Turismo

Moradores e turistas relatam caos em Bariloche; com neve e -25°C aeroporto fecha

Agência Estado, colaborou Marina Mori
18/07/2017 11:46
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Foto: Alessandra Gevaerd Araújo / Arquivo Pessoal

A nevasca que atinge a Patagônia desde a última sexta-feira (14) está mudando a rotina de moradores e turistas, principalmente quem está em Bariloche, destino de férias de muitos brasileiros. A cidade registrou a menor temperatura dos últimos 50 anos. Segundo o Serviço Meteorológico Nacional, a temperatura mínima chegou a -25,4°C, com -29ºC de sensação térmica.
A tempestade que atingiu a região no último fim de semana foi a maior em 27 anos e afetou vários serviços na cidade, levando até ao cancelamento de voos, durante a alta temporada. A neve, que costuma atrair os turistas, se transformou em pesadelo para os que se viram impedidos de decolar.
O aeroporto de Bariloche permaneceu fechado na sexta-feira e no sábado (15). No domingo, quando as operações foram retomadas, a maioria dos voos saiu da cidade com atraso, segundo a ANAC, autoridade de aviação civil argentina. Com a instabilidade do clima, o aeroporto voltou a ser fechado na tarde desta segunda-feira, 17.
A assessora jurídica Alessandra Gevaerd Araújo presenciou a confusão na volta das férias com a família. Depois de passarem quase uma semana em Bariloche, voltaram a Buenos Aires no domingo. “As filas no aeroporto estavam caóticas. Ouvi relatos de pessoas que ficaram de sábado de manhã até domingo à tarde sem qualquer ajuda ou informação, dentro do aeroporto”, conta.
O voo da família, marcado para domingo às 20h15, decolou com cinco horas de atraso. Segundo ela, a prefeitura de Bariloche e a Latam estão disponibilizando transporte até Buenos Aires para quem ainda não conseguiu sair do aeroporto da cidade turística. “Como os carros têm que andar a 40 quilômetros por hora por causa da neve, a previsão é de que a viagem dure mais de um dia!”, afirma. A distância entre as cidades é de aproximadamente 1600 quilômetros.
Apesar do estresse da volta, a primeira visita a Bariloche pode ser bem aproveitada. “Apesar de tudo, quase não sentimos o peso do caos. Tivemos apenas um passeio cancelado, no sábado, mas a agência nos devolveu o dinheiro”, diz.
Além disso, Alessandra conta que os turistas aproveitaram a situação para se divertir. “Muitas ruas estavam interditadas e as pessoas estavam fazendo ‘skibunda’ por toda a cidade”, lembra.
Alessandra e a família aproveitam a neve. Foto: Arquivo Pessoal
Alessandra e a família aproveitam a neve. Foto: Arquivo Pessoal
Para algumas pessoas, porém, a neve não foi sinônimo de diversão. A paranaense Renata Torres, que mora em Bariloche há cinco anos, ficou quase dois dias sem luz, por conta dos galhos que caíram sobre os cabos, e sem água desde sexta-feira – a tubulação congelada voltou ao normal somente nesta madrugada. “Quinta-feira eu voltei do trabalho de tarde e tive que deixar o carro a umas cinco quadras, na casa do vizinho, porque não consegui chegar. Não sei como vou buscar e nem quando. Nunca tinha visto tanta neve assim na cidade”, conta.
Para ela, Bariloche mostrou um grande despreparo para uma situação assim. “A neve é a principal fonte de renda daqui. Se não tem neve, não tem temporada. A cidade tem que estar preparada para isso. Espero que essa situação sirva de alerta para as autoridades”, aponta.
Renata explica que os bairros que não são próximos do centro são quase como bosques e, por isso, o número de árvores é grande, mas não há manutenção (podas) por parte da prefeitura. Sua casa, que fica a 12 quilômetros do centro, ficou quase escondida de tanta neve.
Vista do quarto de Renata, em Bariloche. Da foto, é possível ver um galho quebrado com o peso da neve. Foot: Arquivo Pessoal.
Vista do quarto de Renata, em Bariloche. Da foto, é possível ver um galho quebrado com o peso da neve. Foot: Arquivo Pessoal.
Para sair de carro, ela conta que é preciso amarrar correntes nas rodas e dirigir com muito cuidado. Foto: Arquivo Pessoal.
Para sair de carro, ela conta que é preciso amarrar correntes nas rodas e dirigir com muito cuidado. Foto: Arquivo Pessoal.

Posicionamento das companhias aéreas

Procurada pelo Viver Bem, a LATAM Airlines lamenta os possíveis inconvenientes da situação e oferece alternativas para que os clientes afetados – com voos cancelados ou reprogramados – possam modificar suas viagens.
“Sugerimos aos passageiros que reprogramem os seus voos por meio do site latam.com – na página Minhas Viagens – ou por meio da Central de Atendimento da LATAM. Lembramos que passageiros com conexões para outras companhias aéreas devem checar com antecedência a situação destes voos”, informa.
– Alterar a data/voo sem cobrança de multas nem diferenças tarifárias para até 15 dias depois da data original. Além dos 15 dias, há a isenção apenas da multa, porém há a cobrança da diferença de tarifa, respeitando a validade do bilhete.
– Uma alteração de rota (origem e/ou destino) sem a cobrança de multas, sujeita às diferenças tarifárias e validade do bilhete.
– O reembolso integral para voos afetados, cancelados ou reprogramados.
Em comunicado nas redes sociais, a Aerolíneas Argentinas explicou que não será possível operar novos voos para os passageiros que estão presos em Bariloche devido à intensa demanda desse período. A empresa afirmou que, como a situação se trata de um problema meteorológico, todos os passageiros afetados serão reembolsados.
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