Saúde e Bem-Estar

Cíntia Vegas, especial para a Gazeta do Povo

Nas mulheres, vontade incontrolável de comer doces indica redução hormonal

Cíntia Vegas, especial para a Gazeta do Povo
19/03/2019 08:00
Thumbnail

Vontade de comer doces pode estar ligado a mudanças hormonais. Foto: Bigstock.

Sabe aquele desejo incontrolável de comer um doce que aparece de vez em quando? Muitas vezes, no que diz respeito às mulheres, ele pode não ser apenas uma vontade, mas sinal de que o organismo busca alguma forma de compensação a uma baixa da produção hormonal.
Recentemente, uma pesquisa realizada pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo, ouviu cerca de mil pessoas sobre o consumo de açúcar e chegou à conclusão de que 53,5% dos que fazem uso frequente do produto são do sexo feminino.
No geral, segundo o médico nutrólogo Guilherme Augusto Rolim de Moura, membro da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), existe uma preferência acentuada das pessoas por pratos doces, o que pode ser considerado um mau hábito alimentar. Porém, as mulheres são mais inclinadas a consumir açúcar em períodos específicos da vida.

“Elas geralmente sentem mais vontade de comer doces nos dias que antecedem o período menstrual, ou seja, durante a fase de TPM (tensão pré-menstrual), e após a menopausa. Nestas situações, ocorre uma redução de estrógeno e progesterona no organismo”, explica.

O declínio da produção hormonal resulta em variações na geração de neurotransmissores. O corpo acaba buscando a compensação disso na alimentação. Desta forma, se a pessoa tem uma preferência por alimentos doces, vai inevitavelmente acabar procurando ingerir produtos com maior quantidade de açúcar.
O chocolate estimula a produção de serotonina (que traz prazer) e ajuda na liberação da endorfina. Foto: Bigstock.
O chocolate estimula a produção de serotonina (que traz prazer) e ajuda na liberação da endorfina. Foto: Bigstock.
Alguns alimentos interferem na produção de neurotransmissores. O chocolate, por exemplo, estimula a produção de serotonina (que traz prazer) e ainda é composto de cacau, que ajuda na liberação da endorfina (substância que proporciona sensação de bem-estar e bom humor).

“É errado pensar que o açúcar vai diminuir o estresse ou os sintomas de ansiedade. A sensação de melhora que ele proporciona é momentânea, podendo haver aumento de peso, com risco de desenvolvimento de diabetes, colesterol alto e hipertensão”, diz a médica endocrinologista Salma Ali El Chab Parolin, que é diretora da regional paranaense da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

Substituindo o açúcar
Como forma de minimizar o consumo de açúcar, são indicados os chamados doces funcionais, que estão cada vez mais presentes nas prateleiras dos supermercados e são livres de farinha refinada e açúcar branco.
Outra dica é ingerir alimentos reconhecidos como estimulantes da serotonina, como banana, leite semidesnatado, frutos do mar, carnes brancas e ovos. As castanhas também podem ser consumidas, mas com moderação. “O ideal seriam três castanhas do Pará ou duas nozes por dia”, aconselha Salma.
Além da alimentação, devem ser adotadas mudanças nos hábitos de vida. Beber bastante água, realizar atividades físicas regularmente e dormir bem são essenciais. Buscar ajuda profissional multidisciplinar – de nutrólogos, endocrinologistas, nutricionistas, psicólogos e educadores físicos – também é indicado.
Fonte: Conselho Regional de Nutricionistas da 8ª. Região/Paraná
LEIA TAMBÉM