Turismo

Balão, arvorismo e tirolesa: conheça o parque de diversão temático de Morretes

Guilherme Grandi
02/03/2018 12:00
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O parque abre neste sábado (3), com 13 atrativos instalados em cerca de cinco mil metros quadrados. Foto: Divulgação.

Depois de quatro anos de planejamento, um parque de diversões voltado para os amantes do ecoturismo é mais uma opção para visitar nos arredores de Curitiba. O Ekôa Park, aberto em março deste ano, é um complexo aos pés da Serra da Graciosa, em Morretes, que mistura trilhas no meio da mata atlântica, atividades de aventura como arvorismo e tirolesa, passeio de balão a 40 metros de altura, gastronomia típica do litoral do Paraná, entre outras atrações.
O projeto transformou uma antiga fazenda familiar de Morretes em um parque para crianças e adultos brincarem juntos. Ao todo, o Ekôa Park possui 13 atrativos instalados em cerca de cinco mil metros quadrados, com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre a importância de se preservar a natureza.
A idealizadora do projeto, Tatiana Brandão Perim, explica que a ideia é fazer uma imersão no meio ambiente, mas de um jeito divertido e dinâmico. “É para ser algo divertido de aprender, não aquela coisa maçante de explicar o que todo mundo já sabe. A gente quer que a pessoa entre na mata, sinta os aromas da natureza, o frescor da floresta, e tenha nas atividades de aventura uma imersão no meio ambiente”, conta.

Trajeto

O passeio começa logo na entrada do Ekôa Park, com a exibição de um vídeo em 180º que conta a história da formação e colonização de Morretes. É como se fosse uma cápsula do tempo viajando pelo universo. “A inspiração inicial foi a série Cosmos, de Carl Sagan, onde uma espaçonave percorre o espaço conhecido e de suas janelas vemos a evolução do universo”, explica Olavo Ekman, sócio e artista do Bijari, o estúdio responsável pela projeção.
De lá, uma porta se abre no meio da tela e leva o visitante pelo Corredor dos Sentidos, uma trilha em torno de 100 metros de extensão no meio da mata com os sons e aromas da natureza. Ao longo do caminho estão expostas obras de arte que exploram os cinco sentidos, como a audição, visão, olfato, tato e paladar.
O parque tem 13 atrativos em 5 mil metros quadrados de área construída. Foto: Divulgação.
O parque tem 13 atrativos em 5 mil metros quadrados de área construída. Foto: Divulgação.

Trilhas no meio da mata

É a partir do Corredor dos Sentidos que os visitantes podem conhecer as três trilhas que formam as principais atividades do parque: a do Peabiru, que conta a história do caminho do Peabiru e seus mistérios; a da Mata, mostrando as curiosidades da natureza e a dinâmica das interações do bioma; e a das Aves, com uma torre de observação para os praticantes do birdwatching.
Com exceção das trilhas da Mata e das Aves, a do Peabiru é uma reprodução do caminho percorrido pelos índios sul-americanos para ir do litoral de São Paulo até o Peru – era uma ligação entre os oceanos Atlântico e Pacífico pelo interior do continente. Parte dele passava o Paraná, mas pelos Campos Gerais até o oeste, na fronteira com o Paraguai. Nesta trilha, Tatiana quis mostrar como era o caminho percorrido pelos indígenas, tanto que o trajeto mostra painéis transparentes de acrílico com pinturas que retratam a passagem dos povos pelo Peabiru.
Parte destas trilhas já existia na propriedade da família de Tatiana, e ficou a cargo de um dos trabalhadores, Júlio da Silva Ribeiro, reabrir os caminhos e fazer a manutenção deles. Ele conta que já se deparou com animais silvestres e foi surpreendido pela presença de “aranhas armadeiras e outras espécies, além de já ter visto uma onça pintada, até bateu um certo medo, mas já acostumei com eles”, brinca.
Um dos painéis no meio das trilhas explica a diversidade da mata atlântica. Foto: Guilherme Grandi/Gazeta do Povo.
Um dos painéis no meio das trilhas explica a diversidade da mata atlântica. Foto: Guilherme Grandi/Gazeta do Povo.
Um dos grandes diferenciais do parque é o fato dele estar em meio ao maior trecho contínuo de mata atlântica do Brasil, e todo o passeio é acompanhado por biólogos que vão explicando as particularidades de cada trilha e da própria floresta.
A bióloga Mariana Bassouto explica que esta região corresponde em torno de 2 a 3% de toda a mata atlântica preservada do país. “A fauna aqui tem alguns importantes exemplares de aves silvestres, mas não tanto quanto seria em um ambiente completamente livre da mão do homem”, conta ao ressaltar que já avistou animais como a lontra, a onça parda, e aves como o jacú e o tucano do bico verde.
As trilhas têm diferentes extensões e graus de dificuldade. A principal, que retrata a do Peabiru, é classificada como de grau moderado e possui pouco mais de um quilômetro de extensão. Para percorrer seus 1.190 metros, o visitante leva em torno de uma hora. Já a da Mata é considerada leve e tem 553 metros de extensão, com 40 minutos para ser percorrida. E a das Aves, com o mirante, também é leve, com 925 metros, com uma hora de percurso.
O circuito do Morro da Aventura começa com o arvorismo. Foto: Divulgação.
O circuito do Morro da Aventura começa com o arvorismo. Foto: Divulgação.

