Os passageiros do voo JJ9007 da Latam, que ia de São José do Rio Preto (SP) a Porto Seguro (BA) no último sábado (11), foram surpreendidos pelo pedido da tripulação para que alguns passageiros descessem do avião. O motivo é que a aeronave estava com sobrepeso, o que impedia a decolagem. O voo estava atrasado por conta de uma mudança de ventos na região do aeroporto, e já havia sido cancelado na sexta (10).

O avião, fretado por uma empresa de turismo, decolou 2h30 depois do horário previsto, na tarde de sábado. Pelo sistema de som, a tripulação disse que precisaria que 19 passageiros desembarcassem para que a decolagem pudesse acontecer. Procurada pelo Viver Bem, a Latam informou que as pessoas se apresentaram como voluntárias para descer.

Segundo a empresa, o cálculo do peso das aeronaves é feito por um setor da companhia responsável pelo despacho dos voos, e leva em consideração o modelo da aeronave, a quantidade de passageiros e de bagagens, a estrutura do aeroporto e as condições meteorológicas da região. Uma mudança de ventos no aeroporto de São José do Rio Preto obrigou a empresa a reposicionar a aeronave para decolagem em outra pista, o que mudou o cálculo feito inicialmente.

Ainda de acordo com as informações da empresa, todos os passageiros que desembarcaram receberam assistência, seja com hospedagem, seja com a realocação em outros voos para Porto Seguro.

Depois que a companhia finlandesa Finnair começou a pesar passageiros no momento do embarque para calcular com mais precisão a quantidade de combustível ideal para as aeronaves, o Viver Bem procurou as aéreas brasileiras para falar sobre o assunto.

A Latam informou que “utiliza diversos bancos de dados para calcular o peso médio dos seus passageiros. A base primordial são os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas também são utilizadas outras amostras para encontrar um valor aproximado específico do público que utiliza o transporte aéreo no país, dentre o quais está o peso dos próprios funcionários da companhia”.

Como já tem uma fórmula de cálculo para quantidade de combustível e performance das aeronaves, a Latam garante que, no momento, “não considera essa opção. A companhia já monitora o consumo de combustível de todas as aeronaves e de todos os trechos operados, aplicando fatores de correção constantemente para garantir a segurança de todos os seus voos”.

Já a Gol diz considerar “os dados amostrais e estimativas populacionais obtidas por estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esses dados são publicados nos manuais da companhia e homologados pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC)”.

Além disso, a aérea esclarece que “tem uma equipe altamente treinada e dedicada para fazer o balanceamento de suas aeronaves. Os despachantes operacionais e técnicos são os responsáveis por realizar todos os cálculos necessários para que o voo decole sempre em segurança. A preparação da documentação acontece duas horas antes da decolagem e, para o estudo, diversos fatores são considerados, entre eles o peso médio dos clientes, das bagagens e cargas, entre outros”.

Procurada pela reportagem, a Azul disse que quem poderia falar sobre o assunto seria a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). Por sua vez, a Abear afirma que “cada companhia possui um cálculo para definir o peso médio do passageiro. Não há uma norma setorial (nem mesmo em âmbito internacional) que defina esse dado. Ele varia, inclusive, em função da orientação do fabricante de cada aeronave. Esse cálculo gira em torno de 80kg por passageiro. O número pode variar também de acordo com as estatísticas de cada companhia, por rota, com o histórico de peso total de decolagem que aquele voo possui. Por isso, o cálculo segue o mesmo processo, inclusive depois da mudança nas regras de bagagem”.

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