Turismo

De carro ou moto, estas estradas são um convite para desacelerar e curtir a paisagem

Monique Portela, especial para Gazeta do Povo
09/11/2018 08:27
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A Estrada da Graciosa é um dos trajetos indispensáveis para quem gosta de colocar o pé na estrada. Foto: Jorge Woll/divulgação | JorgeWoll.

Para os apaixonados por belas paisagens, muitas vezes o trajeto é mais importante que o destino final — e quem mora na região Sul tem acesso privilegiado a algumas das estradas mais bonitas do país.
Entre trechos curtos, para um bate e volta de fim de semana, até trajetos mais longos, que pedem uma pernoite em algum recanto, o Viver Bem separou quatro rotas que cortam serras em meio à mata Atlântica e praias de águas cristalinas para você aproveitar o feriado ouvindo o ronco do motor ou uma boa música no som do carro.

Serra do Rio do Rastro, nos Campos Gerais

1. Serra do Rio do Rastro - Foto Raphael Ribeiro Silva%2FWikimedia Commons
1. Serra do Rio do Rastro - Foto Raphael Ribeiro Silva%2FWikimedia Commons
Localizada na serra catarinense, a estrada que corta a Serra do Rio do Rastro é o caminho de ouro dos motociclistas. Famosa por atingir temperaturas negativas no inverno, a região geralmente atrai turistas por conta da neve — mas para quem viaja sobre duas rodas, as temperaturas no verão são muito mais agradáveis.
A rodovia SC-390 é sinuosa e corta o planalto serrano com exatas 284 curvas. São cerca de 15 quilômetros entre a cidade de Lauro Müller, parte baixa do trajeto, até Bom Jardim da Serra, que oferece uma vista de tirar o fôlego aos 1.421 metros de altitude.
Serra do Rio do Rastro (Foto 2) - Foto Halley Pacheco de Oliveira%2FWikimedia Commons
Serra do Rio do Rastro (Foto 2) - Foto Halley Pacheco de Oliveira%2FWikimedia Commons
Para quem vem de Curitiba, a dica é ir até Florianópolis por Garuva, depois rumar até Tubarão e chegar pelo pé da serra, em Lauro Muller. A rota de 480 quilômetros que pode demorar cerca de 6 horas, contando uma pausa para o almoço em Floripa.
Até Bom Jardim da Serra da estrada são cerca de 40 minutos, mas o caminho reserva mirantes e outros recantos naturais, como o Cânion da Ronda, para dar uma espiada. De fácil acesso, o cânion fica ainda em Lauro Müller, a cerca de 3 quilômetros da rodovia principal. A vista mostra o litoral catarinense, escarpas, cidades de baixo da serra e o Parque Eólico de Bom Jardim da Serra. A entrada custa R$ 10.
Para aproveitar bem a viagem, a dica é se hospedar em um dos hotéis-fazenda de Bom Jardim da Serra, como o Hotel Fazenda Rota dos Cânions e o Rio do Rastro Eco Resort. As diárias custam a partir de R$ 380 para duas pessoas em dias de semana e a partir de R$ 480 nos feriados e fins de semana. Quem gosta de vinhos pode ainda dar um pulo em São Joaquim, região com vinícolas que oferecem passeios e degustações com agendamento prévio. Na vinícola Villa Francioni, os tours acontecem diariamente entre 10h e 16h e custam R$ 40.
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Rodovia Interpraias, em Balneário Camboriú

2. Rodovia Interpraias - Foto Guia Turístico dos Municípios Catarinenses%2FFederação Catarinense de Municípios
2. Rodovia Interpraias - Foto Guia Turístico dos Municípios Catarinenses%2FFederação Catarinense de Municípios
Também em Santa Catarina, a rodovia panorâmica Interpraias é um “menu degustação” de seis das dez praias que compõem o Balneário Camboriú. Com cerca de 14 quilômetros, ela liga a praia central à Itapema e segue beirando o mar na maior parte do trajeto.
Com muita calma para aproveitar a paisagem, o percurso dura cerca de uma hora e passa pela praia de Laranjeiras, Taquarinhas, Taquaras, Pinho, Estaleiro e Estaleirinho, na direção norte-sul. A rota favorita dos motociclistas, porém, é no sentido contrário, porque assim você estará na mesma mão em que as praias e os mirantes.
2. Rodovia Interpraias - Foto Parque Unipraias SC
2. Rodovia Interpraias - Foto Parque Unipraias SC
Para ter uma outra visão do mar azul cristalino e do verde das montanhas, uma dica é parar na badalada Praia de Laranjeiras e fazer um passeio de bondinho aéreo, a 3.250 metros de altura, até a orla de Balneário Camboriú. O trajeto completo, ida e volta, dura cerca de 30 minutos e custa R$ 42 por pessoa (inteira). Depois da praia central, Laranjeiras é a que oferece a melhor estrutura para turismo.
Mas se a vontade for mesmo aproveitar uma praia mais tranquila, Taquaras, Taquarinhas, Estaleiro ou Estaleirinho podem render um mergulho em águas geladas. Já para desbravar a areia da Praia do Pinho é preciso uma dose a mais de curiosidade — considerada a primeira praia de naturismo do Brasil, só pisa na areia quem estiver completamente nu.
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Estrada da Graciosa

