Turismo

Tombada pela Unesco, Rota do Descobrimento movimenta turismo brasileiro

Guilherme Grandi
22/04/2018 12:00
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O Marco Zero do Brasil em Porto Seguro. Foto: divulgação.

A chegada do navegador português Pedro Álvares Cabral ao Brasil está completando 518 anos neste dia 22 de abril, quando a frota comandada por ele se desviou da rota original que iria até a Índia. O objetivo era estabelecer relações diplomáticas e comerciais com o oriente, e instalar um entreposto comercial para levar mercadorias especiais a Portugal.
Mas, mal imaginava ele que iria se perder na altura de Cabo Verde e chegar a uma terra até então desconhecida dos portugueses. A frota de dez naus e três caravelas chegou ao sul da Bahia 40 dias após zarpar do porto de Lisboa, e o Monte Pascoal foi o primeiro sinal de terra após tanto tempo navegando. “Terra à vista” disse Cabral, segundo os livros de história.
Dois dias depois ele aportou na região de Porto Seguro em busca de abrigo, e tomou posse da nova “Ilha de Vera Cruz” em nome da Coroa Portuguesa. Começava ali a história de um país rico em belezas naturais e recursos minerais que um dia viria a se tornar sede do Império e ter sua independência de uma simples colônia para uma grande nação.
Conheça a Rota do Descobrimento, um roteiro formado pelas cidades de Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália e Belmonte que foi tombado como Patrimônio Natural Mundial da Unesco em 1999.

Monte Pascoal

Primeiro sinal de terra avistado por Cabral, o Monte Pascoal ganhou este nome por ter sido descoberto na época da Páscoa. Foto: Wikimedia Commons.
Primeiro sinal de terra avistado por Cabral, o Monte Pascoal ganhou este nome por ter sido descoberto na época da Páscoa. Foto: Wikimedia Commons.
Primeiro ponto de terra avistado por Cabral em 1500, o Monte Pascoal é uma formação rochosa com 536 metros de altura localizada na cidade de Itamaraju. Fica a 62 quilômetros de distância de Porto Seguro, onde a armada do navegador português desembarcou para tomar posse da nova terra.
O monte faz parte atualmente do Parque Nacional do Monte Pascoal, e pode ser visitado diariamente. Para chegar lá é preciso pegar a BR-101 entre Vitória e Salvador, com uma distância rodoviária de 178 quilômetros de Porto Seguro. Aproveite também para conhecer o sítio arqueológico de Itamaraju, onde vivem índios da etnia Pataxó.

Porto Seguro

Com seu braço estendido, Cabral dá as boas-vindas e aponta na direção do casario colonial que forma a passarela do descobrimento, a poucos metros dali. Foto: divulgação.
Com seu braço estendido, Cabral dá as boas-vindas e aponta na direção do casario colonial que forma a passarela do descobrimento, a poucos metros dali. Foto: divulgação.
Nos fundos da baía de Santa Cruz Cabrália, a cidade de Porto Seguro foi fundada como o primeiro abrigo dos portugueses após descobrirem as novas terras. Antigamente não existia quase nada, apenas comunidades de índios tupiniquins e pataxós.
Já hoje em dia, Porto Seguro é um destino de férias para quem busca conhecer mais da história do Brasil e praticar esportes de ecoturismo. A Rota do Descobrimento é um passeio de quatro horas em ônibus panorâmico pelo Centro Histórico, a Cidade Alta e o famoso farol.
O city tour passa, entre outros pontos, pelo Marco Zero do Brasil – um monumento com o brasão da Coroa Portuguesa talhado em pedra; o Memorial da Epopeia do Descobrimento, onde há uma réplica da nau usada por Cabral quando chegou ao país; a Coroa Vermelha, local em que foi celebrada a primeira missa do Brasil ao redor de uma cruz; e o Museu do Descobrimento de Porto Seguro, com peças e artefatos históricos.
A cidade possui, ainda, opções de ecoturismo como o parque marinho, o mergulho autônomo pelos recifes, a Praia do Espelho (considerada uma das mais belas do país), entre outros.

Arraial D’Ajuda e Trancoso

Bem ao fundo do Quadrado de Trancoso está a pitoresca Igreja São João Batista, erguida em 1656. Foto: divulgação.
Bem ao fundo do Quadrado de Trancoso está a pitoresca Igreja São João Batista, erguida em 1656. Foto: divulgação.
Estes três distritos históricos de Porto Seguro são povoados que também foram ocupados por portugueses quando chegaram ao país. Cada um deles reserva belas paisagens: são praias com águas calmas, transparentes e muito ‘pé na areia’ procuradas principalmente por turistas aventureiros de mergulho, windsurfe, surfe, kitesurfe, trekking e cavalgada.
O distrito de Trancoso é um capítulo à parte da visita à Rota do Descobrimento. As praias facilmente lembram os paraísos caribenhos e a história está presente a cada esquina. O conhecido “Quadrado” corresponde ao centro antigo de Trancoso, com a igreja de São João Batista e diversas lojas e restaurantes instalados em imóveis construídos no século 17.
De lá saem passeios para a Praia dos Coqueiros e a badalada Praia dos Nativos.
É no distrito de Arraial d'Ajuda que está o primeiro santuário do Brasil: a Igreja de Nossa Senhora d'Ajuda. Foto: divulgação.
É no distrito de Arraial d'Ajuda que está o primeiro santuário do Brasil: a Igreja de Nossa Senhora d'Ajuda. Foto: divulgação.
Em Arraial D’Ajuda, também está outro capítulo especial da história brasileira. Todo o centro da cidade é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan. Entre os imóveis estão a Igreja Nossa Senhora d’Ajuda, construída em 1551, e o mirante que dá vista para toda a região.
Um dos destaques do centro é o Beco das Cores, que fica no meio da Rua Mucugê. O local oferece boas opções gastronômicas, música ao vivo e bares. E na região estão as praias de Arraial, Apaga Fogo, Uiki Parracho (uma das mais badaladas) e a Pitinga, com suas falésias avermelhadas.

Índios pataxós

A Reserva Indígena Pataxó da Jaqueira, localizada a apenas 12 quilômetros do centro de Porto Seguro, preserva a história e os costumes dos índios que habitavam a região. Foto: divulgação.
A Reserva Indígena Pataxó da Jaqueira, localizada a apenas 12 quilômetros do centro de Porto Seguro, preserva a história e os costumes dos índios que habitavam a região. Foto: divulgação.
Além das cidades históricas da Rota do Descobrimento, os viajantes mais curiosos podem conhecer a Reserva Indígena Pataxó da Jaqueira, que abriga uma tribo e ainda cultiva os mesmos hábitos e raízes das origens do Brasil. Os visitantes têm uma imersão completa na cultura e costumes dos índios pataxós, um dos povos mais tradicionais do país.
Entre as experiências de imersão está o ritual Awê, que é uma das festividades mais tradicionais da comunidade indígena. Os pataxós fazem performances de música e dança típicas com a participação dos visitantes, que podem receber as pinturas corporais tradicionais usadas nos rituais, que fazem parte da cultura deste povo.
De Porto Seguro para a reserva são apenas 12 quilômetros de distância, e o acesso é feito pela BR-367 sentido Porto Seguro – Santa Cruz Cabrália. O ingresso custa R$ 40.
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