Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Impacto dos xenobióticos e desperdício de alimentos: como será o futuro da alimentação?

Amanda Milléo
24/10/2019 08:00
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Conhece os risco das substâncias xenobióticas para a saúde? Confira! Foto: Bigstock

O nome pode até ser diferente, mas os xenobióticos são substâncias bastante conhecidas atualmente.
Em termos mais mundanos, tratam-se de produtos que causam algum mal à saúde, como os agrotóxicos, pesticidas ou defensivos agrícolas. Estes são, inclusive, os representantes mais conhecidos dos xenobióticos.
Com estrutura química semelhante aos hormônios humanos, porém sintéticos, os xenobióticos agem no organismo como se fossem os naturais. Assim, acabam por desregular a cascata hormonal do corpo e desenvolver doenças crônicas não transmissíveis, como câncer, diabete e hipertensão.

“Uma das formas com que a gente aumenta a concentração dessas substâncias é via alimentação, principalmente dos agrotóxicos. Mas os xenobióticos não estão apenas neles. Os plásticos também. Hoje vemos muitos alimentos embalados em plástico, que acabam contaminados e as pessoas absorvem essas micropartículas”, explica Luisa Wolpe Simas, nutricionista que apresentará o tema durante o Sapere Saber e Sabor, evento de Nutrição e Gastronomia, que acontece nos dias 24, 25 e 26 de outubro, em Curitiba.

Cosméticos em risco

Mesmo quem está atento à alimentação não está livre do contato com os xenobióticos. De acordo com a nutricionista, que também é mestre em Medicina Interna e Ciências da Saúde pela UFPR, há vários estudos na literatura científica sobre o impacto na saúde dessas substâncias presentes em cosméticos.

“Tem estudos que tratam da relação entre cosméticos e câncer de mama. Isso porque, quando passamos um creme hidratante, por exemplo, passamos no rosto e no colo, e esse quadrante superior é bem exposto. Tem muito cosmético que contém substâncias xenobióticas, como o propilenoglicol e os parabenos”, reforça a nutricionista. 

Embora leve um tempo até que doenças como o câncer se desenvolvam, o contato frequente e a exposição contínua a essas substâncias — como por meio da alimentação — aumenta o risco.
“A discussão está crescendo, mas ainda está em passos lentos. Até porque a própria indústria mascara muita coisa. É muito difícil ainda para uma pessoa leiga ler e identificar [as substâncias] no rótulo, e a nomenclatura também dificulta”, diz.

Como se livrar dos xenobióticos?

Há estratégias nutricionais, conforme explica a especialista, que amenizam e colaboram com a desintoxicação feita pelo próprio corpo, para se livrar mais rápido dessas substâncias.
“Podemos ingerir, para ajudar nessa eliminação, são alimentos como as hortaliças brássicas: couve flor, brócolis, repolho e couve. O suco verde começou dessa ideia, mas não que ele vá desintoxicar o corpo. Quem faz a desintoxicação é o próprio corpo, mas você pode fornecer os alimentos que auxiliam nesse processo”, reforça a nutricionista.

Dieta low carb é moda

Modismos da alimentação, especialmente o impacto das dietas, são outro tema que será abordado durante o evento de Nutrição e Gastronomia Sapere Saber e Sabor. Conforme explica Lili Purim Niehues, nutricionista e uma das organizadoras do evento, o encontro servirá também para a revisão de algumas ideias da nutrição.

“Pesquisas são muito importantes, mas é preciso ter uma visão sistêmica da alimentação. Do contrário, são colocadas na caixinha de ‘saudável’ algumas coisas que são em um momento específico, mas não sempre. Como a dieta low carb. Para alguns momentos e algumas pessoas, serve. Mas não para todas, e nem é uma dieta para a vida”, reforça a nutricionista. 

Nieheus cita, por exemplo, o caso de atletas. Sem uma dieta com carboidratos, o rendimento reduz. “O mesmo vale para um trabalhador, caso a pessoa tenha uma atividade física intensa. Às vezes, ela tem um gasto calórico similar a de um atleta”, explica.

“A nutrição tende a parecer dura, disciplinada. E não precisa ser assim. Ela pode ser alegre e saborosa. O que não pode é associar a inatividade física à escolha alimentar. Eu me mexo pouco, portanto vou fazer uma dieta. Como uma pessoa pode achar bom deixar de mastigar para passar a vida tomando shake? Por um tempo funciona, mas não para sempre”, reforça. 

Jogar fora ou comer depois da validade?

Para a nutricionista Lili Niehues, a data de validade deveria deixar de existir nos alimentos em prol da sustentabilidade. “Uma coisa é você saber que aquele alimento é melhor ser consumido em seis meses. Outra é que ele vai expirar em seis meses. Naquela noite de virada da data de validade, o alimento não vira abóbora, não vira bicho. E o alimento jogado fora é um problema de sustentabilidade”, explica.
A especialista cita o caso do sal: “Precisa ter data de validade em sal? Tem alimentos que são impróprios para o consumo mesmo antes da data expirar, dependendo do armazenamento, por exemplo. Mas não tomar o iogurte porque vai vencer amanhã? Aí é exagero.”

Sapere Saber e Sabor – evento de Nutrição e Gastronomia 2019

Datas: 24, 25 e 26 de outubro.
Local: FIEP Campus da Indústria.
Endereço: Avenida Comendador Franco, 1341. Jardim Botânico. Curitiba – PR.