Turismo

Dez razões para visitar Belém

Claudio Feldens
21/01/2010 02:12
1- As garrafas milagrosas do Mercado Ver-o-Peso (Foto 2)
Pomadinhas mágicas, capazes de superar Viagras. Garrafadas milagrosas, que engordam os convalescentes ou emagrecem os obesos. Cremes com fórmulas secretas que tiram qualquer dor. Tudo isso e muito mais pode ser encontrado nas centenas de bancas do Mercado Ver-o-Peso, um dos principais pontos turísticos de Belém. Além da variedade, os comerciantes do local também se vangloriam da qualidade dos ingredientes usados nos produtos. Na banca do seu Joel, sebo para as pomadas, por exemplo, “só o puro de carneiro”
Nos últimos anos, inclusive, ficou mais fácil aprender a arte da manipulação, já que uma associação, criada pelos próprios donos de bancas do mercado, promove periodicamente cursos de orientação. Dona Coló, que nem sabe quantos artistas já abraçou, fez o curso. Só para aperfeiçoar o que já sabia, conta ela, nada modesta. Dona Coló chega a enrubescer os homens mais tímidos, ao falar das propriedades de seus preparados infalíveis. “Esse aqui é para passar no seu …. Sua mulher é que vai gostar”, assegura.
As atividades no Ver-a-Peso começam de madrugada, com um leilão de pescado. Há um leilão também para a compra de açaí. O objetivo é estar com as mercadorias nas bancas desde muito cedo. Além disso, castanha-do-Pará, farinhas, peixes e camarões secos e salgados, peixes e camarões frescos, produtos agrícolas, verduras, grãos secos, temperos (muita pimenta), artesanato e comida abastecem as bancas espalhadas por centenas de metros dentro e fora do prédio principal do mercado.
Chama a atenção, ainda, o artesanato feito de patchuli, um capim nativo da região que já vem perfumado – com aquela essência conhecida como “patchouly”, usada em colônias e sabonetes. Os produtos Phebo, que usam o perfume, são fabricados em Belém, no bairro do Reduto.
Serviço
Mercado Ver-a-Peso. Avenida Dezesseis de Novembro, s/n, Campina.
Várias empresas oferecem passeios de barco pela baía de Gua­­jará, pelas ilhas próximas e até para a Ilha de Marajó. A Vale Ver­­de Turismo tem um tour especial no fim da tarde, contornando a cidade. A bordo, música e danças típicas, como o carimbó, algo quase impraticável para quem tem a cintura travada.
Serviço
Reservas para os passeios da Vale Verde Turismo podem ser feitas no telefone (91) 3218-5011. Ingresso por pessoa: R$ 40 (adulto) e R$ 20 (crianças).
3- Basílica de Nazaré (Foto 4)
Embora a Festa do Círio de Nazaré ocorra somente em outubro, quando mais de dois milhões de pessoas seguem a procissão de 4,5 quilômetros, uma visita à basílica sempre é atração. Ela fica na região central de Belém e movimenta um forte polo comercial em seu entorno.
Serviço
Basílica de Nazaré. Avenida Nazaré, s/n.
4- Um oásis chamado Mangal das Garças (Foto 5)
É um parque ecológico que reproduz as diferentes macrorregiões da flora paraense: as matas de terra firme, as matas de várzea e os campos. O local abriga um orquidário, borboletário, viveiro de pássaros, espaços de serviços e o farol da cidade.
Serviço
Mangal das Garças. Carneiro da Rocha, s/n – lado do Arsenal da Marinha.
5- O melhor da cerâmica marajoara (Foto 6)
Em Itacoaci, um bairro de Belém, está localizado um polo produtor de cerâmica marajoara, tapajônica e maracá. Na maioria dos ateliês de produção, como o de seu Anísio, o processo é todo artesanal, como faziam e fazem os índios.
Serviço
Anísio Artesanato. Travessa Soledade, 740. Informações: www.anisioartesanato.com.br.
