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Procura por roteiros literários no Recife subiu 30%, diz prefeitura. Foto: Thiago Japyassu/Unsplash.
Procura por roteiros literários no Recife subiu 30%, diz prefeitura. Foto: Thiago Japyassu/Unsplash. | Foto:

Quem vai ao Recife não deixa de visitar pontos turísticos famosíssimos, como o Marco Zero, centro histórico e a praia de Boa Viagem. Mas existem roteiros até então menos conhecidos que estão caindo nas graças dos turistas: os passeios ligados à vida e obra de escritores que nasceram ou viveram na cidade.

Segundo dados da prefeitura, nos últimos seis meses, aumentou em 30% o total de turistas inscritos nessas rotas que homenageiam Manuel Bandeira, Clarice Lispector, Ariano Suassuna e Gilberto Freyre — os autores são temas de roteiros oficiais e gratuitos, que acontecem uma vez por mês como parte do programa Olha!Recife.

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Segundo Bráulio Moura, gerente de projetos turísticos da Secretaria de Turismo do Recife, a programação até o fim do ano já foi decidida: nesta quarta-feira (15 de agosto),  por exemplo, o roteiro seguirá os passos do poeta Ascenso Ferreira (1895-1965) pela cidade.

Em setembro, será a vez do também poeta Carlos Pena Filho (1928-1960) e em outubro, a de Manuel Bandeira (1886-1968).

“É uma maneira de as pessoas se apropriarem da cidade a partir da literatura e criarem uma relação afetiva, para gerar preservação”, diz Moura.

Pelos versos de Bandeira

Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação. | GAZETA

Alguns pontos estão abertos para visitação também fora dos passeios: o sobrado número 263, da rua da União, casa do avô de Bandeira, onde o poeta passou a infância, por exemplo, virou o Espaço Pasárgada.

De segunda a sexta, sempre das 9h às 15h, o turista pode visitar a biblioteca do local, que conta com manuscritos e edições originais dos livros do escritor. Ainda há uma curiosidade exposta: os óculos que pertenceram a Bandeira.

“…Rua da União / Como eram lindos os nomes das ruas da minha infância / Rua do Sol / Tenho medo que hoje se chame do Dr. Fulano de Tal / Atrás de casa ficava a rua da Saudade, onde se ia fumar escondido…” O trecho, do poema “Evocação do Recife”, é um passeio pela cidade da infância do poeta, ainda desconhecida por boa parte dos recifenses.

Na rua da Aurora, pertinho da rua da União, a estátua de Manuel Bandeira foi fincada à beira do rio Capibaribe. Já no passeio guiado pela prefeitura, que conta com atores, os turistas ainda passam pela casa onde o escritor nasceu, na avenida Joaquim Nabuco, no bairro da Capunga.

Hoje, o imóvel, que já foi um bar, funciona como anexo de uma universidade particular.

O passeio acaba na rua São Francisco de Paula, no bairro da Caxangá, onde há casarões do século 19. Vale a visita ao ateliê de esculturas do artista Genézio Gomes.

Homenagens para Clarice

Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação. | GAZETA

No centro do Recife, na esquina da rua do Aragão com a travessa do Veras, fica o sobrado antigo de número 387, onde Clarice Lispector (1920-1977) viveu dos 2 aos 14 anos, quando sua família se transferiu para o Rio de Janeiro. O imóvel, fechado para visitação, pertence à Santa Casa. No ano passado, a Fundarpe (Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco) abriu um processo para tombamento da casa, que ainda não tem previsão para ser concluído. Há apenas uma placa indicando que ali morou, entre 1925 e 1937, uma das escritoras mais importantes do modernismo brasileiro.

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Há outras duas marcas de Clarice Lispector no Recife. A praça Maciel Pinheiro, em frente ao sobrado, abriga uma estátua dela com uma máquina de escrever no colo. A escola pública Ginásio Pernambucano, na rua da Aurora, onde ela estudou, recebe visitantes.

Freyre noturno

Gilberto Freyre (1900-1987), autor de “Casa Grande e Senzala”, ganhou um roteiro caprichado. Aos sábados, sempre às 20h, há um passeio noturno de catamarã pelas águas do rio Capibaribe, cujo percurso é baseado em sua obra “Assombrações do Recife Velho”.

A excursão dura aproximadamente uma hora e meia. Os ingressos custam R$ 60 para adultos e R$ 10 para crianças de até dez anos. Há cem vagas.

“O Recife tem um potencial muito grande para contar histórias. Temos patrimônio histórico espalhado por tudo que é canto. A gente precisa se apropriar disso para que a próxima geração possa usufruir melhor. O bairro do Recife, por exemplo, é um museu a céu aberto”, diz Gilberto Freyre Neto, coordenador-geral de projetos na Fundação Gilberto Freyre.

Também há um passeio em homenagem a Ariano Suassuana (1927-2014), que tem tem início no Teatro Arraial, na rua da Aurora, inaugurado pelo escritor em 1997, quando exercia o cargo de secretário de Cultura na terceira gestão do governador Miguel Arraes.

Foto: Leo Martins / Agencia O Globo.
Foto: Leo Martins / Agencia O Globo.| Agência O Globo

De lá, os turistas podem conhecer o parque de Santana, que hoje leva o seu nome. Ao lado, na rua do Chacon, no Poço da Panela, fica a casa onde Suassuana morou com sua mulher, Zélia, até a morte dele. Do portão de ferro, é possível avistar obras de arte no quintal.

No Recife, há ainda o Circuito da Poesia. São 17 estátuas de bronze de vários poetas, escritores e músicos espalhadas por toda a cidade.

Confira os dias e horários dos próximos roteiros:

22 de setembro – roteiro baseado em Carlos Pena Filho; 14h às 16h30; saída da praça do Arsenal

20 de outubro – roteiro baseado em Manuel Bandeira; das 14h às 16h30; saída da praça do Arsenal

17 de novembro – roteiro baseado em Solano Trindade; saída da igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, no bairro de Santo Antônio

Sempre aos sábados – Passeio de catamarã noturno baseado no livro ‘Assombrações do Recife Velho’. Todos os sábados, às 20h; R$ 60 para adultos e R$ 10 para crianças de até 10 anos; embarque no restaurante Catamaran, no bairro de São José; tel. (81) 3424-2845.

Espaço Pasárgada: Rua da União, 263; de segunda a sexta, das 9h às 15h; entrada gratuita; tel. (81) 3184-3165

Casa de Clarice Lispector: Rua do Aragão, 387, esquina com a travessa do Veras, ao redor da praça Maciel Pinheiro

As inscrições para os passeios podem ser feitas pelo site Olha Recife!

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