Turismo

Como é viajar no maior cruzeiro do mundo, o Symphony of the Seas

Ewandro Schenkel
17/12/2018 12:00
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Symphony os the Seas, o maior navio de passageiros do mundo. Foto: Divulgação/Royal Caribbean Internacional

O pensamento mais primal que um turista de primeira viagem pode ter ao olhar o Symphony of the Seas, maior navio de passageiros do mundo, é: como a humanidade chegou até aqui? Colocar toneladas e mais toneladas de aço para navegar no mar do Caribe não parecia ser, à primeira vista, uma das mais prudentes ideias. Mas nunca duvide da capacidade dos engenheiros, que conseguiram unir mais de 500 mil peças num projeto que passa das 200 mil toneladas somente para trazer uns bons dias de diversão e calmaria para a humanidade (pelo menos aquela parte que pode pagar. Ver os custos no final do texto).
Olhar a embarcação de fora provoca um exercício de imaginação: quão grande isto é? Perdoem-me leitores de exatas, mas este jornalista de humanas vai tentar usar algumas comparações não muito exatas. Imagine uns três shoppings postos um atrás dos outros (360 metros de comprimento) com 18 andares (decks, na versão náutica) cada. Agora imagine esta estrutura flutuando a 40 quilômetros por hora na calmaria do mar caribenho. Foi com isto em mente que embarquei, pela primeira vez, em um cruzeiro. Talvez mesmo quem já tenha alguma experiência no turismo em alto mar se impressione com a estrutura do Symphony of the Seas, que contém teatros, clubes, piscinas e até um parque central com 52 árvores reais e 20 mil plantas tropicais. Impressionante? Sim.

Desafiando a desconfiança inicial, o embarque lembra o dos aeroportos. Despacho de bagagem (caso a mala seja grande) e filas de Raio-X. Passados os trâmites de entrada, um bar-elevador é a primeira imagem que cobre a vista dos turistas. O primeiro drinque, para alguns necessários para dar aquela segurada no nervosismo, pode ser apreciado enquanto o piso se movimenta entre três decks, com vista por grande parte da área central de entretenimento da embarcação, onde estão grande parte das lojas, restaurantes e cafés. Em 15 minutos já havia esquecido que estava dentro de um navio. A sensação lembra umas férias num resort combinado com muitas horas de shopping center.

No caminho para a cabine, procuro um lugar para deixar a taça com o resto do espumante recebido durante as boas-vindas. Como não há lixeiras, pergunto para um tripulante onde deixar. “Não se preocupe. É só deixar em qualquer mesa”, me diz um funcionário filipino, a maior “nação” entre as 70 nacionalidades que compõe o time de trabalhadores. Deixo e vejo a mágica acontecer. São mais de dois mil funcionários para atender seis mil turistas. Uma proporção que garante que o serviço da equipe da Royal Caribbean, operadora do Symphony, será um dos pontos altos da viagem. Não há algo que você precise que não tenha alguém disposto a te ajudar em pouco tempo.
Entre as diversas áreas de lazer, parque central tem dezenas de árvores vivas. Foto: divulgação
Entre as diversas áreas de lazer, parque central tem dezenas de árvores vivas. Foto: divulgação
Está perdido para se achar entre os 2,7 mil quartos (e é bem fácil se perder, aliás)? “Brota” um ajudante para te guiar a um dos 24 elevadores disponíveis. Que fique claro: viajei a convite da operada do Cruzeiro, que fez um roteiro exclusivo para imprensa e agentes de viagens. Logo, a experiência pode não ser a de uma viagem padrão. Mas tudo indica que, mesmo com mais pessoas a bordo, a tripulação deve manter o atendimento em nível elevado. Dica 1: aproveite o serviço. A tripulação também é parte da experiência.

Entretenimento variado

Os cruzeiros têm um público alvo amplo. As famílias, porém, estão no topo das atenções do mercado. Por isso, há gama de oferta de entretenimento que tenta atender a todas as faixas. Muitas atrações são divididas por idade, começando com os mais novos com recreações que estimulam o desenvolvimento do pensamento científico com “experimentos” até eventos artísticos para quem gosta de teatro e outras apresentações artísticas, no estilo Broadway e Cirque du Soleil. As peças não me chamaram atenção de cara, pois não sou muito afeito ao mundo cênico. Tentei a contragosto assistir um dos destaques da noite, o musical Hairspray. Não pretendia ficar mais de 15 minutos. Porém, quando uma lágrima se formou no canto do olho, dei uma segunda chance. Terminei as 1h30 de apresentação aplaudindo de pé. Mesmo não sendo meu perfil, a organização sabe como fazer um bom espetáculo. Dica 2: aproveite até o que você acha que não vai gostar.
Symphony tem 24 áreas molhadas com piscinas, banheiras de hidromassagem a toboáguas
Symphony tem 24 áreas molhadas com piscinas, banheiras de hidromassagem a toboáguas
Ainda no campo da diversão, há tirolesa, parede para escaladas e até um tobogã. Este último, chamado de Ultimate Abyss, é denominado pela Royal como o maior escorregador sobre os mares, com uma descida de quase 30 metros em 13 segundos. São, ao todo, 24 áreas molhadas (sem contar o mar, é claro, que não está acessível) que vão de piscinas, banheiras de hidromassagem a toboáguas. Há ainda praças, lojas, spa, academia, fliperama, mini golfe, cassino, simulador de surfe e pista de corrida, para quem quiser manter a forma enquanto se esbaldo na fartura alimentícia. Como explica Ricardo Amaral, diretor da agência de viagens R11 Travel: “Você não compra um cruzeiro para fazer escalada. Mas até isso tem”. Sem dúvida não faltam opções de lazer. Importante ressaltar que, com exceção de um item ou outro, o Symphony segue o padrão da indústria. A diferença está na proporção e quantidade das opções.

