Turismo

Glamping: acampamento com conforto de hotel começa a crescer no Brasil

Guilherme Grandi
02/04/2018 17:00
Thumbnail

Glamping é a junção das palavras 'glamour' e 'camping', que nada mais é do que acampamento de luxo. Um deles é o Parador Casa da Montanha, no Rio Grande do Sul. Foto: divulgação.

Chuveiro privativo com água quente, serviço de quarto e cama confortável dentro de uma barraca: em um primeiro momento, a ideia de acampar com todos os apetrechos de um hotel pode parecer completamente antagônico, já que os campings passam longe de ter muito conforto. Mas, levar turistas mais exigentes para o meio do mato com todo o conforto da cidade grande é uma tendência já concreta em outros países, e que está começando a tomar corpo no Brasil.
É o chamado glamping (junção das palavras em inglês glamour e camping), que nada mais é do que acampar com glamour ou conforto. Este tipo de hospedagem já existe há tempos em outros países, mas o Brasil começou a ver potencial no começo dos anos 2000.
O mercado ainda é pequeno: são apenas 13 estabelecimentos espalhados pelas regiões norte, nordeste, sudeste e sul, próximos de parques nacionais e praias quase desertas.
Alguns deles levam o conceito de glamour ao pé da letra, já outros são mais rústicos e oferecem serviços de pousadas. O presidente da Associação Brasileira de Turismo de Luxo, Guilherme Padilha, afirma que, apesar das diferenças, todos eles se encaixam na categoria de glamping. “Embora a maioria das acomodações daqui não seja classificada como luxuosa, eles estão na categoria de glamping pelo nível de conforto e serviços ofertados, com excelente estrutura em locais remotos”, explica.
O Korubo é um campo de safari no Jalapão. Foto: divulgação.
O Korubo é um campo de safari no Jalapão. Foto: divulgação.

O veterano

O glamping começou a ser explorado no Brasil há 17 anos, quando o empresário Luciano Kohen abriu o Safari Camp Korubo, no Parque Estadual do Jalapão (Tocantins). Ele costumava acampar muito com o pai no estilo ‘raiz’, com barraca no meio do nada. No entanto, após conhecer locais fora do país, Korubo viu que poderia levar o camping para outro patamar.
Luciano conta que as pessoas que costumam viajar muito estão em busca de novas experiências que não sejam apenas a de hotel. “E acampar é algo que muitas delas nunca viveram por medo do desconhecido, de montar uma barraca no meio do nada sem um banheiro limpo e privativo, por exemplo, ou por que nunca tiveram alguém que incentivasse esse contato mais próximo com a natureza”, explica.

Clientes

Para ele,  as pessoas que buscam pelo glamping geralmente são viajantes experientes, mas que querem ter uma experiência de “menos é mais”. No Korubo, ele mantém 15 barracas grandes já montadas e resistentes, com camas confortáveis, farto café da manhã, almoço e jantar, banheiro privativo com água quente e amenidades de hotel. Entre os programas oferecidos estão rapel pelos paredões do parque, trilhas e tirolesa, além de luaus sob as estrelas.
E a experiência de um ‘camping selvagem’ já começa na chegada. O Korubo fica às margens do Rio Novo, um local de difícil acesso que só é acessível por veículos 4×4. “É um desafio para pessoas que não estão acostumadas a esse tipo de hospedagem”, conta. Os pacotes do Korubo começam em R$ 2.300 por pessoa.
O frio de Cambará do Sul fez as barracas serem adaptadas para aquecerem os hóspedes. Foto: divulgação.
O frio de Cambará do Sul fez as barracas serem adaptadas para aquecerem os hóspedes. Foto: divulgação.
Do norte ao sul
Já no outro extremo do país, no Rio Grande do Sul, está o Parador Casa da Montanha, na cidade de Cambará do Sul.
Aberto em 2001, o camping foi pensado para turistas que buscam o frio europeu sem sair do Brasil.
O diretor de marketing do Parador, Rafael Peccin, explica que o hotel utiliza 19 barracas e cabanas térmicas feitas de madeira e lona, resistentes ao frio e de baixíssimo impacto ambiental. “É o único hotel de barracas térmicas do Brasil, desenvolvidas especialmente para a região. Além da experiência de hospedagem, a gastronomia valoriza os ingredientes e a cultura do Rio Grande do Sul”, conta.
A ideia é fazer com que os clientes se “desconectem” do mundo, contemplando a natureza e também utilizando alguns serviços — um dos mimos oferecidos é o cardápio de tratamentos especiais no Spa Loccitane. As diárias no Parador Casa da Montanha custam em média R$ 850, com café da manhã.

Praias quase desertas

A Butterfly House é um conjunto de chalés na Bahia. Foto: divulgação.
A Butterfly House é um conjunto de chalés na Bahia. Foto: divulgação.
Na baía do Rio Orojo em Maraú (BA) está o Butterfly House, um pequeno complexo de cabanas com o mais alto glamour no meio de uma vila de pescadores. O local, a 250 quilômetros de distância de Salvador, oferece diversas modalidades de passeios tanto no litoral como na mata da região.
Há ainda piscina, restaurante e serviço de quarto, e as diárias começam em R$ 1.175.

Tendência

Os empresários afirmam que as mulheres e os casais são os principais hóspedes deste tipo de experiência. São pessoas geralmente acima dos 28 anos, sozinhas ou acompanhadas de amigos e familiares. “Elas procuram uma viagem diferente, para sair do costume de hotel com ar condicionado, cama confortável com tudo facilmente acessível”, conta Luciano Cohen, do Safari Camp Korubo.
Embora as opções de glampings estejam disponíveis em praticamente todas as plataformas de reservas de hotéis, é no site Glamping Hub que são encontradas também as mais exclusivas e privativas. Lá estão chalés, barracas, iglus, casas na árvore e mais uma infinidade de opções.
LEIA TAMBÉM: