Televisão

Emissoras apostam em remakes de programas de tevê de olho no saudosismo

Willian Bressan*
11/12/2015 22:00
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O elenco da "Escolinha do Professor Raimundo" em selfie após uma gravação do programa. (Fotos: divulgação)

Na televisão, assim como em Hollywood, recorrer ao passado para garantir sucesso de crítica e de público é uma prática comum. E que muitas vezes funciona. Foi só a nova versão da “Escolinha do Professor Raimundo” estrear no canal Viva para liderar a audiência da tevê por assinatura e tornar-se o programa mais visto do ano no canal. A ideia era comemorar os 25 anos da estreia da versão original. Desde 2010, o humorístico original voltou ao ar no próprio Viva, tornando-se um dos principais sucessos de audiência do canal pago. O novo programa, aliás, passa a ser exibido a partir deste domingo (13), as 14h30, após o “Esquenta”, com sete episódios gravados.
Ricardo Waddington, diretor de gênero da Globo, e responsável pela produção da nova Escolinha comemora: “nós celebramos uma homenagem diante da obra gigante do Chico. Conseguimos reunir um elenco espetacular”, afirma.
Com o sucesso, o Viva cogita, em parceria com a Globo, refazer “Viva o Gordo” com Leandro Hassum e participação de Jô Soares, o capitão gay original para 2016 e ganha força o rumor de que a “Escolinha do Professor Raimundo” ganhe mais episódios inéditos na Globo. A novela “Sassaricando” (1987), por exemplo, terá personagens originais como Tancinha (Cláudia Raia) “aproveitados” em “Haja Coração”, próxima novela das 19 horas.
Jô Soares como o Capitão Gay no "Viva o Gordo", programa da década de 1980. (Foto: Cedoc/Globo)
Jô Soares como o Capitão Gay no "Viva o Gordo", programa da década de 1980. (Foto: Cedoc/Globo)
Não chega , no entanto, ser surpreendente o sucesso de alguns remakes na tevê. Afinal, só se escolhe investir em adaptações de obras que deram certo antes. “Certamente traz alguma segurança. Um tema que já é conhecido e deu certo no passado pode garantir a audiência de antigos fãs e a curiosidade de novos espectadores”, analisa o crítico de tevê Mauro Trindade.
A novela "Mulheres de Areia", remake do original de Ivani Ribeiro, de 1973, volta ao ar no Canal Viva. (Foto: Cedoc/Globo)
A novela "Mulheres de Areia", remake do original de Ivani Ribeiro, de 1973, volta ao ar no Canal Viva. (Foto: Cedoc/Globo)
Ivani Ribeiro, por exemplo, enquanto esteve na Globo só escreveu uma novela inédita. A maioria dos trabalho foi atualização de seus sucessos na TV Tupi como “Mulheres de Areia”, que ganhou nova versão em 1993, com Gloria Pires, e “A Viagem”, refeita em 1994.
Bons frutos
A novela "Cúmplices de Um Resgate", do SBT, é uma versão adaptada de uma trama mexicana. (Foto: SBT/Divulgação)
A novela "Cúmplices de Um Resgate", do SBT, é uma versão adaptada de uma trama mexicana. (Foto: SBT/Divulgação)
O SBT também colhe bons frutos com suas apostas em adaptações, mas ultimamente tem optado pelas tramas latinas. Desde que Iris Abravanel, esposa de Silvio Santos, se tornou a única autora titular da emissora do marido, sua única novela que não foi adaptada ou inspirada em outra foi justamente sua primeira, “Revelação”, que teve média geral de cinco pontos. Menos da metade dos 12 pontos conquistados por “Carrossel”, entre 2012 e 2013. Atualmente, está no ar uma versão brasileira da mexicana “Cúmplices de um Resgate“. E que será substituída, no ano que vem, por “Carinha de Anjo”.
A Record também foi mordida pela onda do remake. Em 2006, a nova versão da história protagonizada por Lucélia Santos em 1976 na Globo, “A Escrava Isaura” fez sucesso e depois das releituras de Bicho do Mato e Dona Xepa há planos de uma nova versão: “Pai Herói“, escrita por Janete Clair em 1979, pode ganhar uma versão atualizada por Carlos Lombardi. Mas faltam resolver questões relativas aos direitos autorais, uma vez que a novela pertence à Globo e os originais das radionovelas de Janete estão em posse do SBT.
*com Estadão Conteúdo