Turismo

China assume culpa pela má educação de seus turistas

Agência EFE
17/06/2013 19:27
Pequim – O turista chinês já é um dos mais comuns do mundo, e o mais ávido na hora de gastar, mas uma série de incidentes no exterior levou seu Governo e seus próprios compatriotas a se perguntarem se, além disso, ele é mal-educado.
O último incidente foi protagonizado por um adolescente chamado Ding Jinhao, que gravou os ideogramas chineses com a mensagem “Ding Jinhao esteve aqui” na efígie de um templo de 3.500 anos de antiguidade em Luxor (Egito).
Os pais do adolescente, de 15 anos e residente em Nanquim (província de Jiangsu, sudeste da China), envergonhados, pediram desculpas tanto ao Egito como aos cidadãos chineses através da imprensa local.
Mas o escândalo na China foi tanto que o próprio porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hong Lei, se viu obrigado a reagir na semana passada.
“Nos últimos anos cada vez mais turistas chineses viajam para outros países. Esperamos que este turismo melhore a amizade com os países estrangeiros e também que os turistas chineses respeitem as leis locais e saibam como se comportar”, afirmou Hong.
Mas o incidente com o adolescente não é mais do que o último de uma série que correram como um rastilho de pólvora pelas redes sociais chinesas.
Entre eles há desde um vídeo no qual se vê como uma mãe chinesa permite a seus filhos defecar no chão do aeroporto de Taipé às denúncias de que vários casais falsificam certidões de casamento para gozar das ofertas para recém-casados nas ilhas Maldivas.
A preocupação com o comportamento dos turistas chegou a tal ponto que o Governo chinês promulgou uma convenção na qual pede aos cidadãos para tomar conta de seu comportamento e serem educados quando viajarem para o estrangeiro.
O documento, publicado na página oficial do Governo chinês, lembra que “ser um turista civilizado é obrigação de todo cidadão” e enumera normas de bom comportamento como “ter cuidado com as relíquias culturais”, respeitar os direitos dos outros, não sujar o meio ambiente e evitar danos às infraestruturas.
Também lista como “comportamento inadequado” atos como o de jogar lixo no chão, cuspir, atravessar fora da faixa de pedestres ou não respeitar seu lugar nas filas.
O vice-primeiro-ministro chinês Wang Yang também se envolveu no assunto.Em uma recente teleconferência para abordar a nova Lei de Turismo no país, que entrará em vigor no dia 1º de outubro, o alto funcionário disse que “é preciso encorajar o bom comportamento dos turistas”.
“Fazem uma algazarra terrível nos lugares públicos, gravam seus nomes nos monumentos turísticos, não respeitam o sinal vermelho ao atravessar a rua e cospem por todo lado. Isto prejudica nossa imagem nacional e tem um efeito terrível”, lamentou Wang.
Na mesma linha deste argumento, Zhou Xiaoping, responsável na Administração de Turismo Provincial de Jiangsu, assegurou que se os turistas chineses se comportarem de maneira educada, a imagem da China no exterior melhorará.
E, embora estes incidentes tenham ficado famosos, também vale lembrar que eles representam uma minoria em um grupo demográfico, o do turista chinês, que cresceu exponencialmente nos últimos anos.
Se no ano de 2000 apenas dez milhões de chineses viajaram ao exterior, no ano passado esse número chegou a 83 milhões, e calcula-se que para o ano de 2020 chegará a 200 milhões. É um mercado que desperta um enorme entusiasmo no setor, não só por seu volume, mas também por seus gastos.
Segundo os números da Organização Mundial de Turismo (OMT), no ano passado os chineses gastaram US$ 102 bilhões, o que representou um aumento de 40% em relação ao ano anterior, se tornando assim o grupo de cidadãos que mais gastou com turismo no mundo.
Isso os transforma em objeto de desejo por parte das empresas de turismo e Governos, que em muitos casos desenvolveram planos de marketing especialmente adaptados para este público.