar de cinco sessões, mas na terceira vejo que não há mais necessidade, dá para mesclar outros procedimentos, como a acupuntura”, reforça Giugni.
De acordo com a fisioterapeuta Juliana Librelato, podem ser feitas sessões isoladas, para casos específicos, e até oito sessões, uma vez por semana, em dois meses consecutivos. “O cuidado deve ser tomado pois quando a ventosa é colocada com muita pressão ou é deixada por muito tempo, pode haver o surgimento de bolhas de sangue no local fazendo com que a técnica tenha que ser cessada imediatamente”, explica.
Foto: Lidiane Giugni)
Foto: Lidiane Giugni)

Limpeza do sangue

A partir da sucção, a ventosaterapia promove um aumento na circulação sanguínea da região e, da mesma forma que um pulmão, atua na limpeza do sangue, promovendo a eliminação de gases estagnados. Assim, também melhora a resistência do organismo e favorece a respiração da pele.
Há também um efeito desintoxicante, que colabora no relaxamento do paciente. “A diferença pressórica gerada pelo vácuo desloca a pele do músculo corroborando para o aumento da quantidade de sangue, gerando no indivíduo uma ação relaxante. Outra indicação pode se dar através de fins estéticos, como por exemplo o tratamento de celulites e estrias, uma vez que há este aumento da circulação sanguínea”, reforça Juliana Librelato, fisioterapeuta.

Custo? A técnica sai, em média, R$ 50, por sessão.

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