Turismo

Um dos únicos borboletários do Paraná fica pertinho de Curitiba; conheça

Marina Mori
03/08/2017 08:00
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Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo

Existe um jeito de ver centenas de borboletas reunidas em um só local e bem perto de Curitiba. O passeio começa nas curvas sinuosas da Estrada da Graciosa e segue pela Estrada de Monte Alegre, em Quatro Barras, a pouco mais de 30 km da capital. Um quilômetro depois, o destino final surge em meio a árvores e uma estradinha de terra, que termina em um campo amplo e muito verde: a Reserva Serelepe.
O espaço de 105 hectares, que durante 20 anos foi uma propriedade apenas para uso da família de Rosemary Rosa Riberio, 69, hoje funciona como uma reserva ambiental que abriga um dos dois borboletários existentes no Paraná, o Borboletário Serelepe. O outro fica no Parque das Aves, em Foz do Iguaçu.
Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo
Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo
Formada em administração rural, Rosemary queria transformar a chácara em um local de aprendizado e preservação da natureza. Junto com a filha caçula, a bióloga Mariana Rosa Ribeiro, 31, as duas comandam, há uma década, a reserva. “A ideia era ter um espaço volta à educação e tenho muito orgulho de ter conseguido isso”, conta a mãe. Elas recebem, semanalmente, cerca de 200 visitas, a maioria de estudantes e professores.
Essas são as espécies que podem ser vistas no borboletário. Nem todas, porém, aparecem na mesma época do ano. As azuis, muito requisitadas, costumam voar durante o verão. Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo
Essas são as espécies que podem ser vistas no borboletário. Nem todas, porém, aparecem na mesma época do ano. As azuis, muito requisitadas, costumam voar durante o verão. Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo
O que começou como um projeto voltado às escolas logo se expandiu para atender às famílias dos alunos, que insistiam em levar os pais para conhecerem um pouco das 42 espécies de borboletas licenciadas pelo IBAMA que o criadouro possui, além de ver de perto todos os estágios de vida desses insetos. Por conta da procura, a Reserva Serelepe abre as portas um fim de semana por mês, mediante agendamento. Nos dias de semana, os grupos escolares têm prioridade na visita.
A dica é visitar o espaço nos dias de calor, pois as chances de ver mais borboletas são bem maiores. Mariana conta que, num dia quente de verão, a estufa fica repleta de borboletas. São mais de 500 voando ao mesmo tempo nos 125 metros quadrados do borboletário. Durante o inverno, porém, é possível contá-las nos dedos.
Preservação da natureza
O borboletário é uma forma de ajudar a preservar as espécies nativas. “Na natureza, de cada 100 ovos apenas três se tornarão borboletas adultas, o que representa 3% de sobrevivência. Aqui, conseguimos aumentar essa porcentagem para 70%”, afirma a bióloga.
Para isso, todas as etapas são meticulosamente controladas, desde a identificação dos ovos aos estágios de lagarta, casulo e borboleta.
Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo
Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo
A visita
O tour é um verdadeiro intensivo no tema: é possível aprender sobre o ciclo de vida das borboletas de um modo interativo e único. A visita começa pelo berçário, uma pequena sala que abriga dezenas de casulos, todos catalogados, em diversas fases de crescimento. E cada detalhe é cuidadosamente pensado. As duas janelas do local são protegidas por cortinas de voil, para evitar que as borboletas “recém-nascidas” se machuquem ao alçar voo.
Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo
Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo
Instintivamente, elas voam em direção à janela maior, que funciona como passagem para a estufa principal. Ali, entre centenas de plantas e flores, todas as borboletas da reserva aproveitarão sua fase adulta e “velhice”, período que pode variar de 24 horas a alguns meses, de acordo com a espécie.
Um exemplo é a Caligo eurilochus brasiliensis, conhecida como borboleta coruja. A espécie existe apenas da América do Sul e é a maior do Brasil – pode chegar a 17 centímetros de envergadura (de ponta a ponta das asas), de acordo com dados da Fiocruz. A borboleta coruja pode viver mais de três meses após sair do casulo.
Mariana mostra a borboleta coruja, uma das maiores da América Latina. Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo
Mariana mostra a borboleta coruja, uma das maiores da América Latina. Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo
Durante o passeio, os visitantes também conhecem o “lagartário”, espaço em que as lagartas crescem e se alimentam até criarem seus casulos. Assim como na estufa, é possível tocar nos animais com a supervisão da especialista.
“É verdade que o pó da borboleta cega?”
De todas as visitas que Mariana recebe, não tem uma em que a pergunta não surja. “Não, o pó da borboleta não cega. Esse é um dos maiores mitos que a gente aprende quando é criança. Não sei quem inventou, mas com certeza é mentira”, explica, sorrindo pacientemente. Segundo a bióloga, o “pó” é, na verdade, a combinação de milhares de escamas, que dão força, brilho e cor às asas.
Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo
Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo
Visitação
A reserva aceita o máximo de 50 visitantes durante meio período, que equivale a meio dia de atividades, e de 90 pessoas durante o período integral.
Além do borboletário, a reserva conta com outras atividades interativas e relacionadas à natureza, como a Trilha Sensitiva. No trajeto, os visitantes percorrem um pequeno trecho de mata com os olhos vendados – há um corrimão feito de cordas emborrachadas para guiar o caminho – enquanto sentem os aromas da vegetação local e ouvem os sons da natureza.
O espaço também tem um Quiê Indígena, destinado a homenagear as etnias indígenas do Paraná. Os visitantes aprendem sobre lendas, hábitos e costumes da cultura.
Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo
Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo
Para comer
Na hora da fome, basta ir em direção à lanchonete, no prédio central, que oferece sanduíches, pães de queijo e salada de frutas a partir de R$ 4. Para os passeios escolares, há um cardápio composto por lanche da manhã, almoço e lanche da tarde.
Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo
Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo
Confira mais detalhes do borboletário:
Serviço
Reserva Serelepe
Ingresso: R$ 35 por pessoa (meio período). Crianças de até 3 anos não pagam.
Endereço: Estrada de Monte Alegre, s/nº, Quatro Barras, Paraná. Telefones: (41) 3049-7703 / 3049-7706. Celulares: (41) 9997-9500 / 9152-2040
Além dos dias da semana, a reserva abre em um fim de semana por mês.
As visitas devem ser agendadas com antecedência.
Horário de funcionamento para visitas familiares:
Finais de semana agendados: meio período (13h30 às 17h30) ou período integral (10h às 17h).
Dias de semana agendados mediante disponibilidade para visitas individuais de acordo com agendamento.
Horário de funcionamento para escolas e instituições:
Segunda a sexta: meio período (8h30 às 12h30 ou das 13h às 17h) ou período integral (9h às 17h).
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