Alimentação

Uma das vantagens de se estar em um cruzeiro é que a maior parte das opções de lazer e alimentação já está inclusa no pacote. Não é preciso pagar para usar piscinas ou jogar nos videogames da área de jogos (consulte seu pacote). O ponto alto, pelo menos do ponto de vista de quem aprecia um bom prato e tem muita fome, é o consumo livre nos mais diferentes restaurantes, bares e cafés. Se o pacote comprado tiver incluído bebidas alcoólicas, dá para se alimentar muito bem sem gastar nada extra.

Dentro do all inclusive, há dezenas de lugares para tomar café, comer uma sobremesa e encarar as principais refeições. Minha tática, pois só tinha dois dias para tentar conhecer ao máximo o que é uma viagem de navio: comer porções menores para ter mais oportunidade de experimentar alguns dos 350 pratos diferentes que podem ser servidos dentro do navio.

ntre as dezenas de opções de comida há um restaurante inspirado no clássico Alice no País das Maravilhas, o Wonderland<p></p>
ntre as dezenas de opções de comida há um restaurante inspirado no clássico Alice no País das Maravilhas, o Wonderland<p></p>
Existem restaurantes que não fazem parte do pacote e, logo, precisam ser pagos à parte. Por alguns dólares a mais, é possível comer na franquia do chefe-estrela Jamie Oliver, no Jamie’s Italian, experimentar o clássico “Surf and Turf” (combinação de lagosta e mignon) no Chops Grille e se esbaldar nos frutos do mar no Hooked. Para uma experiência completa, e mais lúdica, há ainda o Wonderland, um restaurante inspirado no clássico da literatura Alice no País das Maravilhas, cujo objetivo é confundir o paladar. Neste último, é preciso agendar com antecedência para garantir uma mesa no jantar. Dica 3: acorde cedo para tomar o café da manhã no Windjammer (melhor que qualquer café de hotel).
Outro diferencial do Symphony é um bar onde o atendente é um robô. São dois braços mecânicos que preparam dezenas de combinações de bebidas pedidas através de um aplicativo.

Explorando o Caribe

Um cruzeiro desse porte exige um certo planejamento para ser bem explorado. É importante instalar um aplicativo da Royal para ter acesso às principais informações, como os horários das atrações, os preços dos pacotes externos (já chegamos lá) e o mais importante de tudo: um mapa. Como a maior parte das vezes o turista está transitando entre os corredores das cabines, que são todos muito parecidos, é importante cruzar os dados do aplicativo com os mapas dispostos nas paredes.
Também é pelo aplicativo que é possível agendar tours externos, a serem desfrutados em praias de Honduras (Roatan e Bay Islands), México (Costa Maya e Cozumel), Bahamas (Nassau), São Cristóvão e Névis (Basseterre) e Ilhas Virgens Americanas (Charlotte Amali), conforme programação prevista para janeiro. A partir de maio, os turistas poderão também ter acesso a uma ilha privada, de propriedade da Royal Caribbean, e que foi transformada em um parque aquático. Entra as opções de passeios, o turista pode abraçar tartarugas, nadar com golfinhos, caminha por trilhas e praticar vários esportes na água, como mergulho.

As ilhas-destino têm toda infraestrutura para atender aos cruzeiros. No desembarque, não é difícil encontrar vans e ônibus para explorar as melhores praias de cada país. O navio fica aberto o tempo todo e a entrada é bem facilitada, bastando manter sempre no bolso o cartão de embarque, que também serve com cartão de crédito.

Como chegar

O Symphony não deve navegar em águas brasileiras no curto prazo. O capitão do navio, Rob Hempstead, explicou que, antes de um lançamento desse porte, houve meses de estudo para saber quais portos conseguiriam receber e dar suporte. No Brasil poucos portos estariam aptos. Além disso, a Royal Caribbean não opera mais em mares brasileiros. Entre os motivos, câmbio e impostos. Quem quiser aproveitar precisa viajar até Miami, cidade onde foi construído um terminal exclusivo no porto de Miami para os cruzeiros da Royal.
Os pacotes normalmente preveem sete dias de estadias nos cruzeiros, a depender da rota escolhida. Pode parecer muito, mas, baseado na minha única experiência em um cruzeiro, e logo no maior de todos, diria que uma semana pode ainda ser insuficiente para gozar todas as atrações disponíveis tanto dentro da embarcação quanto fora. Para os brasileiros vale esticar um pouco mais os dias de descanso. Afinal, com todas as partidas do Symphony são feitas em Miami, pode-se combinar descanso em alto mar com compras nos outlets da Flórida. Dica final: vale a pena.

Serviço:

Cruzeiro sem aéreo
Navio Symphony of the Seas: 7 noites Caribe – Miami, Honduras, Costa maya, Cozumel e Bahamas. Partindo de Miami em 12 de Janeiro de 2019. A partir de R$2.463,00 por pessoa em cabine interna dupla.
Navio Symphony of the Seas: 7 noites Caribe – Miami, St. Kitts, St. Thomas e Bahamas. Partindo de Miami em 19 de Janeiro de 2019. A partir de R$2.677,00 por pessoa cabine interna dupla.
Onde comprar: www.royalcaribbean.com.br ou pelo telefone (11) 3090-7200
Aéreo
Companhias que fazem a rota Brasil-Miami: Aerolíneas Argentinas, American Airlines, Latam, Copa Airlines, Gol, Delta, United Airlines, Avianca, Azul Aeromexico
* O jornalista viajou a convite da R11 Travel, Royal Caribbean e Magic Village
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