6- Sorvete Cairu (Foto 7)
Na capital paraense, sorvete virou sinônimo de Cai­­ru. A marca, fundada há mais de quatro décadas, é praticamente uma instituição na cidade. A rede, espalhada por toda a capital, é administradas pelos filhos dos fundadores, Armando José e Ruth Hen­­riques Laiun. São oferecidos 60 sabores, como os de açaí, tapioca, cupuaçu, bacuri, paraense (açaí com farinha de tapioca) e mestiço (açaí com sorvete de tapioca).
Serviço
Há uma sorveteria na Estação das Docas.
7- Estação das Docas (Foto 8)
A Estação das Docas é um complexo de bares e restaurantes instalado em três antigos armazéns do porto. Há espaços internos, com ar-condicionado e detalhes, como um palco que corre sobre trilhos, no alto da construção; e externos, que aproveitam a brisa da baía. Quase todos os restaurantes, como o Lá em Casa, servem o cardápio regional, mas oferecem opções internacionais.
Serviço
Estação das Docas. Boulevard Castilhos França, 707, Campina.
8- Complexo Feliz Luzitânia (Foto 9)
No centro histórico da capital do Pará, está o Complexo Feliz Luzitânia, que é formado pelo Forte do Presépio (onde ficam o Museu do Encontro e o de Arte Contemporânea); o Museu de Arte Sacra (no interior da Igreja de Santo Alexandre, construída pelos jesuítas); o Museu Histórico do Pará, no Palácio Lauro Sodré; o Teatro da Paz, mais antigo da região, construído em 1878 em estilo neoclássico; e a Casa das 11 Janelas, que inclui restaurantes, galeria de artes e um mirante com vista para a baía. Feliz Luzitânia foi o primeiro nome de Belém. Dado, é óbvio, pelos colonizadores portugueses.
Serviço
O Complexo Feliz Luzitânia está localizado ao redor da Praça Dom Frei Caetano Brandão, no Centro.
9- Sua excelência, a mandioca (Foto 10)
A culinária paraense é considerada, por pesquisadores e especialistas, uma das mais genuinamente brasileiras. Sofreu alguma influência portuguesa, mas é a raiz indígena que prevalece. E não se fala em raiz à toa, porque a base dos principais pratos é a mandioca. Em sua apresentação natural, na forma de farinhas as mais variadas, como polvilhos e até mesmo dando um original aproveitamento para a folha da planta, que é tóxica e que por isso precisa passar por um demorado processo de cozimento antes de se virar comida.
Não é raro encontrar, bem cedinho, um paraense tomando um “café da manhã” típico da região: açaí em creme, sem sal nem açúcar, misturado a uma boa farinha de mandioca. Mais curioso ainda é o complemento desse desjejum: dois peixes fritos na hora.
Mas mandioca não representa apenas farinha. Aquele caldo que sobra durante o processo de moagem ou raspagem da raiz para fazer a farinha resulta no tucupi, um molho temperado que é usado em outra grande variedade de pratos – inclusive o famoso pato no tucupi ou no tacacá, um caldo popular muito saboroso, vendido em banquinhas de rua. Ambos levam também uma outra planta imprescindível na cozinha paraense, o jambu, uma folha que amortece boca, língua e garganta, mas dá um sabor especial aos pratos.
Construído em 1749 pelos frades capuchos, o Convento de São José transformou-se no Espaço São José Liberto em 2002. Ali funcionam o Museu de Gemas do Pará, um laboratório gemológico; o Coliseu das Artes e a Casa do Artesão, onde se produz e vendem joias. O complexo possui um belo jardim com uma fonte ro­­dea­­da de quartzos, ametistas e citrinos. As largas paredes de pedra do espaço, erguidas com grude de peixe, guardam histórias vividas no prédio que, após a expulsão dos jesuítas do Brasil, abrigou desde depósito de pólvora a hospital, até ser transformado em cadeia pública, presídio e, hoje, um centro de cultura.
Serviço
Espaço São José Liberto. Praça Amazonas, s/n, Jurunas.