A Estrada da Graciosa é um dos trajetos indispensáveis para quem gosta de colocar o pé na estrada. Foto: Jorge Woll/divulgação
A Estrada da Graciosa é um dos trajetos indispensáveis para quem gosta de colocar o pé na estrada. Foto: Jorge Woll/divulgação
Até a década de 70, a Estrada da Graciosa era a única rota possível entre a capital e os portos paranaenses. Construída sobre a antiga rota dos tropeiros, hoje a estrada é um dos principais pontos turísticos para quem deseja contato com não apenas com a natureza, mas com as marcas históricas do estado.
Com cerca de 20 quilômetros de extensão, a estrada começa em Quatro Barras e vai até Morretes, passando por Antonina. A maior parte do trajeto é feita sobre paralelepípedos, o que exige uma velocidade máxima de 40 quilômetros por hora.
A estrada está localizada em um dos trechos mais preservados de Mata Atlântica do Brasil e, no inverno, florescem buquês de hortênsias azuis ao pé da estrada. Ainda que sinuoso e de pista simples, o trecho é tranquilo quando o dia está aberto — com chuva, a pista pode ficar escorregadia, e quando nublado, há chances da neblina tomar conta.
3. Estrada da Graciosa - Foto Jorge Woll (Foto 2) - SEIL%2FDER-PR
3. Estrada da Graciosa - Foto Jorge Woll (Foto 2) - SEIL%2FDER-PR
Ao longo do caminho, sete recantos contam com churrasqueiras, mirantes, banheiros, riachos e quiosques que vendem iguarias típicas, como bala e chips de banana, além de caldo de cana e pastel. Uma dica é parar no recanto Engenheiro Lacerda para admirar o litoral, e no recanto Mãe Catira, onde é possível tomar banho de rio e até se aventurar em uma trilha no Morro Mãe Catira, com vista para a serra e para o Pico Paraná.
A partir de Curitiba, o acesso à Estrada se dá pelo quilômetro 61 da BR-116.
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Serra do Rastro da Serpente, entre Curitiba e São Paulo

O apelido dado aos 260 quilômetros das rodovias SP-250 e BR-476 não é à toa — partindo de Curitiba até Capão Bonito, em São Paulo, o Rastro da Serpente é repleto de curvas bastante acentuadas que exigem muita cautela e paciência do piloto. Mas desacelerar não é um problema nesta estrada: com paisagens exuberantes entre serras, montanhas e precipícios, dá para fazer várias paradas para apreciar a vista. O ideal é pernoitar em Capão Bonito e fazer, no mínimo, uma pausa durante o trajeto.
Ainda no Paraná, o piloto vai poder apreciar as escarpas devonianas e serras do Vale da Ribeira, muita mata Atlântica nativa e bosques de Araucária. Cerca de 33 quilômetros depois da divisa com São Paulo, pausa obrigatória em Apiaí, uma pequena cidade com dois atrativos principais: o Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira (PETAR), que conta com diversas cavernas, torres e mirantes, e a clássica placa com uma imagem do asfalto se retorcendo em serpente que, para simplificar a vida do piloto que deseja tirar uma foto no marco, foi reinstalada próxima ao Centro de Informações Turísticas da cidade.
4. Serra do rastro da serpente - Divulgação%2FPrefeitura Municipal de Capão Bonito
4. Serra do rastro da serpente - Divulgação%2FPrefeitura Municipal de Capão Bonito
A partir de Curitiba, o roteiro passa por Bocaiúva do Sul e Adrianópolis no Paraná e depois segue para Ribeira, Apiaí e Guapira, em São Paulo, até Capão Bonito, município que oferece diversas opções de turismo rural e de aventura. O trajeto direto pode ser feito em cerca de 5 horas.
Em Capão Bonito, a última parada obrigatória é no Porthal Rastro da Serpente. Aberto todos os dias a partir das 8h, o bar temático inaugurado em 2012 conta com oficina mecânica, loja de souvenires e outra placa especial do percurso para fazer a famosa foto. Aos que se orgulharem de terem domado a serpente, o bar vende um “Certificado Oficial de Conclusão do Trajeto”, que custa R$ 10.
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