Morro da Aventura

Logo após as duas primeiras trilhas está o setor do parque para os mais aventureiros. O Morro da Aventura é um conjunto de três atrações que podem ser percorridas em sequência ou separadas. Para começar, o arvorismo é um caminho de pouco mais de 240 metros que lembra os campos de treinamento do Exército. É como se fosse uma longa ponte do chão ao alto das árvores com diferentes níveis de dificuldade, mas com toda segurança com cabos que seguram o visitante em caso de queda, além do acompanhamento de funcionários treinados para eventuais acidentes.
Ao fim do caminho está a tirolesa, cabo que sai do alto de um morro e desce até a base no chão, passando sobre um dos lagos do parque. É nele que o visitante pode ter a experiência de “voar” ao longo de 160 metros de extensão, também preso por cabos que garantem toda a emoção e segurança.
E logo abaixo dela está a atividade de “bolha humana”, em que o visitante entra e sai andando sobre a água do lago. Ou pelo menos tenta, já que é difícil se manter em pé.
Estas três atividades não estão inclusas no passaporte do parque, e são pagas à parte (veja no serviço no fim da reportagem).

Balão

O passeio de balão sobe a cerca de 40 metros do chão com uma vista única da mata atlântica e da Serra do Mar. Quem gosta de esportes radicais pode fazer uma descida de rapel após o passeio.
No entanto, o passeio de balão só é disponibilizado pelo Ekôa Park com agendamento prévio, e pode ser cancelado no dia dependendo das condições climáticas. Qualquer sinal de chuva ou ventos fortes já provoca o fechamento da atração.
O passeio de balão e o rapel também são cobrados à parte.
O espaço Tekôa é formado por três construções onde são ministradas oficinas de conscientização ambiental. Foto: Divulgação.
O espaço Tekôa é formado por três construções onde são ministradas oficinas de conscientização ambiental. Foto: Divulgação.

Educação ambiental

Além das atividades de aventura, o Ekôa Park também tem uma área dedicada ao aprendizado. O Tekôa é um conjunto de três construções, com aulas e oficinas sobre tecnologias sustentáveis, técnicas construtivas de baixo impacto, plantio e beneficiamento de alimentos. “É realmente um espaço de pedagogia na prática, onde a teoria e a prática se encontram”, explica Tatiana.
São atividades voltadas para crianças e adultos também acompanhadas de especialistas. A engenheira florestal Ana Luiza de Rosa é um deles. Ela conta que o objetivo deste espaço é conscientizar as pessoas sobre a preservação da natureza, com atividades que vão “desde o consumo até o descarte de produtos e do lixo, reciclagem, e tecnologias sobre reaproveitamento da água da chuva e de alimentos”.
Há até um laboratório em que os visitantes podem analisar insetos, alguns invertebrados e plantas através de uma lupa. Outra instalação mostra, através de painéis, como é a produção dos alimentos desde o campo até a mesa, as curiosidades sobre o uso da água no planeta e o uso de recursos naturais pela população.
As oficinas são realizadas diariamente em três horários: 11h, 14h e 16h, e estão inclusas no passaporte do parque.
Os visitantes também podem utilizar o laboratório do Tekôa. Foto: Guilherme Grandi/Gazeta do Povo.
Os visitantes também podem utilizar o laboratório do Tekôa. Foto: Guilherme Grandi/Gazeta do Povo.

Comida, diversão e descanso

Para quem passar o dia todo aproveitando o local, o Ekôa Park possui um restaurante com comidas típicas do litoral do Paraná. O Oka Gastronomia é um espaço que lembra as choupanas indígenas, e serve os clientes no formato de buffet (R$ 67/kg) com pratos sazonais de acordo com a disponibilidade dos ingredientes locais.  Há opções como o barreado, que é típico da região, carne, arroz, feijão, saladas e sucos naturais. O restaurante tem capacidade para atender até 200 pessoas.
Também existe a opção de comprar um kit de picnic para abastecer no buffet e degustar nos espaços próximos, como o gramado em frente e o “redário”, onde há dezenas de redes presas nas árvores para os visitantes descansarem.
Além disso, também há dois playgrounds para as crianças brincarem; diversas intervenções artísticas criadas pelo artista plástico Tony Reis, com elementos da natureza misturando objetos do cotidiano com a mata conservada; e um espaço que está sendo planejado para a realização de shows e atividades culturais.
A bolha humana, atrativo no lago por onde passa a tirolesa. Foto: Divulgação.
A bolha humana, atrativo no lago por onde passa a tirolesa. Foto: Divulgação.

Implantação

O projeto do Ekôa Park, que significa ‘morada’ no tupi-guarani, começou a ser elaborado há quatro anos, entre licenciamento ambiental e investimentos. Foram R$ 5 milhões para a implantação do parque, com a construção da maior parte das estruturas e reforma das já existentes. É uma espécie de projeto de vida da publicitária Tatiana Brandão Perim, que trocou São Paulo por Morretes, onde a família tinha esta propriedade.
A propriedade total tem mais de 250 hectares, mas apenas três deles são usados para atividades.
A obra "homem freado pela natureza", uma das intervenções expostas no parque. Foto: Guilherme Grandi/Gazeta do Povo.
A obra "homem freado pela natureza", uma das intervenções expostas no parque. Foto: Guilherme Grandi/Gazeta do Povo.

Visitas

Além de receber os turistas nos fins de semana, o Ekôa Park também abre as portas para as escolas e empresas nos dias de semana. Para estes públicos, há opções personalizadas de pacotes, e até mesmo de hospedagem para grupos empresariais.
Já para os turistas, os ingressos custam a partir de R$ 60 por pessoa (Morro da Aventura, Balão e Oka Gastronomia são cobrados à parte).
Serviço:
Ekôa Park
Estrada da Graciosa, Km 18,5, São João da Graciosa/Morretes
Horário de funcionamento: sábados, domingos e feriados, das 9h às 17h.
Os ingressos são vendidos no local ou pelo site serraverdeexpress.com.br.
Outras informações estão disponíveis no site do parque.
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