Turismo

A grande (e eterna) beleza de Roma

Andrea Torrente
14/03/2015 15:25
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No filme A Grande Beleza, vencedor do Oscar em 2014, o diretor Paolo Sorrentino mostra duas faces contraditórias de Roma: a decadência moral dos romanos contraposta à beleza arquitetônica e histórica da cidade. O turista que peregrinar pela capital da Itália provavelmente nem perceberá o lado “escuro” da cidade, mas certamente se encantará com o esplendor das praças milenares, das vielas dos bairros boêmios, das imensas salas dos museus, das refinadas igrejas e dos arrojados monumentos que embelezam cada esquina.
Além da grandiosidade da arquitetura, Roma oferece paisagens de tirar o fôlego do topo de suas colinas, que ficam bem no centro da cidade. Passeando pela capital italiana, quase sem perceber, você se encontrará no alto de algum deles. Dá para avistar os campanários das inúmeras igrejas, o celebre “cupolone” da Basílica de São Pedro e admirar espetaculares cenários e o pôr-do-sol sobre o rio Tibre.
Momento de contemplação: pôr-do-sol sobre o rio Tibre. Foto: Mariana Quintana
Momento de contemplação: pôr-do-sol sobre o rio Tibre. Foto: Mariana Quintana
Conhecer Roma, porém, exige planejamento. É tanta coisa para ver que você precisa definir um itinerário, para otimizar seu tempo. Se for sua primeira viagem a Roma, saiba que para visitar os pontos turísticos mais importantes da cidade (veja abaixo os “must see”) você vai precisar de pelo menos cinco dias. Mas se você já esteve na cidade, aproveite a nova estada para conhecer regiões que fogem do roteiro mais turístico. Vá ao Gueto Romano, um dos bairros judeus mais antigos do mundo e passeie pelo Portico d’Ottavia, um belo complexo monumental da época do Império Romana. Pare em algum restaurante para saborear o caldo de peixe, uma especialidade culinária desse bairro.
O Portico d’Ottavia é uma joia romana pouco conhecida. Fotos: Divulgação
O Portico d’Ottavia é uma joia romana pouco conhecida. Fotos: Divulgação
Pouco adiante, o Teatro di Marcello também merece uma visita. O edifício é uma pequena cópia do Coliseu, que ao longo do tempo foi se integrando com construções de períodos sucessivos. Uma verdadeira pérola arquitetônica, a poucos metros da Piazza Venezia, onde surge outro edifício imperdível: o Altar da Pátria, monumento em honra a Vítor Emanuel II, primeiro rei da Itália.
Carciofo alla Giudia (chips de alcachofra frita), servido no restaurante Grazia & Graziella.
Carciofo alla Giudia (chips de alcachofra frita), servido no restaurante Grazia & Graziella.
A riqueza de Roma está também na gastronomia. Quem é bom de garfo tem a obrigação de se dedicar a descobrir a tradicional culinária local. Experimente os clássicos espaguete alla carbonara e bucatini alla matriciana. Pode ter certeza de que lá eles têm outro sabor. Ambos os pratos são à base de guanciale, peça bastante saborosa retirada da bochecha do porco, e pecorino romano, queijo de ovelha muito marcante ao paladar. Mais típico do que isso não há.
Pitoresca
Muitas vezes escondido pela magnificência de suas construções, Roma oferece também um lado bem pitoresco. Para conhecê-lo, enfie-se nas vielas do Rione Monti e do Trastevere, bairros boêmios da cidade. O primeiro fica na região do Fori Imperiali, próximo ao Coliseu, e se estende entre a Via Nazionale e a Via Cavour: abriga oficinas artesanais, lojinhas que remetem ao século 19, além de muitas trattorias, cantinas típicas, e bares. A praça de Madonna dei Monti é o epicentro da região. Procure o restaurante La Cicala e La Formica (Via Leonina, 17), que têm preços econômicos e um cardápio enxuto à base de especialidades mediterrâneas: peça um espaguete com peixe espada e radicchio (13 euros) ou um ravióli de peixe e abobrinha (14 euros).
Uma das charmosas vielas do bairro Trastevere.
Uma das charmosas vielas do bairro Trastevere.
O bairro Trastevere, que em latim significa “além do rio Tibre”, tem perfil similar ao do Rione Monti. Porém, diferentemente do primeiro, goza de fama internacional e atrai turistas estrangeiros. Não deixa de ser um lugar interessante e charmoso, perfeito para um happy hour ou jantar. Uma boa sugestão é o restaurante Grazia & Graziella (Largo M.D. Fumasoni Biondi, 5), que une tradição e criatividade. Experimente como entrada o carciofo alla Giudia (chips de alcachofra frita, 5 euros) e em seguida vá de saltimbocca alla romana, bifes de vitela servidos com fatias de presunto cru (14 euros).
Colinas
Afaste-se do labirinto de ruas e praças do centro histórico e admire o panorama do alto, com as construções nos tons pastéis e as inúmeras cúpulas das igrejas. São tantas que você dificilmente vai conseguir contar todas que estão ao alcance da vista. Escale o Colle Gianicolo, colina próxima ao Vaticano, para ter uma visão completa da cidade. Do topo da basílica de São Pedro, a imponente colunata do Vaticano, projetada por Gian Lorenzo Bernini abraça Roma.
O Colle Pincio visto a partir da Piazza del Popolo: outra colina que permite uma visão completa da Cidade Eterna. Fotos: Divulgação
O Colle Pincio visto a partir da Piazza del Popolo: outra colina que permite uma visão completa da Cidade Eterna. Fotos: Divulgação
Menos famoso que os outros mirantes, o Colle Pincio oferece uma magnífica vista sobre Piazza del Popolo, praça onde surgem três belíssimas igrejas, uma em frente à outra. Da Piazza del Campidoglio, onde se ergue o edifício da prefeitura, dá para fotografar o sítio arqueológico do Fori Imperiali, com seus templos em ruínas. Depois do clique, feche os olhos e tente imaginar como devia ser a vida na Roma Antiga.
MUST SEE
Confira os cartões-postais obrigatórios da Cidade Eterna:

Basilica di San Pietro e Musei Vaticani
Foto: Mariana Quintana.
Foto: Mariana Quintana.
Perca-se nos corredores do museu repletos de pinturas, afrescos e estátuas até chegar à Cappella Sistina. Na basílica, vale também a pena subir na cúpula (tem preço extra) para admirar a paisagem da Praça de São Pedro.
Tempo: 6 horas
Custo: 16 euros (biglietteriamusei.vatican.va)
Coliseu e Fori Imperiali
Entre ruínas milenares, você vai respirar a atmosfera da Roma Antiga. O mesmo ingresso permite a visita dos dois sítios. Para pular a fila na bilheteria, compre o ingresso pelo aplicativo do celular. O tour guiado é caro, mas os audioguias saem bem mais baratos e fornecem as informações para aproveitar ao máximo a visita à construção.
Tempo: 4 horas
Custo: 12 euros (14 euros na compra online).
Piazza di Spagna e Piazza Navona
Duas das praças mais célebres do mundo estão em Roma e, inclusive, ficam perto uma da outra: a Piazza di Spagna, com a Igreja de Trinità dei Monti no alto da escadaria; e a Piazza Navona (foto), projetada por Bernini no século 17, onde está o palácio ocupado hoje pela Embaixada do Brasil e a majestosa igreja barroca de Sant’Agnese in Agone.
Tempo: 2 horas
Surgiu como monumento funerário, depois virou fortaleza, em seguida se tornou uma prisão e enfim uma residência renascentista. Ou seja, tem muita história para contar. Do topo dá para admirar o rio Tibre e suas fascinantes pontes. Vale a pena subir na hora do pôr-do-sol. No interior, há um museu com quadros, esculturas e peças reunidas a partir do século 15.
Tempo: 2 horas
Custo: 7 euros.
Pantheon
“Templo de todos os deuses”. Este é o significado do nome do local, que foi iniciado pelo imperador Adriano em 118 d.C. Em seguida, foi convertido em basílica cristã e hoje é um dos pontos turísticos mais visitados da cidade. A construção caberia numa esfera perfeita, pois sua altura é igual ao diâmetro — ambos medem 43,44 metros. Abriga vários túmulos, entre eles, os dos reis da Itália.
Tempo: 1 hora
Custo: gratuito (o audioguia custa 5,50 euros).